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quarta-feira, 1 de abril de 2009

DIA DA MENTIRA

Abram alas! Chego hoje e chego tarde na forma de blog, lembrando que o turbulento dia 1º de abril de 1964 rompeu a barra dos trópicos trazendo horror, mordaça e morte para quem discordasse fosse do que fosse. Como na incrível história de Kafka, em que um cidadão acorda metamorfoseado em barata, de uma hora para outra o Brasil acordou suado, assustado, suspeito, perseguido. Por trás daquilo, empresários influentes e políticos direitistas passavam cheques em branco e davam o aval que o sistema pedia em nome da lei e da ordem para engolir suas presas. À frente, uma junta militar mal humorada fazia e desfazia o que queria sob as garras do general Humberto de Alencar Castelo Branco. Pois bem, embora conhecido por Dia da Mentira em todo canto, aquele inesquecível 1º de abril acabaria por se tornar diferente dos outros, ao portar uma realidade chocante, terrível, que se estenderia por duas décadas inteiras, amortecendo mentes e corações e prenunciando a criação de um Estado de exceção: os “anos de chumbo”, que vieram à tona com a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), na fatídica noite de dia 13 de dezembro de 1968. ///// Na tarde do dia 26 de março último, na área de convivência do SESC Consolação, ali na Dr. Vila Nova, o passado possibilitou lembranças entre mim e a atriz Vanja Orico. Ela: – Eles (soldados) me prenderam apontando armas. Eu disse: “Não atirem, somos todos brasileiros”. A fama ou o fato de ser filha de um embaixador (Osvaldo Orico), ou ainda um milagre, impediu que a atriz de Latuada e Felini tivesse destino a ser lamentado, ao se atirar contra veículos militares no Rio de Janeiro, na tarde de 24 de outubro de 1968, Entre uma fala e outra, ela chegou a cantar na língua dos russos. Vejam e ouçam. ///// Logo mais à noite farei palestra numa unidade do Rotary Clube, na região paulistana de Interlagos. O tema é educação; coisa de que tanto carecemos, não é mesmo?