É phoda.
Aqui neste espaço, eu disse anteontem e ontem da minha profunda tristeza por haver gente do meu Nordeste da laia e calibre horroroso de um Renan, de um Collor, de um Sarney e de tantos outros.
Sim, essa raça não presta!
É suja que só.
Tenho vergonha da maioria da bancada política nordestina, nas diversas esferas políticas em que agem...
O Brasil e nós brasileiros perdemos todos com a decisão tomada hoje pelo tal Conselho de Ética do Senado, que, por não sei quantos votos, enfiou debaixo do tapete as safadezas do rei do Maranhão, Sarney, eleito, aliás, com voto de cabresto pela gente humilde do Amapá; sofrida, manipulada, como manipulada continua sendo boa parte da gente trabalhadora do Acre, terra do Norte também cheia de nordestinos desde o começo dos anos de 1940 quando o pai dos pobres, Getúlio, enrolou os cearenses e outros do Nordeste para arrancar leite de árvore na Amazônia e, assim, “honrar” contrato com a praga do Tio Sam, durante a 2ª Grande Guerra.
Nesse ponto, um detalhe: os Aliados ganharam a guerra, mas em nenhum momento foi ressaltada a importância dos nordestinos, que viraram escravos na Amazônia, obrigados a tirar borracha de pé de pau para atender as necessidades bélicas dos vitoriosos...
O tal Conselho, como se sabe, resolveu arquivar todas as denúncias contra o bigodudo do Maranhão eleito pelo Amapá – repito – e que chegou (por acaso?) a governar o Brasil em proveito próprio; se vê hoje, ontem e anteontem...
Pura que pariu!
Como é que um cara desse naipe pode dormir em paz, Deus do céu?
E os cordelistas deste País onde estão que não escrevem e nem publicam nada a respeito?
A Constituição de 88 é democrática e nos permite dizer o que achamos sobre tudo, inclusive sobre políticos desonestos.
Ano que vem é ano de eleição, de novo.
Será que vamos acertar na escolha de boa gente para nos representar nos nossos anseios por um país melhor?
Acordemos gente, antes que nos manietem e nos calem.
O que diria Patativa do Assaré, hein?
Para ilustrar, um de seus belos poemas: Eu Quero.
Quero um chefe brasileiro
Fiel, firme e justiceiro
Capaz de nos proteger
Que do campo até à rua
O povo todo possua
O direito de viver
Quero paz e liberdade
Sossego e fraternidade
Na nossa pátria natal
Desde a cidade ao deserto
Quero o operário liberto
Da exploração patronal
Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha
Eu quero o agregado isento
Do terrível sofrimento
Do maldito cativeiro
Quero ver o meu país
Rico, ditoso e feliz
Livre do jugo estrangeiro
A bem do nosso progresso
Quero o apoio do Congresso
Sobre uma reforma agrária
Que venha por sua vez
Libertar o camponês
Da situação precária
Finalmente meus senhores,
Quero ouvir entre os primores
Debaixo do céu de anil
As mais sonoras notas
Dos cantos dos patriotas
Cantando a paz do Brasil.
Antonio Gonçalves da Silva (foto acima), cuja biografia escrevi em 1999 (O Poeta do Povo, Vida e Obra de Patativa do Assaré, CPC-Umes; esgotado), é um dos personagens do filme O Milagre de Santa Luzia, do cineasta Sérgio Rozemblit, que assistirei sexta que vem. Aliás, a coleguinha Erika Teixeira, da Foco Jornalístico Assessoria de Imprensa, me faz uma correção: a sessão é aberta a qualquer jornalista, portanto não é pré-estréia. “A pré-estréia é segunda 24”, ela corrige.