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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

INEZITA BARROSO E SUAS HISTÓRIAS

Hoje a Inezita tava que tava, toda falante.
Ligou pra pedir desculpas por ter demorado pra dar retorno à ligação que lhe fiz ontem, no começo da tarde. Desculpou-se dizendo que acabara de almoçar e partira para atender recomendação médica, de descansar um pouco, pois já não se acha a mesma menina que retrato no livro que escrevi a seu respeito.
Mas, como não poderia deixar de ser, aproveitou para dizer que isso não é motivo de lamentação, não. Que ta, que ta, sem perder, por exemplo, uma gravação sequer do programa que apresenta há 31 anos, interruptamente, Viola Minha Viola, pelo canal 2 da TV da Fundação Padre Anchieta, de São Paulo.
E foi falando, falando, e eu ouvindo suas deliciosas histórias.
Falou em tom crítico sobre a invasão da Reitoria da USP por estudantes, elogiando, no episódio, a posição do governador Alckmin. Falou de Papete, "um grande artista, que me fez muito bem ao participar recentemente do meu programa". Falou de suas viagens pelo País afora, algumas ao lado de Oswaldinho do Acordeon, "que era muito bonito e despertava paixões na mulherada". Elogiou também a dupla de comediantes do Zorra Total, Janete e Valéria. Disse que Tom Cavalcanti, coitado, está perdido, sem graça, na Record. E deu uma cutucada na Hebe:
- Imagina, quando era menina ela já era profissional de TV. Eu tenho 86 anos e ela 76, pode?
Em seguida, contou histórias engraçadas ocorridas em casa e fora de casa.
Em casa, lembrou que uma vez uma cunhada, grávida, chamou a atenção de sua filha, Marta.
O diálogo:
- Tia, por que você ta com esse barrigão?
A tia gostava de responder a tudo que lhe perguntassem, viessem as perguntas de onde viessem inclusive da cacholinha das crianças. E ficou pensando, pensando, numa boa resposta quando foi interrompida:
- Tia, você não vai me enganar dizendo que aí dentro tem um bebê que você engoliu, né?
Outra.
Inezita um dia levou a menina para assistir a um ensaio de orquestra, sob a regência do maestro Segesfredo (Fêgo) Camargo, pai de Hebe.
E ela, a menina, foi se aproximando, se aproximando ate ficar frente à frente com um violoncelo.
Curiosa, Inezita perguntou:
- De qual instrumento você mais gostou?
E ela:
- Daquele, que parece um violãozinho de índio.
Era o Cello.
Esta ocorreu com ela mesma, Inezita.
Convidaram-na para um evento alusivo a um aniversário da extinta TV Tupy, no Memorial da América Latina.
Lá pras tantas, a apresentadora anunciou pêsames pela morte da cantora e atriz Wilma Bentivegna.
Na platéia, sentadas, Inezita e a própria Wilma.
As duas se entreolharam, se levantaram e foram embora.
Wilma morreria muito tempo depois, no começo deste ano de 2011, aos 81 anos.