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sábado, 6 de junho de 2020

ARIEVALDO É ESTRELA NO CEU


Ontem 5 sexta fez uma semana que o Brasil perdeu um dos mais importantes poetas da cultura popular: Arievaldo Vianna.
Ari, como as pessoas das suas proximidades o chamavam, deixou uma trintena de livros e mais de uma centena de folhetos de cordel publicados. "Juntando o que ele e eu publicamos chega à casa dos 300", diz o irmão de Ari, Klévisson Vianna.
Conheci de perto o Arievaldo.
Ele era um cara bonachão e cheio de graça. Tinha uma agilidade mental das mais brilhantes. Era bom de verso, traço, copo e piada.
Ari era um artista completo, daqueles que cativam de bate pronto.
Depois de ler pra mim o cordel que escreveu em homenagem ao irmão, Klévisson contou-me que hoje o Ceará perdeu o cordelista Luiz Eduardo Serra Azul.
Luiz Eduardo partiu antes do tempo, como Ari. "Os dois tinham um medo danado de médico", lembra Klévisson.
Leim:



O encantamento de
Arievaldo Vianna
e sua chegada no Céu

Autor: Klévisson Viana
Que a Divina Providência
Inspire esses versos meus,
Traga a verdade e a doçura
De Jesus, Rei dos Judeus
E o sopro incontestável
Da influência de Deus.

Arievaldo Vianna
Foi poeta brasileiro,
Cordelista de renome,
Bom irmão, bom companheiro;
Tudo que fez tinha o brilho
De um talento verdadeiro.

Aqui no plano terrestre
Só semeou a bondade,
Ajudou o semelhante,
Nunca perdeu a humildade,
Foi um artista dotado
De grande simplicidade.

Tinha verve de humorista
A qualquer hora do dia
E, quando contava um causo,
Botava encanto e magia
E, por onde ele passava,
Brotava um pé de alegria.

Encantador de plateia,
Com voz bonita e possante,
Culto, suave e profundo,
Com sua prosa instigante,
Da cultura popular
Era devoto e amante.

Viveu 52 anos,
Porém produziu por dez
Artistas mais dedicados.
Cumpriu bem os seus papéis
E teve destaque como
Um dos grandes menestréis.

Deixou mais de 30 livros,
Folhetos bem mais de 100.
Com imensa facilidade,
Escrevia muito bem
E, em matéria de humor,
Não tinha para ninguém!

‘O Baú da Gaiatice’
Foi o seu livro de estreia,
Sua prosa e o seu verso
Tinha o dulçor da colmeia
Do mel silvestre extraído
Pra o deleite da plateia.

Escreveu pra São Francisco
Um livro bem pesquisado
Com tudo que era folheto
Sobre o tema registrado.
Com paciência, anotou
Depois deixou publicado.

Com o “Acorda Cordel”
Alçou voos nacionais
E teve oportunidade
De produzir muito mais
Junto com Jô Oliveira,
Artista muito capaz!!!

E, para Leandro Gomes
De Barros, fez com valia
Um livro muito importante
Contendo a biografia
Do mestre lá de Pombal
Que foi rei da poesia.

Vários livros publicados
De sua verve tão fina...
Fez “Sertão em Desencanto”,
“No Tempo da Lamparina”.
Cada obra que escrevia
Era única, genuína.

Na família era estimado
Por pais, irmãos e por filhos.
Pra ajudar quem precisava
Nunca botava empecilhos,
Pois seu vagão de bondade
Nunca saía dos trilhos

Deixou centenas de amigos
Que choram sua partida
Prematura, na verdade,
Sem direito a despedida.
Todos lembram de Ari
Nos bons momentos da vida.

Dizem que os bons morrem cedo,
Ari cumpriu a missão!
E o bom Deus o levou
Pra residir na Mansão
Celeste onde a poesia
É linda igual oração.

Marcos Aurélio chorou,
Autemar tá descontente,
Chora Itamar e Vandinha
Sua presença inda sente,
E Klévisson Viana luta
Pra tocar o barco em frente.

Sua mãe, dona Hatiane,
Seu paizinho Evaldo Lima
Rezam para o filho amado
Por quem nutrem grande estima.
Ari fez da vida um verso
Com oração, métrica e rima.

