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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O DIA EM QUE MORRI DE VERGONHA

Da mesma maneira que é difícil ver Vital Farias acomodado aos padrões atuais do meio fonográfico, digo o mesmo do estaduzudense Wynton Marsalis, tido e havido como o maior trompetista do mundo.
À parte gêneros e dimensões, os dois são pérolas que brilham indifentes à crítica e ao próprio mercado.
Eles cuidam de arte.
Negro, ao contrário de Vital, Wynton é um músico que encontra no trompete o seu instrumento de expressão maior, como Vital tem no violão a sua extensão mais expressiva.
À maneira de cada um, os dois são grandes.
Ouvindo Concerto Para Dois Trompetes, do italiano Antonio Vivaldi (1678-1741), a impressão que se tem é que essa peça, que abre o LP Música Barroca Para Trompetes, foi feita especialmente para Wynton.
Ouvindo Estudo nº 22, do francês Napoleon Coste (1805-1883), a impressão que se tem, com relação a Vital, é a mesma.
Nesse caso, o que faz a diferença é a Orquestra Inglesa de Câmara que acompanha o estazudense, sob a regência de Raymond Leppard.
Eu fui apresentado a Wynton Marsalis há uns 20 e poucos anos, por um amigo comum que tocava trompete na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, à época do maestro Eleazar de Carvalho.
Gostei dele.
E entre um assunto e outro, ele disse:
- Se você fosse norte-americano, você teria todas as condições para realizar seus trabalhos de pesquisa.
Morri de vergonha.