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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

MÊS DE CACHORRO LOUCO

Foi num mês como este, agosto, num domingo dia 15, há cem anos, que o militar, engenheiro, jornalista e escritor carioca Euclides da Cunha, autor da obra-prima Os Sertões, caiu morto após uma troca de tiros com o cadete, depois tenente e general Dilermando de Assis.
Sete anos depois, Euclides da Cunha Filho, com 19 anos, tentou vingar a morte do pai e também caiu morto pelas balas assassinas do mesmo Dilermando.
Ciúmes e traições não escolhem vítimas.
Foi sempre assim, ainda é e será. E não interessa se o sujeito é rico ou pobre, branco ou preto, analfabeto ou intelectual como Euclides, que até presidir presidiu interinamente os destinos da Academia Brasileira de Letras no lugar do seu fundador, Machado de Assis.
Mas essa é outra história.
O tema traição já foi desenvolvido zilhões de vezes de todas as formas e em todas as línguas, desde que homem é homem e mulher é mulher.
Há uma dica na tábua dos dez mandamentos: não cobiçar a mulher do outro... Mas cobiça-se!
Dilermando cobiçou a mulher de Euclides e o resto se sabe. Importante, porém, é que ele legou à posteridade uma obra sem igual, sem a qual não se entenderia Canudos.
O arraial de Canudos, no norte da Bahia, caiu nos fins do século XIX pela força bruta do Exército comandado pelo general Artur Oscar de Andrade.
Euclides escreveu, no seu livro mais famoso:
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores (...) Um velho, dois homens feitos e uma criança na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados...”.
Até hoje Canudos e o seu líder, o cearense Antônio Conselheiro, são cantados em verso e prosa por poetas eruditos e populares, como João Melchíades, Apolônio Alves dos Santos, Patativa do Assaré, Leandro Tranquilino, Ivanildo Vila Nova, Antônio Queiroz de França, Klévisson Viana; e também por compositores da nossa música, como João da Bahiana (samba Cabide de Molambo), em 1931; Almirante e Luiz Peixoto (toada Pai João), em 1932.
Até o romancista peruano Vargas Llosa escreveu um livro sobre a insurreição popular na Bahia: A Guerra do Fim do Mundo.
N´O Clarim e a Oração, Cem Anos de Os Sertões, organizado por Rinaldo de Fernandes e editado pela Geração Editorial em 2002, escrevi que já há mais de 50 músicas a Canudos e a Conselheiro, inúmeros folhetos de cordel, filmes e peças para teatro.
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POUCAS E BOAS

- O Senado brasileiro continua em brasa.
Ontem Suplicy se destemperou e deu cartão vermelho ao rei do Maranhão, que no palco falava de Euclides da Cunha, como se tudo estivesse na santa paz de Deus.
- Crise braba na Receita Federal se alastra que nem estopim aceso, enquanto o ministro Mantega, da Fazenda, diz, como Lula, que tudo está bem. Ora, ora, agora são mais não sei quantos os auditores que pediram demissão dos cargos de confiança que ocupavam.
- E o amigo Belchior, hein? Agora virou notícia no The Guardian.

3 comentários:

  1. ARIEVALDO VIANA diz:

    Pois é Assis, os poetas populares, deste os tempos de Leandro Gomes de Barros, têm verdadeira hojeriza ao mês de agosto, sempre citado como o mês do mau augúrio. No folheto o Boi Misterioso, de Leandro, encontra-se essa estrofe:

    Vinte e quatro de agosto
    Uma data duvidosa...
    Dia em que o diabo se solta
    E pode dizer uma prosa
    Nesse dia foi o parto
    Da vaca misteriosa.

    Em José Pacheco, na PELEJA DO CANTADOR DE COCO COM O DIABO, acha-se esta estrofe:

    A vinte e quatro
    Do oitavo mês do ano
    Todo pessoal romano
    Teme a São Bartolomeu
    Não se vende,
    E nem pode se comprar
    Quem inventou de caçar
    Lá na mata se perdeu...

    ResponderExcluir
  2. ARIEVALDO VIANA diz:

    Pois é Assis, os poetas populares, desde os tempos de Leandro Gomes de Barros, têm verdadeira hojeriza ao mês de agosto, sempre citado como o mês do mau augúrio. No folheto o Boi Misterioso, de Leandro, encontra-se essa estrofe:

    Vinte e quatro de agosto
    Uma data duvidosa...
    Dia em que o diabo se solta
    E pode dizer uma prosa
    Nesse dia foi o parto
    Da vaca misteriosa.

    Em José Pacheco, na PELEJA DO CANTADOR DE COCO COM O DIABO, acha-se esta estrofe:

    A vinte e quatro
    Do oitavo mês do ano
    Todo pessoal romano
    Teme a São Bartolomeu
    Não se vende,
    E nem pode se comprar
    Quem inventou de caçar
    Lá na mata se perdeu...

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