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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

É PAU, É PEDRA/É PLÁGIO/É O FIM DO CAMINHO...

Leio no jornal que sítio de Tom Jobim, compositor e músico carioca nascido nos miolos americanos, talentoso que só, e de mil manhas, some na lama em São José do Vale do Rio Preto, área das serras do Rio atingida pela tromba d´água descomunal que engoliu inocentes e pecadores há poucos dias, deixando no rastro destruição e medo medonhos, impossíveis de serem esquecidos, pelo menos, nos próximos cem anos.
Mas o que me chamou a atenção na tragédia não foi isso.
E também não foi o fato de ele, Tom, gostar de passar férias lá no sítio dele e receber, naturalmente, com honras e canas pra bate-papos amigos e informais de bossa nova o esquisito João Gilberto.
Sim, ele mesmo: o das caretinhas engraçadas de Bim, Bom, que não citou Gonzaga mas fez baião; mesmo um "baiãozinho"...
O que me chamou a atenção, na verdade, foi a informação incorreta de que ele, Tom, compôs lá, no sítio dele, pelo menos três músicas: Águas de Março, Dindi e Matita Perê.
Tom até pode ter composto Dindi e Matita Perê lá, no sítio, mas Águas de Março, não.
No máximo, ele, Tom, teve o trabalho apenas de re-arranjar a música que ficaria famosa no mundo e pôr o seu nome no crédito como ilustração.
Explico melhor: essa música é do nosso rico balaio folclórico, adaptada por Inara Simões de Irajá; com arranjo do maestro Antônio Sergi, o Totó, autor do Hino do Palmeiras, lançada originalmente em 1956, no LP 5 Estrelas Apresentam Inara.
Nesse disco, uma das “estrelas” é a norte-americana de Santos, SP, Leny Eversong.
Eversong canta com o purismo dos anjos... Águas do Céu.
Águas do Céu tem a ver com Águas de Março.
Os versos iniciais dizem:
“É chuva de Deus/É chuva abençoada/É água divina/É alma lavada...”.
O ritmo é um pouco mais levado do que a música assinada por Tom.
Só.
Um dos meus poucos amigos mais antigos, seu José, lembra que essa música tem origens num ponto de macumba dos anos de 1930, que diz, e ele cantarola:
- É pau, é pedra/Seixo miúdo/Roda baiana por cima de tudo... Pois é, 1938, Carlos Galhardo:


Vou dar uma remexida no meu acervo e voltarei ao assunto.
Pois, pois.
Lembrando, antes: Villa-Lobos, grande maestro procurou no folclore a riqueza do País.

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