Inezita realmente é única.
O telefone toca e antes de cair numa baita risada, ela diz quase atropelando as palavras:
- Acabei de vir de um baile no Sírio Libanês!
O “baile” a que se refere é a bateria de exames que seu médico carrasco determina que faça de tempos em tempos, no Hospital Sírio Libanês.
- E você sabia Assis - ela recomeça, sempre rindo -, que agora não há mais médico nos hospitais, que tudo agora é feito por máquinas? Nesse ritmo, logo, logo viraremos robôs.
E tome outra risada!
- E é tudo muito caro, veja você. Outro dia mesmo, eu tive de pagar R$ 900,00 por uma consulta. E olha que tenho plano médico, imagina se não tivesse.
Ela está alegre, principalmente porque está melhor de saúde e já na próxima quarta volta à frente das gravações do seu programa, o de maior audiência da TV Cultura: Viola Minha Viola.
Mudando de assunto, ela quer saber como anda de visitação a mostra Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, que diz ter gostado muito.
- Pelo menos a noite de abertura foi bonita, não foi?
Foi, sim, e pela primeira vez - e isso ocorreu no último dia 25 - ela fez um show com teatro lotado contando a história de cada música inserida num repertório de 15 que escolhemos juntos, todas a ver diretamente com a vida da capital paulista.
De novo mudando de assunto, Inezita conta que acabara de dar uma entrevista a um repórter do jornal Correio da Paraíba e que falou bastante de mim e do livro que escrevi a seu respeito, A Menina Inezita Barroso; embora o principal assunto fosse a caixa com seis CDs - O Brasil de Inezita Barroso - que acaba de chegar ao mercado por iniciativa de seu organizador, Rodrigo Faour, mas que ela ainda não ouviu nenhum, por uma razão: ainda não recebeu exemplares da caixa que reúne 89 músicas que gravou entre 1955 e 1962.
Nesse ponto, ela para de rir e revela com certa raiva que herdeiros de três obras (Viola Quebrada, Azulão e Modinha, de Mário de Andrade, Jayme Ovalle e Manuel Bandeira) desautorizaram sua inclusão na caixa.
E desabafa:
- Herdeiros, há herdeiros!