Páginas

segunda-feira, 14 de março de 2011

VERSOS AGALOPADOS PARA INEZITA BARROSO

Hoje 14, dia do nascimento de Antônio Frederico de Castro Alves, baiano de Curralinho, é comemorado o Dia Nacional da Poesia. Não por acaso, hoje também o mestre do teatro de mamulengos de Pernambuco Valdeck Garanhuns pôs ponto final nos versos que fez para homenagear a paulistana Inezita Barroso, que no último dia 4 completou 86 anos de vida, quase todos, aliás, dedicados ao estudo do folclore brasileiro. Detalhe: foi na capital recifense que ela começou a carreira de artista que a consagrou em todo o País.
Os versos de Valdeck, que têm por título Um Galope Beira-mar* à Inezita Barroso, são estes, exclusivos para o blog:

Andei procurando no meu pensamento
Nas cordas sonoras do meu coração
No belo vernáculo da nossa nação
As frases mais belas pra esse momento
Palavras sublimes de bom sentimento
Que possam dizer como somos felizes
Em tê-la conosco com tantos matizes
Exemplo de vida pra bela natura
Fiel defensora da nossa cultura
Cantando as belezas das nossas raízes.

Madrinha serena da musa viola
De nós cantadores, bardos menestréis
Imortalizada em nossos cordéis
Cantando e falando aos néscios amola
Sem substituta pra passar a bola
Mantém com firmeza a sua carreira
Foi lá em Recife que a moça brejeira
Fez o seu início profissional
No Santa Isabel se mostrou genial
E na Rádio Clube bem alvissareira.

Eu falo de alguém que o sabido conhece
E quem não conhece não é vencedor
Porque não contempla o perfume da flor
E se não contempla é porque não merece
Quem lhe ouve cantar jamais se esquece
Da voz, da postura, do jeito fagueiro,
Do jeito paulista, do jeito mineiro,
Do mato-grossense, do pernambucano
Cearense, gaúcho, carioca, baiano,
Do jeito da gente, do ser brasileiro.

Já desde pequena talento mostrou
Cantava, tocava, piano, violão.
A música incrustada no seu coração
À nossa raiz ela se fixou
Cresceu floresceu o fruto brotou
Saudável já teve reconhecimento
Vingou madurou é puro alimento
Pro corpo pra alma nutrindo as pessoas
Que se forem más transformam-se em boas
Com o canto sonoro do seu argumento.

Viola, cantiga, poema e programa
Há anos e anos na nossa cultura
Não sai do viés é porta segura
Aberta pra quem a respeita e ama
É um teorema, sutil diagrama
Na Arte Real três pontos compreende
O que estou falando só ela entende
Descende de gente que usa avental
Que cava masmorras ao vício letal
E entre colunas o amor se estende.

Agora esse livro que narra a infância
Que nossa Zitinha alegre e segura
Viveu em contato com nossa cultura
E vive até hoje sem ter jactância.
Escreve Assis Ângelo com muita elegância
Cortez já publica a obra bonita
A gente se encanta com a bela escrita
Que conta a história da Ignez criança
Artista do povo, legado herança
Menina Zitinha, mulher Inezita.

Personificada na literatura
Meu livro também contém sua escrita
Caminhe, continue, assim tão bonita
Que a sua cantiga exala brandura
Meu muito obrigado por nossa cultura
Que vive em você momento garboso
Seu eu porte jovial modesto treloso
Lhe deixa por dentro do verso e da rima
Ignez Magdalena Aranha de Lima
A nossa rainha Inezita Barroso.

* Na origem, o galope beira-mar, ou à beira-mar, obriga o versejador a findar cada estrofe com a expressão “galope na beira do mar” ou "galope à beira-mar". Há três tipos de galope: um em sextilhas decassilábicas, com rimas nas linhas pares; e outros dois em estrofes de dez versos heptassílabos e hendecassílabos. Valdeck preferiu uma variante da forma clássica em décimas, cuja regra rimática é: ABBAACCDDC.