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quinta-feira, 31 de março de 2022

DITADURA MILITAR: TRISTE LEMBRANÇA

Milico, ilustração de Fausto Bergocce

Tudo começou numa madrugada de abril.
Nunca é tarde, digo e repito, para lembrar que 64 começou em 61, com a renúncia de Jânio. ÓBVIO, DITADURA NUNCA MAIS
Depois da renúncia, Jânio seguiu na vida pública e acabou como prefeito da maior e mais importante cidade do Brasil: São Paulo. E no seu lugar, assumiu o sãoborjense João Belchior Marques Goulart, o Jango. JÂNIO, RENUNCIA: 60 ANOS
Os anos de 1960 foram tumultuados em boa parte do mundo. Guerras pipocaram aqui e ali. Revoltas e revoluções, também.
À época os EUA pagavam pecados no Vietnã. Um jornalista brasileiro, José Hamilton Ribeiro, foi pra lá. Foi cobrir a guerra. O FAZENDEIRO ZÉ HAMILTON, EM MINAS
Isso, especificamente, em 1968.
Por aqui movimentos populares pipocavam, na cidade e no campo.
O Araguaia, lá pros lados de Tocantins, TO, virava campo de guerra.
Era a primeira vez que brasileiros faziam treinamento de guerrilha na China para confrontar e derrubar o governo militar, iniciado em 1964. Não deu. Muita gente foi presa, torturada e morta.
O cearense Humberto de Alencar Castello Branco (1897-1967) foi o primeiro general a assumir o cargo de presidente do ciclo militar. E foi, também, o primeiro presidente do Brasil a morrer na queda de um avião. Antes dele, nenhum.
O segundo general a ocupar o cargo de presidente foi o gaúcho Artur da Costa e Silva (1899-1969), que um dia teve um ataque no coração e foi-se.
O terceiro a ocupar o mesmo cargo, o de presidente, foi o general Emílio Garrastazu Médici (1905-1985). Esse foi o mais violento, o que sabia de tudo que rolava nos porões da ditadura e calava passivamente.
O quarto general a assumir a presidência da República, no ciclo militar, foi o gaúcho Ernesto Beckmann Geisel (1907-1996). Esse era, declaradamente, a favor da tortura.
O quinto e último general desse ciclo foi o carioca João Baptista de Oliveira Figueiredo (1918-1999), aquele que antes de pedir pra ser esquecido dizia gostar mais do ccheiro do cavalo do que do cheiro do
povo. Merecia ter levado um coice.
Entre uma coisa e outra, ali em 1969, houve um hiato: a morte de Costa e Silva.
A morte desse Costa gerou a formação de uma Junta.
Essa Junta foi formada por Augusto Rademaker, Aurélio Tavares e Márcio de Sousa Melo, e durou de 31 de agosto a 30 de outubro.
Há uma vasta literatura sobre o ciclo militar que estendeu-se por 21 anos, terminando em 1985.
Muita coisa aconteceu até a democracia voltar a imperar no território brasileiro.
O primeiro político a ganhar o cargo de presidente, após o golpe militar, foi o mineiro Tancredo de Almeida Neves (1910-1985).
Antes de ser eleito pelo Colégio Eleitoral, Tancredo participou de movimentos que visavam a queda do regime sangrento, de chumbo. Entre esses movimentos, o das Diretas Já.
O golpe de 64, que resultou no governo militar, ficou marcado por censura à Imprensa, cassação de políticos e fechamento do Congresso Nacional. Mais: perseguição, prisão, tortura e morte.
Muitos brasileiros foram exilados no período, entre eles Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Geraldo Vandré. Muitos protestos ocorreram no país antes das Diretas Já.
Em 1968, a cantora e atriz Vanja Orico colocou-se diante de veículos do Exército. O protesto de Vanja correu mundo.
Clique na imagem para visualizar melhor o texto
Nem todos os artistas, porém, foram perseguidos pelos donos do poder à época. Exemplo: Raul Gil.
Em agosto de 1997, entrevistei Raul Gil para a Agência Brasileira de Reportagens, ABR, empresa da qual eu era colunista. Essa entrevista foi publicada em vários jornais, entre os quais o Jornal da Bahia.
Na madrugada de 8 de dezembro de 1980 a sede da ABR, na rua Dr. Homem de Melo, Perdizes, SP, foi alvo de um atentado que resultou em destruição.
Pra entender o que aconteceu no decorrer do ciclo militar, fundamental é ler livros como A Ditadura Envergonhada, de Elio Gaspari (Companhia das Letras, 2002).
O napolitano e comunista de carteirinha em 1962, Gaspari, nascido em 1944, escreveu uma obra completa sobre tudo que aconteceu no decorrer da ditadura militar, desde 1964.
Se foi amigo dos generais ou não, isso não tem importância.
A importância do Gaspari está na obra que escreveu, em 5 volumes.
Gaspari conta bastidores do poder que nos ferrou. Entrevistou todo mundo, durante horas e horas.
Ele conta da importância de Heitor Aquino Ferreira e Golbery do Couto e Silva. Detalhe: Golbery nunca foi general, mas sim tenente-coronel.
Heitor e Golbery foram de extrema importância para Geisel no comando da Presidência.
Pois então, como acho, vale a pena ler livros para, no mínimo, entendermos a nossa história. Recente, até. O começo é este: As duas guerras de Vlado Herzog, Audálio Dantas (Civilização Brasileira, 2012); Linha Dura no Brasil, de Daniel Drosdoff (Global, 1986); 1978: A Hora de Enterrar os Ossos, de Carlos Rangel (1978); Veja Sob Censura, Maria Fernanda Lopes Almeida (Jaboticaba, 2008) e 1964: A conquista do Estado, René Armand Dreifuss (Vozes, 1981).
Paulo Francis, que conheci de perto na Folha, era um cara cheio de ondas. Boa praça.
Uma vez lhe perguntei se de fato lia todos os livros que comentava. E com aqueles óculos enormes, cheios de graus, ele apenas ria: “Isso não tem importância”.
Era franco, ou quase.
A respeito do livro de René Armand Dreifuss, Francis foi claro: Não li e não gostei, é uma massaroca de mais de 800 páginas.
Além desses livros até aqui citados, há muitos outros cuja leitura só ilustrará o leitor sobre as mazelas que os brasileiros viveram naquele período sombrio em que os militares faziam e desfaziam.
Que isso nunca mais aconteça.
Recomendo a leitura de todos os livros aqui citados, incluindo mais estes:
  • Ditadura: o que resta da transição, de Milton Pinheiro;
  • 1964: O golpe que derrubou um presidente, pôs fim ao regime democrático e instituiu a Ditadura Militar no Brasil, de Angela Maria de Castro Gomes e Jorge Luiz Ferreira
  • Ditadura e Democracia no Brasil: Do golpe de 1964 à constituição de 1988, de Daniel Aarão;
  • A Casa da Vovó, Marcelo Godoy;
  • 1964: O Golpe, Flávio Tavares;
  • Marighella, Mário Magalhães;
  • Tortura: A história da repressão política no Brasil, Antonio Carlos Fon;
  • Jornalismo de Guerrilha, Rivaldo Chinem.
  • E o Livro Negro da Ditadura Militar, Divo Guisoni; com capa do artista gráfico Elifas Andreato.
Elifas, que morreu no dia 29 deste mês, assinou a capa do Livro Negro da Ditadura Militar e deixou uma obra incrível pra que se entenda o que foi de fato o golpe militar de 64.

