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terça-feira, 5 de março de 2013

CULTURA POPULAR E PADRE CÍCERO

Na 11ª edição especial de Memória da Cultura Popular, resultado de parceria entre o Instituto Memória Brasil, IMB, e o newsletter Jornalistas&Cia, circula hoje a incrível história do padre Cícero Romão Batista, o homem que fez Juazeiro pipocar em balas e o Nordeste inteiro arder em crença fanática nos fins do século XIX.
Tudo começou com a notícia extraordinária de que a beata Maria de Araújo vertera sangue da boca ao receber hóstia em comunhão ministrada pelo padre, no dia 6 de março de 1889.
O padre ficou famoso do dia para a noite.
E por causa disso sobre ele desabou a ira de seu superior, dom Joaquim, e da Igreja, para quem tudo não passara de uma ardilosa farsa.
Esse seria - como foi - o início de uma história que levaria o religioso a se justificar perante inquisidores do Vaticano.
Em 1896, arrebentaria Guerra de Canudos.
Inimigos do padre, como Ruy Barbosa e o jornalista Euclides da Cunha, diziam que o padre estava mancomunado com o onselheiro. 
Não demoraria e o padre aliaria a religião católica à política.
Não era verdade, mas também não demoraria a explodir um conflito armado de grandes consequências que resultaria na separação do Crato do então povoado de Juazeiro.
O episódio faria do padre uma pessoa politicamente muito poderosa, primeiro prefeito de Juazeiro e vice-presidente do Ceará.
Tudo em Juazeiro gira em torno do seu nome e mito. 
CLIQUE:
www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular11.pdf
Numa das vezes que lá estive fui ciceroneado pelo poeta repentista Pedro Bandeira, ex-vereador da cidade  respeitado até hoje.
Paraibano de São José de Piranhas, nascido em 1938, Pedro Bandeira cantou para centenas de políticos, incluindo presidentes da República e até o papa João Paulo II (foto acima), em 1980.
Pedro, junto com o rei do baião Luiz Gonzaga e o padre João Câncio, criou a Missa do Vaqueiro, em 1970, hoje uma tradição no município pernambucano de Serrita.
A Missa, criada em memória do vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Gonzaga cruelmente assassinado em julho de 1954, é uma mistura de festa popular de cores diversas com religião católica. 

SAMBA DO REI DO BAIÃO
Saiu, enfim, o CD O Samba do Rei do Baião. Em dezembro do ano passado fizemos uma pré-apresentação do disco, na Sala dos Espelhos do Memorial da América Latina. Foi bonita a festa, pá! 
CLIQUE: 
http://youtu.be/r0Kr6bhgsu0 

LEITURA AGRADÁVEL
Muito bom ler o livro Inezita Barroso, com a Espada e a Viola na Mão de que falei ontem. Resultado de algumas conversas gravadas com o misto de advogado e produtor musical Valdemar Jorge, o livro traz a história toda de Inezita, desde o seu nascimento até os dias de hoje quando continua fazendo shows e apresentando o longevo Viola Minha Viola, pela TV Cultura da Fundação Padre Anchieta. Há ótimas passagens, algumas já inseridas por mim no livro A Menina Inezita Barroso, lançado em 2011, no seu aniversário, numa bela festa ocorrida na Livraria Cortez. Viva Inezita!

PATATIVA DO ASSARÉ
Hoje é 5 de março. O poeta Patativa do Assaré nasceu nesse dia, só que em 1909. Façam as contas. Pois é, quantos anos mesmo ele faria hoje? Em 1999 eu consegui lhe dar o que considero um bom presente: a sua biografia escrita por mim e impressa no melhor papel, couchê, com CD incluso e fotos tiradas lá na sua região pelo melhor fotógrafo brasileiro (Gao Oppido) etc. O livro está esgotado, mas eu quero reeditá-lo.

SECA
Seis dos nove Estados nordestinos, incluindo Paraíba e Pernambuco, continuam sendo castigados violentamente pela seca e pelos homens de poder que nada fazem para minorar o sofrimento das vítimas. Meu Deus, até quando isso continuará? E o governo, que não se manifesta?