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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (6)

Caricatura de Zeca Chaves feita por Cláudio
ZECA CHAVES
“O que mais tenho feito na vida é ‘entrevistar’ carros"

Natural da periferia paulistana, Zeca Chaves é um cara de fácil conversa. Facílima. E fala, fala, fala, como se de tudo soubesse. E parece que sabe, mesmo. Pelo menos na parte que lhe toca, a profissional de jornalista especializado em carros e peças e que tais. Gosta do que é bom e doce, como se diz lá no Nordeste. Lê bons livros, vê bons filmes e ouve boas músicas.
No campo da literatura os destaques que Zeca faz são, especialmente, as biografias. Leu e gostou de Sir Richard Francis Burton, de Edward Rice (1918-2001); Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago (1922-2010); Moby Dick, de Herman Melville (1819-1891) e A Vida Como Ela É, do pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980).
Zeca não se acanha nem um pouco de dizer que o melhor filme que viu até hoje foi O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola.
Os cantores e cantoras de que mais aprecia são Chico e Caetano, a norte-americana Ella Fitzgerald (1917-1996) e a francesa Edith Piaf (1915-1963). “La Vie En Rose é a música que me liga à mulher da minha vida e meu grande amor, minha esposa Cristiane, pois ela toca a todo momento quando estamos juntos”, revela.
Zeca Chaves sempre quis fazer Jornalismo. E fez e faz. No começo não sabia bem por onde começar. Fechou matrícula no 2º ano de faculdade, pôs uma mochila nas costas e foi bater perna na Europa. Começou pela Inglaterra, seguiu até a França, parou na Itália. Andou mais um pouco e voltou ao Brasil liso, sem um puto no bolso. Bateu à porta da Folha e foi atendido por Eduardo Viotti, da editoria de Esportes, que lhe propôs fazer um freela. Topou.
Depois desse freela proposto por Viotti, Zeca foi cobrir férias no caderno Veículo, da mesma Folha. E foi aí que tomou gosto pelo setor automobilístico. Não demorou e foi convidado pra um emprego na editora Abril e de cara abriu-se pra ele um bom espaço na revista Quatro Rodas.
A revista Quatro Rodas foi pioneira na cobertura de eventos provocados pela indústria de automóveis.
O seu chefe e grande mentor nessa revista foi Sérgio Berezovsky.
Tudo quanto é evento relacionado a indústria automobilística no Brasil e mundo afora, lá está o nosso herói da periferia de Sampa fazendo bonito.
Parodiando um velho comercial, não custa dizer que a primeira cobertura internacional, ninguém esquece: “Fui cobrir o Salão de Detroit, numa cidade feia, num frio do cão, mas que foi um deslumbre tecnológico para mim na época, talvez em 1994”, lembra Zeca, filho de seu José Maria e de dona Albina Naida.
Muita coisa aconteceu, desde então.
Brincando, Zeca Chaves conta que o que mais tem feito na vida é “entrevistar” carros.
A propósito, um novo tipo de carro está chegando à praça. São os elétricos. Vários países, como a Inglaterra, já têm até data marcada para tirar do mercado os veículos movidos à gasolina, óleo e tal. No Brasil, porém, essa data ainda não existe. Será uma revolução e o mundo pode, com isso, até melhorar. E as pessoas, hein?
Fazendo graça, e ao mesmo tempo em tom filosófico, Zeca diz que “o ser humano é egoísta por definição, mas é capaz de gestos inesperadamente generosos”.
O número de humanos no mundo, segundo dados da ONU, gira em torno de 7,5 bilhões.
O número de automóveis no mundo é, segundo estimativas da indústria, 1,4 bilhão.
Em São Paulo, o número de automóveis é da ordem de 19 milhões, para uma população de 45 milhões de pessoas.
A indústria cresce e se diversifica a cada dia, no mundo todo. Além do carro elétrico, outras novidades poderão ocorrer. Mesmo assim, há muitas dúvidas no ar. Zeca: “A indústria automotiva é uma indústria historicamente charmosa, empolgante, envolvente e inovadora, mas que hoje está numa encruzilhada”, entende.
Para Zeca essa indústria não sabe qual será seu futuro ou mesmo se vai ter um futuro: “Ela vive a maior revolução da sua história, parecida com aquela quando trocamos as carruagens pelos automóveis”, acrescenta.
Mas o carro não vai voar, como sugere aquela série americana, Os Jetsons.
Nesses anos todos desde que concluiu o curso de Jornalismo, na USP, e depois de entrevistar carros e pessoas, Zeca Chaves lembra que a reportagem que mais o marcou foi decorrente de uma expedição que cruzou a selva em rodovia de lama, em 1994 ou 1995 na Folha. Foi quando atravessou quase 4.000 km da Amazônia pela Cuiabá (MT) - Santarém (PA): “Naquela ocasião, tive a oportunidade de conhecer e conviver com as pessoas do Brasil real ao mesmo tempo que enfrentamos essa aventura em 14 veículos diferentes”, recorda.
Preocupado com o destino dos brasileiros, os mais humildes principalmente, Zeca Chaves diz que a boa notícia que gostaria de dar em letras maiúsculas é: "Acabou a injustiça social no Brasil".
Torcedor do São Paulo Futebol Clube, José Carlos Chaves de Souza nasceu no dia 13 de junho de 1970 e tem dois filhos: Vítor e Sofia. Vítor faz Geologia na USP e Sofia Biologia na Federal de Uberlândia, MG.
Vítor e Sofia são frutos do relacionamento que teve com uma jornalista de nome Renata. “A minha antiga companheira se dá muito bem com Cristiane, minha atual esposa”, concluiu.

ZECA CHAVES AGRADECE:

"Além dos tradicionais agradecimentos, quero dar os parabéns a duas entidades. Uma são os jornalistas do setor que, independentemente se foram finalistas, se entraram na lista, todos, em tempos de pandemia, de fake news e de pós-verdade, têm sido mais do que importantes, têm sido
necessários para a sociedade. 

A outra é o J&Cia Auto. Mais do que um prêmio que vocês organizam, vocês organizam um momento em que todos nós olhamos para os colegas. Olhamos para o trabalho que o colega ao lado está fazendo. É um momento de reflexão, um momento para avaliar a qualidade desses jornalistas e a gente tem  percebido que têm muita qualidade. Nessa correria é muito importante ter vocês, que chegam pra gente
e falam: 'Olha, vamos dar uma parada para avaliar, porque vocês merecem'".

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