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segunda-feira, 20 de julho de 2020

BRASIL TRISTE E FEIO QUE NOS FAZ CHORAR


No começo da tarde do dia 20 de julho de 1969, Apollo 11 já tinha tomado impulso e ganhado o espaço profundo em direção à lua. 
Pois é, 51 anos depois de o homem por os pés no solo lunar, o solo terrestre continua minado, sendo destruído pelos pés e mãos humanos.
Na Amazônia é fogo só, só.  
Até o ano de 2050, quando o homem já estiver em marte, a terra estará com quase dez bilhões de pessoas sofrendo, passando fome, se desgraçando. Claro, se não explodir antes. 
O futuro não promete coisa boa para nós, terráqueos. 
Os cabeções da Economia dizem que a pandemia pode levar o número de miseráveis a casa do bilhão. No momento, esse número já passa de 850 milhões. 
Em pleno terceiro milênio, o Brasil mostra ao mundo que tem no seu quadrado cerca de 100 milhões de pessoas sofrendo por não ter o básico, além do alimento: tratamento de esgoto. 
Até luz elétrica ainda falta nos grotões do Brasil. 
Dados do IBGE indicam que mais de 30 milhões de pessoas também não tem água limpa pra beber. 
Essas e outras chagas estão sendo escancaradas pela pandemia. 
Tristemente podíamos até dizer que esse é o "lado bom" da Covid-19. 
O Brasil está atrasado em tudo, tecnologicamente, cientificamente, educacionalmente. 
Meu amigo, minha amiga, você sabia que há mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras vivendo do que recolhe nos lixões espalhados País afora? Pois, é. 
São quase três mil lixões em quase três mil cidade brasileiras.
Em 1974, eu era repórter do jornal O Norte, da Paraíba. Neste jornal, que virou portal na internet, publiquei uma reportagem contando as agruras do povo que vive do lixo (chamada de 1º página, ao lado).
O Brasil não é só um Brasil. 
O Brasil são vários Brasis, cheios de desigualdade e irracionalidade. 
O poeta popular Patativa do Assaré (1909-2002) escreveu um poema a que deu o título de Brasí de cima, Brasí de baxo. 
A cantora Elza Soares nos alerta quando canta o samba estilizado Brasis, de Seu Jorge, Gabriel Moura e Jovi Joviniano (acima, ouça).
No dia 27 de dezembro de 1947, o poeta, professor, tradutor e crítico de arte pernambucano, Manuel Bandeira (1886-1968), escreveu um poema intitulado O Bicho, cuja leitura dói profundamente na nossa alma. Leia:

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
  


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