A
Argentina é o país do tango, Portugal do fado, a França da valsa, a Itália da
ópera, os Estados Unidos do rock, jazz e do blues e o Brasil... Bom, o Brasil é
o país mais musical do mundo, com dezenas de ritmos, do chorinho à bossa nova,
do baião à tropicália, do forró ao samba, passando por gêneros dos mais diversos no correr dos últimos pouco mais
de 100 anos, como o maxixe, o lundum, marchinha (de carnaval e de São João),
moda de viola, cateretê, xote, xaxado;
sem falar do repentismo nordestino, do cururu paulista, do calango
mineiro e do partido alto carioca.
O
Brasil é o país das pérolas, como Carlos Gomes (o maior compositor operístico
das Américas), Ary Barroso, Dorival Caymmi, Anacleto Medeiros, Pixinguinha,
Tonga, Lamartine Babo, Chiquinha Gonzaga (a nossa maior maestrina), Luiz
Gonzaga, Geraldo Vandré, Chico Buarque, Caetano Veloso, Renato Teixeira e
centenas e centenas de pedras preciosíssimas.
Mas
os brasileiros desconhecem esse País tão rico, tão bonito, tão incrível.
Mas
nem tudo está perdido, pois a esperança é um bichinho invisível que nos faz
vivos para sempre, por isso jamais deverá morrer mesmo faltando, no caso, meios
adequados para mostrar a rica musicalidade brasileira. Entre esses meios, estão
- ou deveriam estar – gravadoras para
lançar as obras musicais em disco.
Mas
há selos musicais insistindo trazer a tona obras registradas nos tempos do
velho e bom vinil, como a Kuarup.
Aparentemente
como quem nada quer, mas tudo querendo, a Kuarup, como a fênix surge do limbo
trazendo no bojo alguns tesouros que agora ganham o formato de CD, como
Taperoá, do paraibano Vital Farias; Tiro de misericórdia, do carioca João
Bosco; Telma Costa, título homônimo da mineira; e Outros sons, da paulistana
Eliete Negreiros.
Esses
discos, cada um com seus gêneros são um bálsamo, uma alegria para todos aqueles
que cuidam dos ouvidos e gostam de ouvir música de boa qualidade.
O
dico Taperoá foi gravado originalmente entre dezembro de 1979 e março de 1980.
Nele há belíssimas surpresas, como a faixa que o abre: Pra você gostar de mim,
que eu ouvi do autor bem antes de ele a gravar. Nessa faixa tem até o grande
Manduka – filho do poeta Thiago de Melo – tocando charango. No mesmo disco há
faixas assinadas pelo poeta Salgado Maranhão, que estranhamente anda sumido, e
Oswaldinho do Acordeon exibindo a sua sensibilidade genial.
O
disco de João Bosco, o quarto da sua carreira,
é simplesmente uma obra-prima.
O
disco de Telma Costa, o único da sua carreira e não se sabe porquê, é para ser
ouvido,, ser ouvido, ser ouvido e dito ao vizinho, ao amigo, amiga e todo mundo
que é excepcional, poi ela com a sua voz suave, bem colocada, não tem como não
nos encantar.
O
quarto disco dessa leva da Kuarup, Outros Sons,também aparentemente não apresenta defeitos. É bom
desde a faixa título, de autoria do compositor, arranjador e intérprete
paranaense Arrigo Barnabé, um inquieto experimentalista
do ramo que escolheu para dar a sua contribuição ao Brasil, que é a música.
Arrigo
tem um pouco de Tom Zé e de Lívio Tragtemberg.
Pois
é, o Brasil precisa ser descoberto por todos nós, brasileiros.
Viva
o Brasil!
Atenção:
Hoje, a partir das 19h, haverá uma audição especial do disco de Outros sons na
Livraria da Vila, à rua Fradique Coutinho, 915 , no bairro paulistano de
Pinheiros.
Eliete
e a Kuarup estão nos convidando para um bate-papo, regado com umas coisinhas.
Você vai? Eu vou.