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quarta-feira, 23 de março de 2011

RACHEL SHEHEZARADE, JORNALISMO E CARNAVAL

Nestes tempos bicudos de tanta encrenca, dor e morte nas terras áridas do misterioso mundo árabe, uma lembrança de meus tempos de menino na capital da Parahyba do Norte, onde nasci, vem à tona: as belíssimas e quase sempre trágicas histórias das mil e uma noites adaptadas em línguas várias por quase todo mundo, incluindo o carioca Júlio César de Melo e Sousa, o imortal Malba Tahan, autor de clássicos como O Homem Que Calculava.
São inesquecíveis as histórias inventadas e recontadas por Tahan.
Scheherazade, Cherazade, Sheherazade ou Scheherazada me marcou profundamente.
E não poderia ser diferente.
Os textos são ótimos.
Xerazade, como escrevíamos e pronunciávamos, era uma jovem corajosa, alegre, inteligente e tudo o mais.
Era não é, pois personagens como ela jamais serão esquecidos, jamais morrerão ou cairão no limbo, no ostracismo, sem me entendem.
Na milenar história sem dono que milhões de pessoas já leram em tantas línguas e que ainda lerão, Schehezarade seria a próxima vítima de um sultão sem alma nem coração que vivia de mal com a vida pelo fato de ter sido traído pela primeira mulher com quem contraíra núpcias.
Tresloucado, o nobre sultão Sharhyar ou Chariar, seu nome na história de muitas noites, passou a se satisfazer decretando a morte por decapitação das virgens que por uma noite desposava.
Um horror!
Era a sua vingança.
Um dia, lhe chega às mãos a filha de um vizir.
Chamava-se Scheherazade, Cherazade, Sheherazade ou Scheherazada.
Xerazade era uma grande contadora de histórias.
As histórias que ela contava eram tristes e cheias de suspenses, mas belíssimas.
Apaixonou-se o nobre por ela.
Mas não é sobre essa encantadora Xerazade de quem quero falar agora.
Quero falar é de outra Shehezarade, uma conterrânea de João Pessoa que conheci através do amigo Onaldo Rocha de Queiroga, sensível e conciliador juiz de Direito da Comarca da terra onde nasci.
Onaldo me levou aos estúdios da TV Cabo Branco para ser entrevistado por ela, Sheherazade, num jornal local de meio-dia, ao vivo.
Gostei.
E vi nela o óbvio ululante, como diria o velho Nélson Rodrigues: uma grande jornalista.
Inteligente, simpática e observadora; rápida nas perguntas e conclusões.
Essa Sheherazade não me contou histórias.
Ao contrário, ela me provocou a fazer isso sobre música e futebol, já que eu estava, na ocasião, lançando o livro A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira.
Gostei tanto de ser entrevistado por ela, que pedi a Onaldo, em vão, uma cópia do que fora ao ar.
Bem, o mesmo Onaldo me conta agora que a referida conterrânea, de prenome Rachel, há pouco encantou meio mundo ao expressar a sua opinião a respeito do carnaval brasileiro, que não é brasileiro coisa nenhuma. E nem do povo, que paga o que não pode para assistir humilhantemente na linha de cordão de isolamento aos desfiles de escola de samba e outros ritmos nos dias de Momo.
Resultado: a Sheherazade paraibana acaba de ser contratada pelo empresário Sílvio Santos para ser âncora do seu SBT, cá em Sampa.
Sílvio não é besta não, meu senhor!
Parabéns Rachel Sheherazade, o seu talento é o seu passaporte.
Sucesso!

PS - Na foto que ilustra este texto, feita por Andrea Lago na sede da Fundação José Américo, em João Pessoa, aparecem o poeta improvisador Oliveira de Panelas e a sua companheira. o artista plástico Miguel dos Santos e a sua companheira, Onaldo Rocha e eu.

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