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sábado, 3 de dezembro de 2011

LEITE MATOU CARLOS PARANÁ, HÁ 41 ANOS

Eu não conheci o compositor paranaense Luiz Carlos Paraná, morto no Hospital Oswaldo Cruz em São Paulo num dia e mês como os de hoje, 3 de dezembro, há 41 anos.
Quem sempre me falou a seu respeito, e muito bem, foi o autor de Ronda e Volta por Cima Paulo Vanzolini, seu amigo e parceiro no Jogral dos movimentados anos de 1960 e 70.
O Jogral, que teve endereço ali na Galeria Metrópole, no centro de Sampa, marcou época.
Lá Vanzolini chegava a fazer vezes de garçom e, entre uma prosa e outra, bebericava, sem culpa, com um ou outro frequentador.
Também ora ou outra arriscava cantar, contar causos e declamar antes de se "apresentar" à seleta platéia no melhor estilo dos cantadores repentistas do Nordeste, em sextilha:

Eu sou Paulo Vanzolin
Animal de muita fama
Que tanto corre no seco
Como na varge de lama
Mas quando o marido chega
Corre pra baixo da cama

O Jogral foi um lugar one se podia beber e ouvir música de qualidade.
Era frequentado por intelectuais e artistas do naipe de Martinho da Vila, Luiz Gonzaga, Ismael Silva e o bom Manezinho da Flata, sobrinho de Pixinguinha. .
Lá Paraná também cantava, tocava e servia a todos com sorrisos de paz e alegria.
Ele era o dono do ambente, como Paulo.
A obra de Paraná é pequena no tamanho, mas não no requinte e grandeza.
De Paulo, Paraná gravou alguma coisa como Capoeira do Arnaldo.
De Paraná muitos gravaram, entre os quais Adauto Santos, Cascatinha e Inhana e Roberto Carlos, que defendeu Maria Carnaval e Cinzas no III Festival de MPB em outubro de 1967, classificando-a em 5° lugar, para insatisfação de muitos.
Naquele tempo e naquele templo, tudo era festa.
Luiz Carlos Paraná nasceu em 1932 e morreu, de cirrose, em 1970, sem nunca ter ingerido uma gota sequer de álcool.
Só leite, pode?
Por isso, acho que leite faz mal.
O Paulo também, que foi radical e parou de compor desde o fim de Paraná, embora contnui tomando umas e outras em sua homenagem.
Inezita, que dizem andar meio adoentada nos seus 86 anos, concorda também.
Outro dia, ela me disse que vai trocar de médico.
A razão, explicou:
- Ele está com a idéia de me tirar do paladar o gostinho do bom vinho.
E caiu na risada.
Ah! Esses médicos de hoje!

RESTAURANTE ENVENENA SÓCRATES


Pena: mais uma vez Sócrates (na foto aí ao lado comigo, nos tempos de democracia corintiana) volta ao hospital Einstein para tratamento. Foi quinta à noite, em estado grave. E mais grave: vítima de intoxicação após almoço num restaurante de São Paulo, ao lado da mulher, Kátia, e de um amigo.
A mulher e o amigo também passaram mal, segundo Juca Kfouri no seu blog posto há pouco no ar.
Outros absurdos, como esse do envenenamento do cidadão Sócrates num restaurante de Sampa, leio no espaço livre da Internet.
Dizem que ele está com problemas de saúde porque bebe etc. e tal.
Ora, pro inferno tais falas!
Cada um cuida de si como acha, pode e deve.
A Sócrates o que é de Sócrates, inclusive o direito de viver - e morrer - como quer.
Que restaurante é esse, hein, Juca?

MÁRIO LAGO
Atendendo a convite do agitador cultural da Benedito Calixto, Edson Lima, falei ontem à noite na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima sobre outro grande brasileiro: Mário Lago, jornalista, advogado, ator, poeta, escritor, o escambal. Mário foi um cidadão que acreditou enormemente na vida e no ser humano. Queria um Brasil melhor e viver 100 anos. Ele deixou nas suas ações a beleza de viver, ao participar de tudo que indicasse o caminho do bem-estar coletivo, independentemente de raça, cor e religião. Em todos os momentos ele procurava dar cor à vida, até na prisão por onde várias vezes passou acusado de ser comunista. Sim, Mário Lago foi um dos maiores revolucionáros brasileiros do século XX. Deixou saudades e uma extensa e bela obra. Viva Mário!