Foto e reproduções: Flor Maria e Anna da Hora.

LEIA MAIS: DITADURA NUNCA MAIS!DITADURA NUNCA MAIS! (2)A DEMOCRACIA NÃO VESTE FARDAUM ARTISTA DE BEM COM TORTURADORES

MENTIRAS DE MILITAR

Eu já disse mais de uma vez que Kafka encontraria no Brasil o lugar ideal para desenvolver os seus textos ficcionais. Não lhe faltariam personagens, além dos muitos que criou. Fantásticos. Todos eles. E as situações em que foram encaixados, também.
Há exatos 58 anos, os brasileiros acordavam com os tanques nas ruas e soldados armados até os dentes.
Muita gente foi presa, torturada e morta, sabe-se. Todos os anos, desde 1964, somos "presenteados" com "ordens do dia" assinadas pelos comandantes das 3 forças: Exército, Aeronáutica, Marinha e pelo ministro da Defesa. Ridículas.
Neste março de 2022, não foi diferente.
O pior de tudo é que os textos chamados de ordem do dia são mentirosos.
Ontem 30, por exemplo, os comandantes do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; da Marinha, Almir Garnier Santos e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, assinaram essa pérola:
... Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil, por grupos que propagavam promessas falaciosas, que, depois, fracassou em várias partes do mundo. Tudo isso pode ser comprovado pelos registros dos principais veículos de comunicação do período.
Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional.
As instituições também se fortaleceram e as Forças Armadas acompanharam essa evolução, mantendo-se à altura da estatura geopolítica do País e observando, estritamente, o regramento constitucional, na defesa da Nação e no serviço ao seu verdadeiro soberano – o Povo brasileiro.
Cinquenta e oito anos passados, cabe-nos reconhecer o papel desempenhado por civis e por militares, que nos deixaram um legado de paz, de liberdade e de democracia, valores estes inegociáveis, cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular.
Pois é, como se vê, o texto aí reflete inverdades que a história jamais registrou. E nem poderia. 
Devia haver cadeia pra quem mente. Pra quem mente, simplesmente, como os autores dessa obra.
Mas enfim, o mês que ora entra é de Carnaval.

