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domingo, 10 de dezembro de 2017

A CANONIZAÇÃO DE AUDÁLIO DANTAS




Audálio Ferreira Dantas
Jornalista, cidadão
Lutador de boas lutas
Na cidade e no sertão
Nascido em Tanque D'Arca
Pra orgulho desse chão 

Da safra de trinta e dois
Desbravou sertão e mar
Mostrando como se faz
Dos perigos escapar
Audálio sabe bem
O bem que dá ensinar
(Assis Ângelo) 




Audálio Dantas e suas família, durante a premiação.
Não são muitos os brasileiros que chegam serelepes aos 85 anos de idade. Nessa faixa etária há, no Brasil, não sei quantos cidadãos que possam bater no peito e dizer que estão bem.
O humor é uma graça especial que adquirimos com o passar do tempo quase como a própria saúde, que conquistamos no dia-a-dia.
Temos grandes humoristas da fala e do traço. Como esquecer o Barão de Itararé, Millôr Fernandes, Chico Anísio, Jaguar, Fortuna, Péricles, Ziraldo, Laerte, Angeli, Fausto... E José Vasconcelos? E Ariano Suassuna, hein? 
O alagoano Audálio Dantas faz parte da história do Brasil desde que nasceu.
Audálio nasceu um dia antes da deflagração do movimento Constitucionalista de 1932, que começou no dia 9 de Julho e findou no dia 2 de outubro, com algumas centenas de mortos.
Audálio é do reino encantado de Tanque D'Arca, situado nas Alagoas onde "o macaco avôa". 




Ele, Audálio,  chegou à capital paulista com 12 anos de idade, trazendo na bagagem muitos sonhos. Entrou para o jornalismo pela porta da frente da extinta Folhas da Manhã que deu vez à Folha de S.Paulo. Isso, em 1954. Esse ano, aliás, foi o ano em que o gaúcho Getúlio Vargas entro para a história com um tiro que deu no próprio peito.
Ontem 9 à noite Audálio refirmou-se na História ao receber mais um importe prêmio, o Averroes. Esse prêmio, criado em 2008, destina-se às pessoas que se fizeram importantes no cotidiano da vida. Leia:



Audálio é um baluarte da vida brasileira. Como presidente do sindicato dos jornalistas no Estado de São Paulo ele peitou os poderosos que governavam o país.
Em 1975, agentes da ditadura militar roubaram a vida de Wladimir Herzog, enlutando o País. E foi quando Audálio levantou ao máximo a sua voz em protesto ao assassinato de Vlado. E lá foram ele e outros cidadãos resolutos ao protesto pelo crime cometido nos porões da repressão. A Audálio se juntaram outros grandes brasileiros como Dom Paulo Evaristo Arnes e Dom Helder Câmara, que eu entrevistaria anos depois para o jornal Folha de S.Paulo e revista Visão. No culto ecumênico em memória de Vlado Dom Hélder não disse nada. Estranhando o silêncio, Audálio perguntou por que se calara. Resposta: "às vezes o silêncio fala mais alto do que qualquer discurso". Audálio lembrou isso no dia do seu 85º aniversário no auditório Wladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas, e ao lembrar isso encerrou o seu discurso, curto, de agradecimento.
Na noite de ontem, ao receber o novo prêmio, ele também agradeceu a homenagem e as palavras dos amigos, muitos, a ele dirigidas. E brincou: "se o Papa Francisco passasse por aqui, era bem capaz de me canonizar". E choveram aplausos.
Abrilhantaram o evento os geniais músicos Toninho Carrasqueira (flauta), Ivan Vilela (viola) e Emiliano Castro (violão).
Antes de tocar a sua flauta mágica, Carrasqueira teceu loas sobre o homenageado : "Audálio é um herói, um farol da democracia".
A organização da festa teve a participação decisiva de Vanira Kunk e Sérgio Gomes, o Serjão, uma história a parte.
Ia me esquecendo, ao saber da brincadeira de Audálio sobre canonização, a jornalista Cris Alves saiu-se com esta: "também acho que o Papa Francisco iria me canonizar, se passa-se por aqui, pois nessa vida só entro pelo cano e sair dele tem sido um verdadeiro milagre".
Nós, brasileiros, somos ou não somos um povo bem humorado?
Foi ótimo reencontrar os cordelistas Marco Haurélio e Pedro Monteiro. E legal também foi reencontrar o pequeno Pedro Ivo e a sua mãe Lucélia, mulher de Marco, e xilogravadora em momento de vôo. Ah sim, estive acompanhado de Ana e Lúcia. Estrelas à parte.
Viva Audálio Dantas!


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