O seu filho Daniel,
Sua filha Mariana,
O Yuri e o João Miguel
E a esposa Juliana
Lamentam a partida súbita
De Arievaldo Vianna.

Contudo, o bom Deus achou
Por bem chamar o poeta,
Pois viu que sua jornada
Já estaria completa.
Como Deus tinha outros planos
Traçou pra ele outra meta.

Quando o corpo de Ari
Sucumbiu à bactéria
E o espírito do poeta
Se desprendeu da matéria,
Os anjos levaram Ari
Dessa terra deletéria.

Chegou no Céu Arizinho
Com uma mala de cordel.
No portão logo avistou
Alzirinha e Seu Manoel,
Os seus avós estimados
Que abraçaram o menestrel.

E Ari, não mais sentindo
Dores, fraqueza e cansaço,
Vendo seus avós queridos,
Os envolveu num abraço
E confirmou que a família
É incontestável laço.

Após descansar um pouco,
São Pedro, bem sorridente,
Cumprimentou o poeta,
Que já estava contente,
E não sentiu mais tristeza
Daquele instante pra frente.

Num belo jardim que havia
Perto da Santa Mansão
Estava Alberto Porfírio
Improvisando em quadrão
E junto a ele encontrou
João Firmino e Azulão.

João disse a Arievaldo:
— Que bom lhe ver por aqui!
Se achegue, ande pra cá
E venha olhar de per si
A festa que hoje faremos
Pra lhe receber, Ari.

E chegou Ribamar Lopes
Escrevendo num caderno.
Quando viu que era Ari,
Deu-lhe um abraço fraterno
E disse: — Ari, lhe esperava
Na morada do Eterno!

Ariano Suassuna
Cumprimentou o poeta,
Chegou Gonzaga Vieira
Andando de bicicleta
E logo foi se formando
Uma plateia seleta.

Chegou ali Santo Antônio
(Seu santo de devoção)
Ao lado de São Francisco,
Veio apertar sua mão.
Ari segurou as lágrimas
De alegria e emoção.

A Santa Virgem Maria
Lhe mandou carta lacrada.
Quando Ari abriu e leu,
Disse a Santa Imaculada:
“Fique calmo, sua mãezinha
Por mim será confortada.

A seu pai, Evaldo Lima,
Já mandei uma mensagem.
Ele é maduro e entende
Que a vida é uma passagem
E as riquezas terrenas
Não passam de uma miragem”.

João Firmino se achegou,
Perguntou: — Arievaldo,
Como vai Klévisson Viana,
Meu amigo de respaldo,
Rouxinol do Rinaré
E Evaristo Geraldo?

Ari disse: — Eles estão
Com medo da pandemia,
Mas, mesmo em tempos difíceis,
Nunca perdem a alegria
E não abandonam o front
Em defesa da poesia.

Ari disse: — Também tem
O Pedro Paulo Paulino,
Marco Haurélio e Eduardo
Macedo, poeta fino!!!
E o nosso Jota Batista
Que é um cabra malino!

Tem Paiva e Paulo de Tarso
Poeta e declamador,
O pessoal da AESTROFE
Digno de todo valor
Os vates do CECORDEL
E a Casa do Cantador.

Depois chegou Valdir Teles
Com a viola afinada
Junto a João Paraibano,
Vate de mente afiada,
Cantaram pra Arievaldo
Uma bonita toada.

Chamaram então o poeta
Patativa do Assaré
E Paulo Nunes Batista,
Com inspiração e fé,
Deu vivas ao bom poeta
Que viveu em Canindé.

Ari olhou para um lado
Onde se avistavam uns jarros
Chegou uma comitiva
E estacionou uns carros
Trazendo o grande poeta
Leandro Gomes de Barros.

Leandro deu-lhe um abraço
Com efusiva alegria,
Lhe cobriu de elogios,
Recitou uma poesia
E agradeceu Ari
Por sua biografia.

Ari louvou a Leandro
(Aquele espírito de luz),
Quando o foi chamar de mestre
Disse Leandro: — Jesus,
Só ele é quem é o Mestre
Que morreu por nós na cruz!

Foi uma festa bonita
Que durou mais de um dia
O jardim celestial
Se encheu de alegria
E em toda parte nasceram
Muitas flores de poesia.

FIM

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