quarta-feira, 30 de março de 2022

É SEMPRE BOM RECEBER AMIGOS

Da esquerda pra direita: Fatel, Assis, Castanha, Cacá Lopes e Luiz Wilson
 
Ontem 29, no final da tarde, tive a alegria de receber na minha casa os amigos Cacá Lopes, Castanha, da dupla Caju e Castanha; Luiz Wilson e Fatel.
A prosa foi até às 21h, mais ou menos.
A mineira Fatel, de batismo Maria de Fátima Barbosa, é cantora das grandes. E produtora musical, também. Começou a gravar disco ali pelos anos de 1980. Cheguei a escrever texto pra contracapa de um de seus LPs, lançado pela extinta gravadora Copa Cabana.
Luiz Wilson é o apresentador do programa Pintando o 7, no ar todos os domingos na rádio Imprensa FM 102,5, entre às 10 e 13 horas.
Além de comandar o programa Pintando o 7, Wilson é cantor, compositor, violonista e, como se não bastasse, poeta repentista. E cordelista, autor de Caju e Castanha em Cordel: História Verdadeira e Emocionante.
De batismo José Roberto da Silva, Castanha tem muitas histórias pra contar.
Conversa vai conversa vem, sempre bem humorado, Castanha contou impagáveis passagens ocorridas nos primeiros tempos em que passou a morar na Capital paulista, ao lado do irmão José Albertino. Lembrou que comeu o pão que o Diabo amassou. Foi humilhado muitas vezes, até pela cor da pele. O apresentador de TV Bolinha chamava Castanha e Caju de "macaquinhos".
Integrantes ocasionais de uma tal Caravana do Bolinha, Caju e Castanha jamais se esqueceram da noite em que o famoso e bajulado apresentador de TV, ao entrar no restaurante junto com um político, gritou pra todo mundo ouvir: "SAI DAÍ MACACO, DA CADEIRA DO DEPUTADO!".
O caso aconteceu em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul. Naquela noite, lembra Castanha, "Caju, meu irmão, chorou feito menino e até pensou em desistir da carreira que estávamos abraçando".
Uma vez, ainda no início da carreira, chamaram Caju e Castanha para uma participação num programa da extinta rádio Globo, SP: "Chegamos cedo, como pediram".
O programa ocupava quase toda a manhã, encerrando-se ao meio-dia. Faltando 2 minutos para o encerramento, chamaram a dupla. O apresentador, impoluto na sua condição de estrela, perguntou quem eram, de onde vinham e o que faziam. Ao ouvir as respostas, ainda perguntou: "o que diabo é embolada?". E aí acabou o programa, sem entrevista, sem nada. Até porque as perguntas foram feitas enquanto era apresentado um comercial. Pois é. O nome do apresentador? Hmmmmm... Um certo Pessoa, Boca de Não-sei-o-quê.
Ao tempo em que Caju e Castanha viviam em Sampa, a violência já era grande. E pra escapar dos assaltantes, os dois fingiam serem "da pesada".
Certa vez, policiais da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) abordaram os dois e, naquele estilo "bateu e pronto!", pediram os documentos. "Mostramos a capa do nosso primeiro LP, porque os documentos não bastavam e era preciso apresentar, também, a carteira de trabalho assinada. Escapamos e os policiais, ao fim, nos recomendaram pra não circular a noite na cidade", lembrou Castanha.
Detalhe: esse conselho os dois não levaram em conta, pois adoram andar na cidade. "Quem vem do lixo, não se perde no bagulho", explica o famoso embolador.
O primeiro artista a estender a mão a Caju e Castanha foi o mineiro Téo Azevedo. "Temos, até hoje, uma enorme gratidão a Téo. Chegamos a morar na sua casa, no seu apartamento", diz o parceiro de Caju.
Cacá Lopes, pernambucano como Luiz Wilson e Castanha, trouxe o violão e a vontade de cantar. E cantou, como cantaram Fatel, Castanha e Wilson.
Ao final da visita, Luiz Wilson e Castanha improvisaram umas loas a mim. Confira:


Você já ouvir falar do Instituto Memória Brasil? Acesse: institutomemoriabrasil.com.br/

terça-feira, 29 de março de 2022

ELIFAS ANDREATO, ADEUS

Assis com o livro
Elifas Andreato: 50 anos
de carreira

O Brasil que pensa, o Brasil que luta por dias melhores, o Brasil bonito está de luto. Sim, de luto: morreu Elifas Andreato, na manhã de hoje 29.
Elifas Andreato era paranaense da safra de 1946 e um ataque cardíaco o levou ao hospital, de onde partiu.
Antes de se tornar o mais importante e aplaudido designer do Brasil, Elifas foi metalúrgico. 
Foi pelas mãos do jornalista alagoano Audálio Dantas que Elifas alçou voo no campo das artes plásticas. Já escrevi muito a seu respeito.
Eu conheci Elifas ali pelos começos dos anos de 1980.
A sua atuação nas áreas social e política foi de grande importância para o País. Para o País, reforce-se, que pensa, que luta por tempos melhores. Sempre. Elifas não pensava duas vezes para jogar-se de corpo e alma no trabalho que tinha por objetivo o refortalecimento da Democracia.
Era radicalmente contra qualquer tipo de agressão e censura. São famosas as capas e ilustrações que fez para jornais da chamada "Imprensa Nanica", como Opinião e Movimento.
Há muitos quadros seus retratando os "anos de chumbo" no Brasil.
Há obras em várias entidades democráticas. No Congresso Nacional, inclusive.
Em 1972, Elifas fez a capa do Livro Negro da Ditadura Militar. Esse livro provocou grande polêmica. É ele mesmo quem fala: Elifas Andreato e a capa do Livro Negro da Ditadura 
Semeador, por Elifas Andreato
Em 2011, o artista recebeu o prêmio Vladimir Herzog concedido pelo Instituto Vladimir Herzog, pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), pelo Comitê Brasileiro de Anistia, pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.
Poucos sabem, mas Elifas Andreato escrevia letras poéticas para amigos seus, como Jessé, musicar. Até um prêmio internacional ele ganhou. Foi num festival de música realizado em terras do Tio Sam. 
Capista de LPs de Chico Buarque, Martinho da Vila, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Elis Regina, Clara Nunes e da dupla Toquinho e Vinícius e centenas de outras mais, Elifas também fez cartazes para teatro etc. Morreu pobre e endividado, com um banco ameaçando tirar-lhe do lugar onde morava. 
Eu soube dos problemas materiais que Elifas enfrentava através de amigos. Mas ele, mesmo, não costumava falar sobre o assunto.
A última vez que falei com Elifas foi num dia qualquer de janeiro deste ano, quando por telefone lhe pedi que escrevesse um pequeno texto contando o que o trouxera de Rolândia (PR), para a Capital paulista. Esse texto seria incluído numa reportagem que fiz especialmente para o Newsletter Jornalistas & Cia. Prometeu, mas não fez. Talvez por já estar vivenciando problemas relacionados à saúde.
Elifas Vicente Andreato foi um grande poeta do traço.
No livro Elifas Andreato: 50 anos de carreira, lançado em 2018, ele inicia dizendo o seguinte:
Somos aquilo que lembramos. A frase é do filósofo e jurista italiano Noberto Bobbio e está no livro O Tempo da Memória.
Lembro-me de outra, não sei se com as mesmas palavras, mas o significado é o seguinte: nossa riqueza são nossos pensamentos, as ações que cumprimos, as lembranças que conservamos e não deixamos apagar e das quais somos o único guardião.
Depois de um certo tempo de vida temos que batalhar para que as lembranças não nos abandonem. Devemos nos entregar a elas com afinco porque as recordações não aflorarão se nós não as procurarmos nos mais distantes recantos da memória.
Este livro (Elifas Andreato : 50 anos de carreira) são minhas lembranças.

