O que tem a ver Adão e Eva com Luiz Gonzaga e Cornélio Pires?
E Roberto Carlos com Tonico e Tinoco, hein?
E Shakespeare com Luís da Câmara Cascudo?
Foi no campo e não na cidade que se originou um tipo de cultura – musical, inclusive – a que chamamos grosso modo de caipira, com variantes noutros lugares e países.
Caipira como se diz ainda em São Paulo é o homem simples, sem estudos formais, mas de uma inteligência fora do comum, em extinção.
Há caipira negro, branco e caboclo.
O negro descende de escravos; o branco, de bandeirantes; e o caboclo, de brancos e índios.
Os africanos nos trouxeram o jongo e outros ritmos.
O samba carioca tem influência do jongo.
Mas, enfim, os meios de comunicação, satélites etc., a mecanização e os hábitos modernos em geral levados ao campo, à roça, à vida rural, têm contribuído enormemente para o fim do caipira e tradição, incluindo a fala ou dialeto, riquíssimo.
Muitas vezes o termo caipira, derivado do tupi, é usado de modo pejorativo como, aliás, matuto também o é no Nordeste; e capiau ou catrumano, em Minas.
À música caipira, também chamada de música do interior, deu-se o acréscimo de “raiz” para distingui-la nos tempos atuais da música sertaneja ou “sertanoja”, na expressão do radialista Moraes Sarmento.
No campo da música caipira ou sertaneja há ritmos e gêneros diversos, como catira ou cateretê de origem indígena, toada, recortado, moda de viola etc.
Tonico e Tinoco (CLIQUE abaixo, nas linhas azuis) formaram uma das duplas mais autênticas da música caipira.
Luiz Gonzaga, por sua vez, levou à discografia brasileira o baião, o forró, o xaxado e o xote, entre outros gêneros originalmente rurais.
Agora deixo pra você responder as perguntas lá de cima, senão eu as responderei mês que vem em palestra na Fundação Cultural Ema Gordon Klabin, ali no Jardim Europa.
http://www.youtube.com/watch?v=V3Ep-bLUTOk
http://www.youtube.com/watch?v=pwJRxc8lF9k
http://www.youtube.com/watch?v=WzlR9UnXD9U
PS - A foto que ilustra este texto foi feita durante a gravação do CD Assis Ângelo Apresenta Inéditos de Capitão Furtado e Téo Azevedo, em 2008.