A paulistana de trinta e poucos anos Lia Cordoni não é propriamente uma revolucionária na arte do canto, mas também não faz feio no disco de estreia que está chegando ao mercado por meios próprios, com distribuição da Trattore.
Sua voz é boa, sua dicção também.
As letras são simples, todas de autoria de Jairo Cechin.
O carro chefe do disco é uma suposta mistura de ritmos intitulada Samba-fusão, que abusa de citações a gêneros musicais.
Ela canta, talvez explicando a razão da “fusão”:
...Samba-fusão, samba-fusão
É hip-hop, reggae rap
Repente, rock, baião...
O samba vem de longe, dos batuques negros de além África, e ganhou forma na casa da velha baiana Tia Ciata nos primeiros anos do século passado, no Rio de Janeiro.
A primeira gravação de um samba (Pelo Telefone), que nem era samba, era maxixe, data da virada de 1916 para o carnaval de 17.
Sucesso enorme.
Mas isso não vem ao caso.
O caso é que Lia Cordoni tem voz bonita, apurada, e sabe se movimentar em público, mesmo quando imita os trejeitos da gauchinha Elis Regina, de saudosa memória.
Caso se dedique à profissão que está abraçando, poderá ir longe.
Bons ouvidos carecem de boas vozes.
Na discografia brasileira, desde a era dos discos de cera, de 78 RPM, há todo tipo de samba, como sambalanço, sambatuque, sambaião, samba acalanto, samba de breque, samba caipira, samba choro, samba chula, samba estilizado, samba exaltação, samba tango, samba tuiste, samba de roda e mais uma infinidade de outras variações ou "fusões".
Agora mesmo o craque Criolo está fazendo bonito, misturando ritmos.
Jorge Ben fez algo parecido, lá atrás.
Odair Cabeça de Poeta, também.
E tantos.
O disco de Lia será lançado com um pocket show na Fenac, loja da avenida Paulista, logo mais a partir das 19 horas.
Vale conferir.
HERÓI DA PÁTRIA
O padre gaúcho Roberto Landell de Moura (1861-1928) está a um passo de ter o nome reconhecido pelo governo e incluido no Livro dos Heróis da Pátria. Campanha nesse sentido foi abraçada pelo ex-senador Sérgio Zambiasi e continuada por sua sucessora, Ana Amélia. Na imprensa, ganhou força através do newsletter Jornalistas&Cia., dirigido por Edu Ribeiro. O padre Landell é pioneiro das telecomunicações. Além disso, ele inventou o rádio e o telefone sem fio. O rádio nasceu da experiência que fez entre a avenida Paulista e o bairro de Santana no dia 3 de junho de 1900, dois anos antes de ser gravada por Bahiano a primeira música em disco, no Brasil: Isto é Bom, lundu de Xisto Bahia. Para o padre virar oficialmente herói brasileiro, basta uma assinatura da presidente Dilma Rousseff.