As últimas ilustrações para discos de Elifas Andreato foram estampadas nas capas de CDs de Socorro Lira e Jorge Ribbas. O HOMEM NÃO TEM JEITO. O PRECONCEITO MATA.

segunda-feira, 28 de março de 2022

O FAZENDEIRO ZÉ HAMILTON, EM MINAS

Somente hoje 28 consegui ouvir a bela reportagem sobre o colega jornalista José Hamilton Ribeiro (ao lado comigo e com minha filha, Ana), levado ao ar no último dia 20, no programa Globo Rural (TV Globo). 
Nessa reportagem Zé mostra a intimidade do seu lar, uma fazenda em Uberaba, MG.
Na fazenda tem umas 30 vacas, leite bastante e um ambiente incrível.
Zé, aos 86 anos, parece ainda um meninão. Ou um vô daqueles que todo mundo gostaria de ter.
Doido por alegria, saúde e vida boa, Zé Hamilton insiste em achar e viver a felicidade.
A reportagem a que me refiro faço questão de compartilhar com vocês. Clique: De jornalista a fazendeiro: saiba onde está José Hamilton Ribeiro
Não custa lembrar que, em 1968, Zé Hamilton foi cobrir guerra no Vietnã. O MUNDO PÓS VIETNÃ
Em agosto de 2018, fiz um poema pra o Zé. O amigo Jorge Ribbas pôs uma violinha de acompanhamento. Acompanhe:

O mundo anda perdido
Que nem galo sem terreiro
Que nem um cego sem guia
Ou barco sem timoneiro
Mas ainda bem que tem
José Hamilton Ribeiro

Repórter de boa cepa
Ouro puro, verdadeiro
É um galo bom de briga
Doido por galinheiro
Hoje seu nome é marca
Do jornalismo brasileiro

Na pauta desse José
Tem sanfona, tem pandeiro
Tem cantiga de Matuto
E prosa de marrueiro
Fora isso ainda tem
Verso, viola e violeiro

Ele foi a todo o canto
Foi até o estrangeiro
Foi à luta, foi à guerra
Lutou foi bom guerreiro
Caiu mas levantou-se
De modo muito ligeiro

Incansável segue firme
Livre, leve e faceiro
Redescobrindo na vida
O prazer aventureiro
De fazer mais reportagens
Com o carimbo Zé Ribeiro

Novas guerras continuam
No Brasil, no mundo inteiro
É gente matando gente
Por nada, só por dinheiro
Mas nem a morte mata
José Hamilton Ribeiro

domingo, 27 de março de 2022

CAMÕES, SEMPRE CAMÕES (2, FINAL)

Retrato de Dom Sebastião
no livro Os Lusíadas
O feito do poeta Camões é insuperável. Em qualquer língua.
No Brasil houve tentativa de se compor algo parecido ao feito de Camões.
Em 1923 o poeta Augusto Meira (1873-1964) tomou para si essa tarefa. Ou seja, a de transportar com tinta verde/amarela a história do achamento das nossas terras até a Guerra do Paraguai (1864-1870). Essa tentativa, naturalmente frustrada, pode ser conferida pela leitura do livro Brasileis, a Epopeia Nacional (Instituto Lauro Sodré).
Eu não quis fazer o que Meira tentou. Resolvi fazer, simplesmente, uma readaptação d’Os Lusíadas. Usei os principais personagens, mas não trouxe a narrativa para o Brasil. No sentido histórico do termo. Acrescentei por acrescentar, dois poetas cantadores nordestinos contando a história de Vasco da Gama e a história de Vaz de Camões.
A essa adaptação, dei o título de A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama no Mar (adaptação livre de Os Lusíadas para canto e cordel). Começo assim:

Aqui neste ambiente
Eu venho para contar
A história de um homem
De força espetacular
Que nunca fugiu à luta
Nem na terra nem no mar

Esse homem eu conheço
Dele já ouvi falar
É pessoa corajosa
Treinada para lutar
Esteve em todo canto
Navegando pelo mar

Eu e minha viola
Viemos pra espalhar
A coragem desse homem
Forte, justo, exemplar
Que nunca teve medo
Do terror que há no mar…


E sigo, no canto 2:

Um dia Júpiter chamou
Seus pares pra conversar
Queria deles saber
Que posição adotar
Sobre uma certa viagem
De certo homem do mar

Num piscar d’olhos chegaram
Os deuses para escutar
Queriam eles saber
O que Júpiter tinha a falar:
Seria sobre a viagem
Daquele homem do mar?

Ouviu-se um zum, zum, zum
Eram Deuses a murmurar:
Quem seria esse valente
Decidido a enfrentar
Os mau humores do tempo
E as estranhezas do mar?

