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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

OS MIL GOLS DE PELÉ; BUDA RAM E O PADRE CÍCERO

Há quase um ano, o adolescente nepalês Ram Bohadur Bomjan está arrastando multidões a Nijgadh, lugarejo distante cerca de 160 quilômetros da capital do Nepal, Katmandu, onde, na posição de lótus e debaixo de uma árvore centenária que não se balança ao vento, tomou gosto pelo vício de não comer, beber e imitar Dorival Caymmi no sadio e sagrado exercício de não fazer nada.
Pois bem, assisti o documentário do Discovery Channel e logo me lembrei de fenômenos parecidos, seja: de pessoas que provocam a curiosidade de outras e, por isso, fazem um rebuliço danado na região em que vivem ou andam.
O padre Cícero era craque no assunto.
O rei da voz Chico Alves, também
Idem Orlando Silva, não à toa chamado de Rei das Multidões.
Quando morreu, Getúlio levou o Brasil todo às ruas e à loucura.
Um chororô danado.
Tancredo parou São Paulo, também quando partiu.
Padre Cícero arrastou na vida e na morte gente de todo canto para vê-lo em Juazeiro do Norte, CE.
Depois de excomungado pela Igreja Católica, está ele, o padre, em vias de virar santo.
No tocante à religião, Juazeiro é a maior cidade do País; espécie de Meca, cidade saudita para onde acorre uma vez por ano o mundo todo árabe, para se arrepender dos pecados cometidos e a serem cometidos.
Lembrar do Padrim é lembrar também de Maria de Araújo, aquela do milagre da hóstia ensangüentada ocorrido no dia 1º de março de 1889, e que a boca do dos peregrinos nordestinos sacramentou santa.
Lembram disso?
Cícero ficou de calças curtas, isto é, de batina curta e obrigado a se justificar em Roma perante o Papa Leão XIII, no ano de 89 do século 19. Mas nem isso impediu que fosse excomungado pela mão-de-ferro que sempre caracterizou a madre-mãe Igreja Católica que inda faz o medievo baiano Elomar Figueira de Mello, meu amigo, se arrepiar todo; pois embora católico, me disse ele um dia, não é “apostólico romano”.
Mas, atenção, não confundir a beata Maria de Araújo com a beata Mocinha, de batismo Joana Tertuliana de Jesus, tesoureira e secretária especial do Padrim.
Vejam lá, hein?
Inda hoje reina uma confusão dos infernos em torno desses dois nomes e o fato em si, sangrento, que gerou lenda.
Confusão, diga-se, que levou o rei da embolada Manezinho Araújo a se enrolar todo na hora de fazer a valsa Beata Mocinha, que o rei do baião Luiz Gonzaga gravou no dia 29 de agosto de 1952 e lançou em novembro do mesmo ano, pela extinta RCA Victor.
À guisa de informação, acrescento: o disco com essa gravação, primorosa, de nº 80.1015, traz no lado A o Baião de Vassouras, com Os Cariocas.
Isso quer dizer o seguinte: foi um disco historicamente dividido entre um cantor/compositor/sanfoneiro, Gonzaga, e um grupo musical chamado Os Cariocas, de grande prestígio enquanto existiu.
No mínimo curioso, não?
Mas eu estava falando mesmo era do rapazote Ram Bomjan.
Bomjan é de um mundo muito especial, cheio de esquisitices, segredos, mistérios.
O Nepal, país localizado no mundo asiático, na encosta do Himalaia, perto da China e da Índia, lugar de passagem de Cristo, é pobre e cheio de contradições.
Uma espécie de Juazeiro do Norte, digamos, ou a Canindé das bandas do Ceará.
O moço nepalense que está sendo chamado de novo Buda tem obrado milagres pra familiares, digas-se, com seu jeitão simples de chamar atenção para coisas sem explicações nesta vida.
O seu caso me lembra também o caso de Tambaú, no interior de São Paulo, onde o padre Donizete fez e desfez e por pouco não levou ao linchamento físico do meu querido amigo Otávio, chargista dos grandes de atuação inesquecível no extinto jornal Folha da Tarde, do Grupo Folhas, onde trabalhei.
E tudo isso para dizer, ao fim, que parei de beber leite; vez que Ram não come, não bebe...
Osvaldinho da Cuíca também não é chegado a líquidos. Melhor: não bebe água, leite, suco...
Acho que vou virar santo.
Ah!
Hoje faz 40 anos que Pelé, o rei do futebol, marcou seu 1000º gol. Foi no Maracanã, de pernas bambas, contra o Vasco. De pênalti. Na ocasião, não entendido por muitos, ele chamou a atenção para o descaso que já à época se dava à criança brasileira, abandonada.
Vocês já assistiram Pelé Eterno? É um belo filme. Dele sou consultor musical.
Fica o registro.
Viva Pelé!