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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MÚSICOS DAS RUAS DE SÃO PAULO

Verdadeiramente fantástica a apresentação da Orquestra de Músicos das Ruas de São Paulo com a Corporação Musical Operária da Lapa, sob a batuta do experiente Lívio Tragtenberg e Nestor Pinheiro, respectivamente.
O paulistano Lívio é um maluco renitente, incrível, sobre quem escrevi linhas em jornais quando lançou à praça sua primeira produção independente – Ritual – em forma de LP, há 31 anos, e que o leitor ocasional pode conferir na postagem abaixo, clicando sobre a imagem.
Nestor, de uma sensibilidade à flor da pele, comanda seus músicos não profissionais, autodidatas, com natural desembaraço.
Incrível, sim.
Emocionante também.
A simplicidade de Nestor, um bancário aposentado, e a ousadia de Lívio, um músico em freqüente estado de explosiva ebulição, foram detalhes especialíssimos da apresentação que testemunhei ontem à boca da noite no teatro do Sesc Santana, como parte da programação do projeto Roteiro Musical da Cidade de São Paulo.
Sem sair do prumo e com categoria, Nestor trafegou por gêneros que iam ora da valsa à polca, passando por marchinhas e dobrados.
A Corporação, a cujo nome original se acrescia no passado Lyra da Lapa, foi fundada em 1881 e Nestor, que se identifica ao interlocutor com a expressão “a seu dispor”, está a sua frente desde 2003.
Vinte e dois músicos formam a Corporação Musical Operária da Lapa.
Lívio Tragtenberg tem vários discos lançados, mas persiste insatisfeito com a história do presente.
Suas apresentações ganham interrupções críticas e bem humoradas, especialmente quando se refere à capital paulista que ele se espanta por ainda existir, enquanto avisa:
- Tudo vai virar um grande condomínio.
Sua produção mais recente é Neuropolis, de 2007, chancelado pelo selo Sesc.
Entre os integrantes da sua Orquestra dos Músicos das Ruas de São Paulo se acham uma das mais criativas duplas de emboladores do Nordeste: Perneira & Sonhador, que, aliás, participa do filme Saudade do Futuro, uma produção franco-brasileira assinada pelos diretores Cesar Paes e Marie-Clémence, que teve por base, em 2009, um dos meus livros, A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo.
Viva aos músicos de Lívio Tragtenberg e da Corporação Musical Operária da Lapa.