Esse homem era forte
Fora feito pra lutar
Pensava o tempo todo
Num modo de viajar
Queria ir pra longe
Bem pra longe pelo mar…

E no canto 3, eu digo:

Sob céu de brigadeiro
Dia bom pra passear
Com ruas embandeiradas
Saltimbancos a brincar
Anunciando boas novas
Com salva de tiros no mar

Tudo está perfeito...
"É preciso navegar
Viver não é preciso"
Isso é certo vou contar
Três ou quatro navios
Seguiriam pelo mar…


E mais um pouco, sigo adiante:

Tinha 28 anos
Ao resolver aceitar
O enorme desafio
De fazer o mundo vibrar
Com a grande façanha
De ir à Índia pelo mar

Reuniu a marujada
Para tudo por a par
Lembrou de graves perigos
Que iriam encontrar
Agora principalmente
Na viagem pelo mar

Ele estava firme
Já pronto pra embarcar
Tinha mais do que certeza
De seu alvo alcançar
Realizando o sonho
De ganhar a terra pelo mar…


No 5º canto, eu trago a Ilha dos Amores criada pela deusa Vênus:

Há na Ilha dos Amores
Mitos e lendas no ar
E figuras encantadas
Dançando à luz do luar
Enquanto o vento canta
Antigas cantigas do mar

Desde sempre se sabe
Que na vida é bom sonhar
Na Ilha dos Amores
Não é pecado pecar
Pecado é não ouvir
Os cantos que vêm do mar

Cantos que sempre contam
De guerreiros a guerrear

De seres apaixonados
Que morrem só por amar
De segredos das estrelas
E de mistérios do mar…

A história é, de fato, fabulosa, incrível. E tudo começa quando Camões decide contar o heroísmo do seu povo, depois de ler Homero e Virgílio.
Homero contou cantando a história do seu povo. O mesmo o fez Virgílio.
É isso.
Outro dia falei a respeito desse épico ao repórter Ivan Finotti, da Folha de S.Paulo. Sem cuspir pra cima, sem querer isso, apenas lembro: eu perdi a visão dos olhos, mas não perdi a visão da memória. Fiquei invisível, é certo. Estou cego, dos olhos. Só. Poucos me veem, paciência… E digo a quem quiser ouvir, estou vivo.
Pois é, há 450 anos era lançado o clássico Os Lusíadas.

LEIA MAIS: NINFAS E DEUSES EM CAMÕESCAMÕES E A LÍNGUA PORTUGUESA

sábado, 26 de março de 2022

CAMÕES, SEMPRE CAMÕES (1)

Assis, com a obra de Camões
em diversos formatos
O navegador português Vasco da Gama morreu em 1524, aos 55 anos de idade.
O poeta português Luís Vaz de Camões nasceu em 1524 e morreu aos 56 anos de idade.
O que Vasco da Gama e Vaz de Camões têm em comum?
Vasco da Gama foi quem descobriu o caminho das Índias, em 1498.
Vaz de Camões, pra todo mundo e o mundo todo chamado simplesmente de Camões, foi quem narrou com inacreditável categoria a fabulosa façanha de Vasco da Gama.
Tudo começou quando o rei dom Manuel incumbiu ao navegador a tarefa de descobrir o caminho das pedras. Isto é, das Índias.
Duas naus e uma caravela, mais uma embarcação com víveres, foram cuidadosamente preparadas para a grande viagem.
A partida fora programada para o dia 7 de julho de 1497. Mas uma zebra atrapalhou a programação.
Zebra, leia-se: mau tempo no porto de Lisboa, praia e porto de Restelo.
Essa zebra adiou a viagem para o dia 8, uma segunda-feira.
Dez meses e dez dias depois, e cerca de 11.000 milhas navegadas, Vasco da Gama e seus marinheiros, uns 200, alcançaram Calicute.
Calicute é um porto localizado na costa ocidental da Índia.
Essa história é fabulosa, em todos os sentidos.
Muitos anos depois, Luís Vaz de Camões decide contar o acontecido. Do seu jeito. Belíssimo e belíssima é a obra gerada pelo poeta: Os Lusíadas.
Esse livro é desenvolvido em dez Cantos com cinco partes: Dedicatória, Preposição,
Camões no traço de Fausto Bergocce
Invocação,Narração e a última, Epílogo – no qual demonstra sua descrença pelo futuro de Portugal após o desaparecimento do rei Dom Sebastião numa batalha em Alcácer-Quibir, Marrocos. A Dom Sebastião é dedicado Os Lusíadas.
Na batalha de Alcácer-Quibir, o poeta perdeu um dos olhos.
Pra escrever a obra, o autor fez uso da invenção de um poeta italiano chamado Ludovico Ariosto (1474-1533). É dele a modalidade Medida Nova, levada da Itália para Portugal, por Sá de Miranda, em 1527.
Camões precisou morrer para se eternizar.
Detalhe: Luís Vaz de Camões foi quem deu o primeiro pontapé na história para transformar o que é hoje a língua portuguesa, pois antes o que havia, na região onde nasceu, era o latim arcaico.
Essa é a história. Mas tem mais.
Quem deu o aval para essa publicação foi o frei Bartolomeu Ferreira, responsável pelo setor de publicações do Santo Ofício, em setembro de 1571. De lá pra cá, o livro foi publicado em formatos diversos. Incluindo quadrinhos.
Frase escrita pelo próprio Camões.

No Brasil dos anos 30/40, o famoso livro de Camões entrou como matéria curricular do curso ginasial. Edição importante, da Francisco Alves. Dessa edição reproduzo algumas imagens e documentos como a assinatura do poeta Camões (ao lado).
Ainda em 1572 foi lançada uma edição paralela, pirata, de Os Lusíadas.
Em 1920 o diretor da Biblioteca Nacional de Lisboa, Jayme Cortesão, encafifado com essa história solicitou através de ofício que o Real Gabinete Português de Leitura fizesse um levantamento a respeito do que até então era uma dúvida.

