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quarta-feira, 16 de maio de 2012

BANDIDO DA LUZ VERMELHA, LUNA E ASA BRANCA

Numa parte mais para o fim do filme rebobinado para DVD O Bandido da Luz Vermelha, do gaúcho Rogério Sganzerla (1946-2004), ouve-se o rei do baião Luiz Gonzaga cantando a bela toada Asa Branca que fez em parceria com o cearense Humberto Teixeira em fins de 1946, gravada no começo do ano seguinte.
No filme, um premiado policial da safra de 1968, hoje cult considerado o melhor do gênero, aparece também o rei do bolero Roberto Luna (abaixo) interpretando o cantor chileno Lucho Gatica, afilhado e babão do político corrupto J.B. da Silva, vivido por Pagano Sobrinho.
J.B. na pele de Pagano diz uma frase curiosa.
Uma não duas.
A primeira:
- Viva a pobreza!
A segunda:
- Um país sem miséria é um país sem folclore, e um país sem folclore o que podemos mostrar ao turista?
De lascar, não é?
Luz Vermelha foi um bandido que praticou uma onda de crimes de morte, assaltos e estupros na capital de São Paulo. Foi preso no dia 8 de agosto de 1967. Seu nome verdadeiro era João Acácio Pereira da Costa. Condenado a 351 anos, nove meses e três dias de prisão, cumpriu 30 anos e foi solto na noite de 26 de agosto de 1997 e assassinado quatro meses e 20 dias depois, durante briga num bar de Joivile, SC, a terra onde nasceu no ano de 1942.
Eu o entrevistei (foto acima) no Manicômio Judiciário do Estado de São Paulo, o Juqueri, 15 anos antes de ele ser solto.
A entrevista foi publicada na revista Polícia Magazine, Ano I, nº 8.
João Acácio começou falando:
- Vivi a vida enquanto pude, não me arrependo de nada do que fiz ou deixei de fazer. Sou passado, não gosto de falar do passado. O que passou, passou.
A primeira pergunta que lhe fiz foi esta:
- E sobre o Bandido da Luz Vermelha, o que é que diz?
Ele:
- Nada. Ele também passou. O Bandido da Luz Vermelha morreu numa câmara de gás, logo depois que o prenderam lá em Curitiba. Agora eu sou santo, autor da Bíblia Sagrada e defensor da Nação. E ai de quem não acreditar no que digo!
Ao fim da entrevista, ele me deu uma carta escrita à mão pedindo que eu a entregasse ao general-presidente João Baptista Figueiredo.

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