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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O COMÉRCIO DA VIOLÊNCIA

Os programas de televisão de coloração assustadora, inspirados no velho e sangrento Notícias Populares palistano dos anos 70/80, como o diário do começo da noite da Band e o seu similar de final de tarde da Record, e também um pouco o SPTV 2ª edição da Plim, Plim no ar no dia-a-dia à boca da noite pra quem quiser curtir, e outros mais que fazem da violência e morte cotidianas a vida deles próprios, têm me deixado pasmo, perplexo, dando a entender pelo medo que a vida dentro de casa é melhor do que a vida fora de casa. Noutras: que o cidadão de paz e ficha limpa no cartório anda preso no seu lar, enquanto o "outro" anda à solta cometendo horrores absurdos.
Poxa! Isso não é bom.
Precisamos é praticar mais e mais o salutar exercísio do ir e vir assegurado na Constituição Federal, Título II, Capítulo I, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Art. 5º, no qual é dito que somos "Todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza" etc.
Um amigo e conterrâneo de nome Geraldo me disse há uns trinta anos, em tom de alerta, que iríamos um dia chegar a esse ponto louco, o da desigualdade e do medo coletivos provocados pelo desrespeito e pela violência insana; essa, por si só, um produto de comércio muito valorizado no mundo cão, que é logo ali na esquina...
Resumo: violência gera violência, como sambemos, e como produto de troca e venda a alguém sempre interessa e beneficia.
Mas eu continuo chegando e saindo, até porque não rezo pela cartilha do isolamento social.
Não sou um Trevisan, não sou um Salinger.
Prefiro falar com as pessoas, tocá-las, rir, bricar, sair por aí.
Enfim, prefiro o risco de viver perigosamnte, como dizia Guimarães pela boca de Riobaldo.
Somos sertões em multidão, nordestes em cada peito.
Aliás terça anteontem 22 estive em São José dos Campos, interior paulista, 30ª cidade em grandeza do País, palestrando sobre o Nordeste em Sampa.
Foi legal.
Fui recebido por gente bonita, como Osvaldo, Cida, Fernando e Reginaldo Poeta Gomes paraibano como eu, que está lançando O Encontro Mágico do Pólen, livro que se ler num pulo. À página 71: "Portas/Janelas/Telhas./A vida é uma casa mobiliada/de dessvisos e incertezas".
Pois bem, faço esse arrodeio todo pra falar de uma mãe desesperada pelos atos de um filho de 14 anos. A mulher gritava, chorava enquanto mostrava a mão calejada ao delegado como prova de que era uma pessoa direita, trabalhadora e que tudo o que o filho pedia, ela dava com o maior gosto e carinho.
Até o que não podia dar, ela dava. O par de tênis importado que o danado do filho carregava nos pés, por exemplo. E aí a tristeza gigante: o moleque foi pego assaltando gente na rua, ao lado de más companhias...
Confesso, a cena me trouxe um nó na garganta que ainda insiste ficar.
Deus do céu, isso é o que deve ser o fim do mundo!

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