Devo lembrar a V. Exª que, a par da 1.ª edição verdadeira que nos propomos reproduzir, existe uma outra, falsa, da mesma data. A verdadeira distingue-se por ter o bico do pelicano da portada voltado para a esquerda do observador e por, no 7.º verso da 1.ª instância do Canto I, ter as palavras “E entre” em vez de “Entre” simplesmente.
Cortezão fazia referência à esta estrofe:
Os Lusíadas em HQ


As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
Entre gente remota edificaram
O novo Reino, que tanto sublimaram;


Alexandre de Albuquerque, do Real Gabinete Português de Leitura, fez o que tinha que fazer: esclarecer a nebulosidade em que se achava essa questão histórica. E em 1921 lançou o livro As Duas Edições dos Lusíadas de 1572.

sexta-feira, 25 de março de 2022

CORNO INCONFORMADO

Eu já disse e repito: nós, humanos, não nascemos pra ter salvação.
Tudo começou, em tese, com Adão e Eva.
No Velho Testamento lê-se que Adão e Eva tiveram mais de 60 filhos.
Entre homens e mulheres, os filhos de Adão e Eva praticaram o incesto. 
É história. Bíblica.
Nós, humanos, condenamos o incesto. E tem que ser condenado, o incesto. Evidentemente. 
No mundo, desde há humanos, há ricos e pobres. Livres e escravos.
Isso também se acha historicamente no Velho Testamento.
No Velho Testamento se acha, em tese, o começo de tudo.
No primeiro dia, Deus criou...
Pobres e ricos, falei há pouco.
Pessoas pobres chegam ao estágio de mendicância, em muitas situações. No Brasil e no mundo.
São Paulo é a cidade mais rica do Brasil. É fato.
O Brasil é o 5º mais importante país do planeta. Em população e territorialmente falando.
Cerca de 95% população brasileira não têm sequer esgotos. Horror dos infernos.
Na cidade de São Paulo há, pelo menos, 30 mil pessoas em condição de rua.
Politicamente falando em situação de rua.
Entre os 30 mil cidadãos em situação de rua na Capital paulista, um acaba de ganhar notoriedade: Gilvado Alves.
Em resumo quero dizer o seguinte: Gilvado encontrou uma gostosa ricaça num dos faróis de Sampa e foi pra cima, com toda aquiescência dela. Transaram. Dentro do carro dela. O marido, um tal não-sei-quem, ficou chateado e resolveu processar o mendigo. 
Hmmmmm...
Ficção ou realidade é essa história que acabo de contar a vocês?
A literatura popular, e a música, registram com muita graça a história de homens que não aceitam ser cornos. 
Cornear os homens podem, mas as mulheres não?

CORRUPÇÃO TERCEIRIZADA

Meu amigo, minha amiga, você sabe quem é Dudu Bananinha?
O esquisito e perigoso presidente da República, Bolsonaro, diz que põe a cara no fogo pra defender o seu ministro da Educação, o coisa louca Milton Ribeiro.
E o Dudu Bananinha, hein?
Muita coisa esquisita tem ocorrido no Brasil desde que o figurinha Bozo sentou-se na cadeira de presidente da República, em 2019.
Pelo tom do apito, estamos afunhenhados. 
Dudu Bananinha e Bozo têm tudo a ver entre si: um é filho daquela e ele, também.
Bozo é uma tranqueira, sabemos.
Bolsonaro é uma tranqueira, sabemos também.
O ministro da Educação, um mau educado em todos os sentidos, foi pego com a mão na botija. Ele e seus apaniguados. Esses são pastores que, manipulados por Bozo, têm-se mostrado o que são: escrotos. 
Sei, sei, exagerei: escrotos tem uma função biológica. Mas essa é outra história.
Li há pouco no jornal O Globo notícia dando conta de que mais um pastor do esquema Bolsonaro, no MEC, está se locupletando com desvio de dinheiro do erário público. Quer dizer, nosso.
Refiro-me, aqui, a um tal pastor denominado Gilmar Santos.
Esse tal, em nome de Deus, acaba de abrir empresas para ferrar a gente do povo.
Empresas desse tal foram abertas na área de editoração e educação. Em miúdos: uma editora e uma faculdade.
Da onde veio a grana pra esse tal abrir o que acaba de abrir, hein?
Enquanto isso Bozo, Bolsonaro, diz aos trouxas que no seu governo não há corrupção.
Meu amigo, minha amiga, pela primeira vez na história recente do nosso País, a corrupção está sendo terceirizada.
Até cego vê a roubalheira e o desvio de grana oriunda de impostos.


E TEM MAIS:

Você lembra de um cara chamado Monark?
Pois é esse cara, depois de mostrar-se a favor da criação de um partido nazista legal no Brasil, está voltando para o ninho. Quer dizer, voltando para o Flow Podcast, onde faz e desfaz. Bolsonarista até a medula. Escroto.
Ei, você meu amigo, minha amiga, você lembra de um indivíduo chamado Adrilhes?
Esse aí, um tal, dizia abobrinhas terríveis e lamentáveis na rádio Jovem Pan. Foi demitido há poucos dias por bater continência à moda nazista. Pois bem, esse tal acaba de ser recontratado pela rádio Jovem Pan.
Ai, ai, ai...

quinta-feira, 24 de março de 2022

EU E MEUS BOTÕES (18)

