Só agora fiquei sabendo que o cordelista e xilogravador sergipano Zacarias José dos Santos morreu; e que a missa de 7º dia em sua memória foi celebrada ontem, às 19 horas, na Igreja da Consolação.
Fiquei triste com o seu passamento.
Conheci Zacarias há muitos anos, ainda nos tempos em que eu atuava como repórter nos jornais da capital paulista.
Depois que deixei o jornalismo diário, e de passar pela produção da Abril/Video, Manchete e Globo, a nossa amizade continuou.
Esporadicamente ele me visitava no escritório ora do Metrô, ora da CPTM, empresas em que trabalhei como assessor de comunicação.
Ele gostava que eu lesse seus folhetos e artigos sobre cultura popular que publicava no jornal paulistano O Dia, para o qual também cheguei a colaborar com alguns textos.
Zacarias, que assinava seus folhetos como Severino José, nasceu no dia 5 de março de 1932, num lugarejo chamado Marcação, elevado a município com a denominação de General Maynard em novembro de 1963.
Ele trocou Marcação por São Paulo em 1953.
Um de seus folhetos mais bonitos, desenvolvidos em sextilhas, é A Grande Paixão de Carlos Magno Pela Princesa do Anel Encantado, incluído numa coletânea da paulistana Editora Hedra.
Aliás, Zacarias era craque em sextilhas e acrósticos.
Ao fim do folheto sobre a paixão do imperador Carlos Magno, ele escreveu:
S-alve esta linda história
E-ncantada e tão bonita
V-i num livro muito antigo
E-ntre coisa tão catita
R-imando em minha escrita
I-nda que pobre inspirada
N-unca houve tanto amor
O-h gente bem educada
Há exatos 20 anos, Zacarias José nos prestigiou na Bienal Internacional do Livro.
Na ocasião eu estava lançando O Coronel e a Borboleta e Outras Histórias Nordestinas.
A foto que ilustra este texto foi extraída do livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo, de minha autoria.