Leon partiu no meio da tarde de segunda e não de madrugada, como escrevi.
Ele esteve em Sampa no sábado, participou de uma festinha de aniversário de uma neta que acabara de fazer 18 anos. Depois, sempre alegre, seguiu para um encontro com amigos na região da Sé. Em seguida, já no domingo, pegou o carro e foi dirigindo até o Rio de Janeiro, onde também se encontrou com amigos e amanheceu no dia seguinte em Jacarepaguá, aparentemente bem de saúde. Falou da vida, de planos, riu, tomou uma cervejinha com outros amigos, almoçou e se despediu de todos após uma dorzinha besta aparecida no peito sem ser chamada. E pronto, foi assim que tudo aconteceu. Foi assim que o criador do Revivendo partiu.
Era daqueles caras, o Leon, que dificilmente dizia não a um amigo; ou mesmo a um desconhecido que o procurava, por exemplo, aflito pedindo uma gravação musical dos tempos de ontem.
Certa vez lhe pedi determinada cópia de uma partitura do Capitão Furtado.
Fui atendido.
Outra vez pedi que escrevesse algo sobre o grupo Demônios da Garoa, para o livro Pascalingundum. Respondeu que nunca escrevera nada, tampouco prefácio ou algo do gênero. Escreveu e publiquei.
Enfim era Leon uma pessoa admirável, solícita, como poucas que conheço.
Gostava de todo mundo, menos de piratas.
Ah! Os piratas.
O leitor José Carlos escreveu:
“Meu caro amigo Assis, todos vamos partir um dia, mas tem certas pessoas que deveriam ficar um pouco mais. É o caso do Sr. Leon Barg”.
Outro, o compositor Bismael Moraes, escreveu:
“Li com tristeza a notícia da morte do pernambucano/paranaense Leon Barg, criador do selo Revivendo, que salvou muitas composições do começo do século 20, no Brasil. Lembro-me de gravações de Francisco Alves, Augusto Calheiros, Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Ademilde Fonseca e outros, além de músicos como Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Luperce Miranda e tantas glórias musicais vividas e revividas. Uma pena. Receba um abraço e os votos de muita paz, sempre acreditando nas artes do Brasil”.
Amém.
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Como avisei ontem, aconteceu hoje o lançamento do livro Carinhas (os) Urbanos (os), Diálogos com a Cidade, de Luciana Fátima e Arlindo Gonçalves, no Bar Brahma. É um livro bonito, recheado de textos poéticos e fotografias incríveis, em p&b.
Munidos de máquinas fotográficas, o par de autores bateu pernas pela cidade que Nóbrega e Anchieta inventaram em janeiro de 1554.
O resultado desse passeio não poderia ter sido melhor.
Do detalhe de uma fachada localizada na esquina das ruas três de Dezembro com Quinze de Novembro, por exemplo, resultou a observação exposta à página 22: “Na crueza do concreto nasceu uma flor. Em meio ao duro asfalto uma plantinha desponta. Por entre tantos edifícios asas coloridas lutam para mais alto voar. Ao contrário do que todos pensam, meus olhos cinzentos enxergam a vida da cidade”.
No livro muito bem feito pela Editora Horizonte, acham-se rostos esculpidos em bronze, mármore e cimento escondidos em locais impossíveis aos olhares rápidos dos transeuntes apressados no dia-a-dia sem volta, como o que se vê à página 31 extraído de um prédio da Praça Clóvis Bevilacqua, no centro da cidade. E o texto: “A imortalidade de um gesto pode ser vista no frio detalhe do concreto. O calor de uma emoção pode ser sentido nas fachadas de alguns gigantes que resistem”.
Numa palavra: esse livro de Luciana e Arlindo é uma pérola não para ser guardada, mas para ser exibida a todos quanto gostam do belo escondido na mais cosmopolita cidade brasileira, que é São Paulo. Ambos estão de parabéns, como a editora Eliane Alves de Oliveira.
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O cantor e compositor da linha caipira, dos bons, Victor Batista (www.ictorbatista.com.br) manda avisar que a partir das 21 horas do dia 17 que vem, sábado, estará gravando seu primeiro DVD ao lado do violinista Galba, do baixista Ricardo Zohyo e do percussionista Rômulo Albuquerque, no Teatro da Vila, à Rua Jericó, 256, Vila Madalena, cá em Sampa.
Vale levar amigo, amiga, namorado, vizinho etc.
A entrada é 0800, isto é: franca.