Antes de puxar um tamborete pra nele me sentar, ficando assim mais à vontade, Mané foi logo perguntando: "Seu Assis, o sinhô acha que o Putin já perdeu a guerra? Pergunto isso porque só escuto críticas contra o presidente russo e que ele já matou muita gente".
Pergunta de procedência essa a sua, Mané. 
"O Mané tá ficando sabido", meteu-se na conversa Barrica. "É mesmo! O Mané tá ficando sabido. Nunca pensei que Mané fosse se interessar tanto por uma guerra", emendou Zilidoro.
O assunto é muito importante e está despertando a atenção do mundo todo. O mundo está em perigo. Mas respondendo à pergunta de Mané, digo simplesmente que o 1º round o Putin perdeu. Mas pelo pipocar das bombas, ele ganhará ao final dessa desgraça toda que está acontecendo no Leste europeu.
"Ele pode até ganhar, mas é certo que perderá", arriscou Jão.
"Concordo, numa guerra todos perdem. Mas é certo que o presidente ucraniano, Zelensky, já virou herói do mundo", disse Biu.
"O espantoso nessa história toda é a ação heroica do povo da Ucrânia. Esse povo é forte e está defendendo a sua terra como jamais imaginei", foi a vez de Zé dizer o que acha da invasão da Rússia à Ucrânia.
Paciente, a tudo Zoião observava. 
"Fala, Zoião. Por que tanto silêncio?", provocou Lampa cutucando as unhas com o seu inseparável punhal. "Fala, fala. Quero saber da sua opinião", insistiu Lampa com um sorriso maroto.
"Quem cala consente, diz um velho ditado. Mas, aqui, não é o caso. Eu calo porque não sei de nada. Estou aprendendo com vocês", disse Zoião causando surpresa a Zilidoro.
"Patrão, quero lhe fazer uma perguntinha", começou reticente Lampa. 
Agora impaciente, Zoião cutucou: "Desembucha logo, Lampa. O patrão está atento, ouvindo tudo".
"Eu queria saber do patrão o que é que ele acha de eu acionar a Associação Independente de Cangaceiros da Paraíba pra dar um jeitinho nesse tal de Putin. Lá na Ucrânia, é Ucrânia né? Tem muita gente morrendo pelas balas daquele presidentezinho russo...".
Achei graça e informei a Lampa que hoje o presidente norte-americano, Joe Biden, está em Bruxelas dando recado ao lado de representantes do G7, da União Europeia e da OTAN...
"Iiiih! O Putin vai dançar nessa", opinou Mané.
Eu disse a Lampa que a sua iniciativa é louvável, mas totalmente desnecessária.
Antes de terminar a nossa conversa, Barrica levantou a mão pra dizer que me viu num vídeo falando da guerra e corrupção no MEC. Pois é.

quarta-feira, 23 de março de 2022

CORRUPÇÃO EM NOME DE DEUS

Que Bolsonaro e seus filhotes são adeptos de práticas anti-republicanas, sabemos.
Que o governo Bolsonaro é um governo de berda, sabemos também. E tanto sabemos que foi não foi surge notícias dando conta dele e de apaniguados metendo a mão na coisa pública.
Aos tempos em que ainda era deputado em Brasília, Bolsonaro mantinha o péssimo hábito de contratar funcionários fantasmas. Um desses funcionários Walderice Santos da Conceição (Wal do Açaí). Aliás, a tal Wal declarou ao delegado que apura o caso que jamais pôs os pés em Brasília.
Agora, nesse último fim de semana, o Estadão publica notícia sobre mais um gabinete paralelo desse governo. A coisa funciona no Ministério da Educação, vejam só! Nesse Ministério há um pastor de nome Arilton Moura, que faz e desfaz em nome de Deus e do governo, claro. O tal cuida até da agenda do ministro Milton Ribeiro.
Um prefeito do Maranhão, Gilberto Braga, disse que recebeu de Arilton o pedido de um quilo de ouro para liberar recursos do Ministério para a sua prefeitura (Luis Domingues, MA, 354,9 km da Capital São Luís). E por aí vai a coisa e de modo tão natural que parece ser de fato natural o que natural não é.
E Bolsonaro ainda diz que não há corrupção no seu governo.
Enquanto isso, seus filhotes continuam mais sujos do que corda de amarrar porco.
Pois é, no campo do pastoreio há horrores. Pra ela achar, ouça:

terça-feira, 22 de março de 2022

JOSÉ RIELLI, 75

O sanfoneiro Giuseppe Rielli (1885-1947) foi o primeiro a gravar discos com esse instrumento, no Brasil. Era italiano e chegou ao País, com 7 anos de idade.
Giuseppe, José na nossa língua, começou a gravar discos pela Casa Edison no Rio de Janeiro, em 1914.
No correr da história, José Rielli gerou filhos e muitas músicas. Bela Paulista foi uma das primeiras a gravar, de sua autoria. Mas gravou também clássicos universais, como se diz.
Um de seus filhos mais famosos foi Rielinho, que deixou cerca de 300 músicas gravadas em disco. A sanfona era seu instrumento.
Não custa lembrar que José Rielli participou da gravação de algumas músicas famosas do compositor e maestro paulistano Alberto Marino (1902-1967).
Um viaduto ostenta o seu nome na Capital paulista.
Curiosidade: Rielli foi, junto com Atenógenes Silva, um dos afinadores de sanfona de Luiz Gonzaga.
Hoje faz 75 anos que o pioneiro Rielli morreu.
Fica o registro. 
Pra lembrar o velho Rielli:


AI, AI...

