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quinta-feira, 13 de maio de 2021

UM TREM PRA LIMA BARRETO

Naquele domingo ensolarado de 13 de maio de 1888, o tipografo João e sua mulher Amália pegaram o filho Afonso e seguiram até o passo Imperial, onde a princesa Isabel assinaria, em nome do pai Pedro II, a lei (3353) que libertaria os negros da escravidão.
Afonso nasceu naquele dia, sete anos antes.
No dia 13 de maio de 1808, o príncipe regente D. João XI assinaria um decreto criando a Impressão Régia, ou Imprensa. 
No correr do tempo, o menino Afonso entrou pra história literária do nosso País, com o nome de Lima Barreto. 
Lima, pai e mãe eram negros. E pobres. 
Lima perdeu a mãe ainda no tempo de criança. 
O pai de Lima morreu doido, num hospício. 
O dia da libertação dos escravos, pra Lima, não teve maior importância. 
Pra Lima, a Lei Áurea não libertou negro nenhum. E isso ele fez questão de dizer nos textos que escrevia para jornais e revistas. Os livros de Lima Barreto, 19 no total, são quase todos uma espécie de autobiografia. 
Lima não casou, não teve filhos. E não casou por achar que mulher nenhuma o compreenderia. 
E a depressão o pegou de calças curtas e sem dinheiro no bolso. 
A imprensa régia teve fim em 1821. 
Pobres sofrem. 
Pobres negros sofrem mais. 
Um país que insiste alimentar o racismo é um país pobre, no sentido pior do termo. 

 

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