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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

SÓCRATES, MÚSICO E JOGADOR



A música rural é um tipo que registra, geralmente, a história de agricultores, camponeses, pessoas simples, gente da enxada. Coisa antiga.
A esse tipo de música é dado o carimbo de caipira ou sertaneja.
É o que convencionalmente se chama de “música de raiz”.
Em 1980, portanto há 40 anos, o insuspeito jogador de futebol Sócrates, de batismo acrescido Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ídolo eterno do Corinthians, foi a um estúdio e gravou uma dúzia de pérolas musicais identificadas, tematicamente, com o dia a dia do sertanejo, do homem do campo.
Foi por essa época que eu o conheci. 
Lembro de uma entrevista muito legal que fiz com ele, publicada no extinto D.O Leitura. Foi capa. Duas páginas (foto). 
Nessa entrevista, ele falava de tudo, principalmente de política, poesia e música. 
Sócrates, na intimidade, tocava e cantava cantigas rurais. 
Casa de Caboclo foi o título encontrado para reunir num LP um repertório escolhido a dedo pelo violonista e cantor amador Sócrates. Nesse disco estão músicas de Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga e Catulo da Paixão Cearense, entre outros. 
Sócrates todo mundo sabe quem foi. Senão todo mundo, muita gente. 
Esse cara, esse cidadão, foi de importância fundamental na vida brasileira. E aqui não me refiro ao grego filósofo, que viveu muitos anos antes de Cristo. 
Esse Sócrates que ora trago à tona é o Sócrates que marcou época como jogador no Brasil e fora do Brasil. 
Começou a carreira no Botafogo de Ribeirão Preto (SP). Mas ele nasceu na capital do Pará, em 1954. 
A carreira profissional como jogador ganhou notoriedade a partir do Corinthians. Nesse time, permaneceu durante seis anos. Participou de 297 partidas e fez 172 gols. 
Em 1983, entrou no Morumbi para disputar a taça do Paulistão com o São Paulo. Nessa entrada no estádio, seu time exibiu uma faixa que dizia: “GANHAR OU PERDER, MAS SEMPRE COM DEMOCRACIA”. 
Importantíssimo: Sócrates foi um dos artífices do movimento que entrou para a história como Democracia Corinthiana. 
Sócrates era um cidadão tão completo, mas tão completo, que punha a igualdade e a felicidade acima de tudo. 
Era solidário, sonhava com a igualdade entre as pessoas. 
Uma vez eu o apresentei ao desenhista/quadrinista Jayme Leão (1945- 2014). Disse-lhe da beleza de Jayme como profissional e cidadão. E se ele, Sócrates, que acabara de assinar contrato com o Fiorentina (da Itália), permitia que eu e Jayme escrevêssemos a sua história em quadrinhos. Resposta, rápida: “Autorizado. Quer que eu assine alguma coisa?”. 
Sócrates morreu no dia 4 de dezembro de 2011. No acervo Instituto Memória Brasil (IMB) há inéditos do Sócrates poeta gravados em fita K-7. Gravações que fiz com ele. 
A quem interessar possa: https://www1.folha.uol.com. br/ilustrada/2009/03/534511-leia-os-votos-dos-criticos-na- -eleicao-da-melhor-musica-caipira.shtml

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