Outro dia cometi gravíssimo acidente no Instituto Memória Brasil, IMB. Quebrei, naturalmente sem querer, vários discos de 78 rpm. Entre esses discos o que trazia Bella Paulista. Aceito doações.

domingo, 20 de março de 2022

ABL TEM NOVO PRESIDENTE: MERVAL PEREIRA

Livros de Merval Pereira
 
De poucas falas, poucos livros e pouco riso o jornalista carioca Merval Pereira é o novo presidente da Academia Brasileira de Letras, ABL. A posse foi em 11/3, com a presença de jornalistas, artistas e, naturalmente, intelectuais da escrita.
Merval começou a carreira jornalística como estagiário do jornal O Globo, RJ, em 1968. Nesse jornal ele desenvolveu várias funções, inclusive a de editor.
A Academia Brasileira de Letras foi criada pelo jornalista e escritor Machado de Assis (1839-1908), em julho de 1897, inspirado na Academia francesa. Machado foi o seu primeiro presidente.
Nos primórdios a ABL só aceitava intelectuais masculinos.
Em 1977, a ABL abriu as portas para a primeira mulher: Rachel de Queiroz (1910-2003).
Depois de Rachel, a autora do clássico O Quinze (1929), a Academia também abriu a porta pra Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon e Ana Maria Machado.
Nélida e Ana Maria foram, até aqui, as primeiras mulheres a presidir a ABL.
A mais recente acadêmica é a atriz Fernanda Montenegro.
O baiano Gilberto Gil é o primeiro artista da música popular a integrar o seleto grupo de imortais da ABL. Convidado para esse time, Chico Buarque disse não.
Merval Pereira é, hoje, colunista do jornal O Globo e comentarista político da Globo News e da rádio CBN. Detalhe: Merval é o 55º acadêmico a assumir a presidência dessa casa.
A ABL já teve em seus quadros muitos jornalistas, entre os quais o mais novo deles: João do Rio.
Sei não, mas no próximo ano é bem possível que eu disputa uma cadeirinha da ABL. Se me aceitarem, prometo trocar o famoso chá das cinco por uma cachacinha da boa. Detalhe: e assumirei sem o fardão, que acho ridículo.
Você já ouviu falar do Instituto Memória Brasil, IMB? Clique: https:// institutomemoriabrasil.com.br/

sábado, 19 de março de 2022

ANIMAIS EM EXTINÇÃO

A ganância continua motivando pessoas sem escrúpulos, que atacam dia e noite nossas florestas para delas se locupletarem. 
Nessa escalada contra o meio ambiente, perdemos todos e os animais indefesos, inclusive.
Toda essa devastação ocorre diante do olhar cúmplice de autoridades. 
Ibama de braços cruzados, pouco ou nada faz.
O presidente e seus apoiadores fazem de conta que nada veem. Ao contrário, incentivam a destruição do nosso meio ambiente.
Milhares e milhares de animais estão em fase de extinção.
Nos últimos 8 anos, o número de animais que podem desaparecer das nossas terras dobrou. A comprovação está na nova lista da Conabio, Comissão Nacional da Biodiversidade.
Entre os animais que podem desaparecer definitivamente no Brasil está o guaiamum. A propósito, o guaiamum já foi tema de música popular. Ouça:


Para mais detalhes, clique: Lista de animais ameaçados de extinção no Brasil dobra em oito anos

sexta-feira, 18 de março de 2022

CULTURA PRECISA DE PRODUTOR E PRODUÇÃO

Elielma, agora produtora cultural
Há uns anos fui convidado e aceitei a fazer uma série de palestras no interior paulista, para prefeitos recém eleitos. O convite partiu da direção do SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Nessas palestras, abrilhantadas nos intervalos por Téo Azevedo, à viola, eu mostrava a importância da cultura popular ante a sociedade como um todo. 
Em Presidente Prudente, conheci o prefeito Itamar Borges.
Cultura dá dinheiro, prestígio e emprego. 
A figura do produtor cultural é importantíssima.
No mercado faltam especialistas. Mas há cursos, aqui e ali, que visam aperfeiçoar candidatos à profissão. 
Ontem 17, a pedagoga pernambucana Elielma Maria Coelho Carvalho Lopes concluiu o curso de Gestão de Projetos Culturais, pelo SESI, Serviço Social da Indústria. Está satisfeita. O curso, segundo ela, durou 7 meses. Diz: 

Como produtora cultural no ano de 2011 escrevi dois projetos no ProArt da Secretaria de Educação de São Paulo (SME) realizamos 21 shows nos CEUs da cidade, só que eu não entendia muito do riscado por isso passei a produção para outra pessoa.
Em 2020 depois de muita luta dos forrozeiros de São Paulo, incluindo o esforço do meu esposo Cacá Lopes em prol do forró, saíram os primeiros recursos do poder público de fomento ao forró, através de uma lei voltada para esse gênero musical.
Fui estimulada pela Isabel Santos a escrever um projeto para ele, como não tinha experiência ela me indicou a Suelen Garcez, produtora experiente. Rascunhei um projeto, passei para Suellen fazer os ajustes necessários e fomos contemplados com o Projeto Abraços e Versos: Um Encontro entre o Forró e o Cordel (ver link, abaixo). Além desse, em 2020 escrevi outros dois. Um projeto solo chamado de Patativa à Gonzagão pelo Proac LAB – Secretaria Estadual da Cultura de SP e um do Coletivo Sarau Bodega do Brasil pela Lei Aldir Blanc e em ambos fomos bem-sucedidos. É isso, quero aprender e saber mais sobre o tema, só assim vou contribuir efetivamente com a cultura.

Produtores profissionais, como empresários e captores de recurso, são necessários para a valorização de artistas e intelectuais. Eu mesmo conheço muita gente boa que se tivesse alguém capacitado ao seu lado ganharia, com mais rapidez, os espaços naturais a eles reservados ou dedicados.
Daqui mando meu abraço certo de que Elielma Carvalho conseguirá alcançar o que pretende como Produtora Cultural.

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