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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

INEZITA BARROSO É SHOW!


Eu e Inezita Barroso subimos ontem à noite ao palco do teatro do Sesc Santana, para um rapidinho dedo de prosa.
Como previsto, eu falei e ela cantou.
A cantora-símbolo da boa música brasileira desde São Paulo respondeu com graça e naturalidade às perguntas que lhe fiz diante de uma platéia atenta e participativa.
Ela começou dizendo que ainda sente um friozinho na barriga toda vez que começa um show, seja para pequeno ou grande público.
Depois, contou da sua enorme paixão por São Paulo e a razão que a levou a interpretar o mundo caipira pela via da música.
Falou de Mário de Andrade e que a timidez a impediu de conversar com ele, seu vizinho no bairro onde residiam, Barra Funda, tradicional ninho do samba de Sampa.
No correr do espetáculo, que durou 1h37mim, ela fez o que nunca faz: situar as músicas do repertório num contexto histórico, pessoal e impessoal, de modo claro e objetivo.
Foram 15 obras apresentadas, incluindo valsas, sambas e modas de viola.
A primeira foi Serenata, obra-prima de Martins Fontes e Mary Buarque, sua professora de canto e piano nos anos de 1930, seguida de outras igualmente belas: Urutau, de Lamartine Paes de Barros; Rapaziada do Brás, de Alberto Marino; As Brabuletas (DP); Colcha de Retalhos, de Raul Torres; Chuá, chuá, de Pedro Sá Pereira e Ari Pavão; Divino Espírito Santo, de Torrinha e Canhotinho; Viola Quebrada, de Mário de Andrade; Bonde Camarão, de Cornélio Pires; O Batateiro, de Zica Bergami; Na Serra da Mantiqueira, de Ary Kerner; Ronda, de Paulo Vanzolini; Moda da Pinga (DP); Perfil de São Paulo, de Francisco de Assis Bezerra de Menezes; e, sob uma chuva de vivas e aplausos Lampião de Gás, de Zica Bergami.
Na noite anterior, durante o coquetel de abertura da instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, no já referido Sesc, Inezita foi apresentada a familiares de Alberto Marino, autor de Rapaziada do Brás, e disse, no show, que queria revê-los.
Disse também em público sentir a falta de Sylvia, filha de Zica Bergami, autora de Lampião de Gás.
Ao falar de Paulo Vanzolini, contou como ocorreu a gravação de Ronda, em 1953: por acaso esse samba foi gravado.
Há muito não se via um espetáculo musical tão completo e bonito.
PRÊMIO
- Inezita Barroso mais uma vez foi agraciada com troféu do Prêmio Governador do Estado. A solenidade, que teve à frente Geraldo Alckmin, ocorreu na última noite de 24, no Palácio dos Bandeirantes. A cantora educadamente declinou do convite de premiação para estar presente na inauguração da mostra Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, cuja visitação ela recomendou ao público durante a sua apresentação ontem, no teatro do Sesc Santana.