A campanha política este ano está insossa.
Aliás, nem parece que teremos eleição para deputados estadual e federal, senador, governador e presidente daqui a menos de um mês.
Não há cartazes nas ruas indicando isso.
Não vejo distribuição de “santinhos” e alto-falantes ressoando nomes de candidatos.
Ao contrário das eleições anteriores, não vejo bandeirinhas tremulando com cores de partidos nas grandes avenidas e esquinas da cidade.
Não fosse o enfadonho e caro humorístico na televisão e rádio, no ar diariamente, estrelado por um “cast” de candidatos a raposas e reincidentes prometendo mundos e fundos aos desavisados, dificilmente saberíamos que a campanha já está quase no fim.
O curioso é a repetição dos temas abordados: educação, emprego, moradia, saúde, transporte, enfim, o paraíso à mão neste inferno sem fim de Dante que vivemos.
Mesmo assim, eu gostaria que o tema cultura popular fosse incluído entre as promessas e discussões postas à baila pela multidão de candidatos que se atira a nossa frente em busca de voto, em desespero.
É preciso cuidado na escolha dos candidatos, pois serão eles que nos representarão nas diversas esferas do poder e das decisões políticas do País.
Nada de voto de protesto.
Quem não se lembra de Cacareco, hein?
E do Enéas?
Pois bem, cultura popular é assunto que cabe perfeitamente nas escolas da rede de ensino do País.
São os polpíticos os responsáveis por atrasos e avanços na vida brasileira.
Há dois anos fui convidado pelo SEBRAE para falar sobre o tema a prefeitos recém eleitos, no interior de São Paulo. Em Presidente Prudente, conheci um cidadão chamado Itamar Borges, ganhador do 1º lugar (nível nacional) do Prêmio Empreendedorismo.
Itamar foi prefeito três vezes da cidade em que nasceu, Santa Fé do Sul.
Em 2008, ele recebeu a aprovação de 95% da população.
É o Lula de lá.
Agora ele está em campo disputando uma cadeira na Assembléia Legislativa.
Lembro que foi uma das pessoas mais atentas à palestra, querendo saber, depois, um pouco mais a respeito do assunto.
Não me fiz de rogado e disse que cultura popular é coisa séria, parte importante na formação das pessoas; a digital de um povo, a identidade de um país, de uma nação, e que sem ela o país, qualquer país, fica capenga, mais pobre etc.
E disse mais: que cultura popular também é um excelente produto para grandes mercados, inclusive do Exterior: dá emprego e rende dividendos em todas as áreas da administração pública ou privada.
Ele entendeu e abraçou a questão, dando destaque entre suas metas como deputado se for eleito.
Se depender do meu voto, ganha.
Noutra ocasião, no Congresso Nacional, falei da necessidade de se levar de volta às escolas o tema música popular, como matéria extracurricular.
Foi aprovado.
Também aprovada pelos congressistas foi a sugestão que dei à deputada Luiza Erundina, de criar o Dia Nacional do Forró.
Por quê?
Porque forró, uma invenção do rei do baião Luiz Gonzaga e do seu parceiro Zé Dantas, é parte autêntica da nossa cultura; é cultura popular, como a ciranda, o frevo, o samba, bumbá, cavalhada, mitos, lendas, adivinhações etc., e o dia objetiva exatamente isto: levar à discussão a questão cultura popular.
PS: a foto acima é um flagrante da palestra, em Presidente Prudente. Na ocasião, levei o cantador Téo Azevedo e mestre Adão da Viola, para uma apresentação ilustrativa.