O samba existe desde o semba, que é um gênero de origem
africana e que tem rigorosamente, tudo a ver com os nossos conhecidos lundu e
batuque.
O samba tal e qual hoje conhecemos, fincou suas raízes primeiramente
no interior de São Paulo, embora boa parte dessa história nos remeta à primeira
década do século XX ao Rio de Janeiro.
No correr dos anos pós descoberta do Brasil pelo navegador
Cabral, navios negreiros despejavam escravos no incipiente porto de São
Vicente, a mais antiga cidade brasileira assim nomeada por Américo Vespúcio em
1532. Muitos desses escravos separados de suas famílias, eram encaminhados para
o trabalho duro no interior do estado. Para lazer, o máximo que seus senhores
permitiam era que cantassem e dançassem ao som dos instrumentos que eles próprios
construíam. O som era o batuque, tirado de rústicos tambores.
Batuque e semba tinham e têm tudo a ver.
E do semba para o samba foi um passo.
No ultimo mês de 1916, no Rio de Janeiro, o jornalista Mauro
de Almeida e o batuqueiro Donga se apropriaram do ritmo que rolava na casa da
velha bahiana Tia Ciata e o registraram na Biblioteca Nacional. No ano
seguinte, o nosso primeiro cantor profissional, Bahiano, gravou para a Casa
Edson o que se chamou de samba: Pelo Telefone.
Mas bem antes disso, os negros vindos de Portugal deixaram a
sua marca nas senzalas paulistas.
Em 1914, na capital de São Paulo, o negro descendente de
escravos Dionísio Barbosa criava o primeiro cordão carnavalesco, no qual o
samba era o ritmo mais forte.
Essa história é comprida.
A primeira escola de samba criada para o carnaval surgiu no
Rio de Janeiro, em 1928.
A segunda escola de samba criada para o carnaval surgiu na
capital paulistana, em 1934.
A segunda escola de samba paulistana chamou-se Lavapés e surgiu
em 1937, e que existe até hoje.
Desde os primórdios, o carnaval era um divertimento popular.
Com o advento das escolas, isso foi mudando.
Hoje as escolas são atrações que levam as pessoas a gastar
dinheiro, muito dinheiro, restando ao blocos, hoje em processo de
fortalecimento, a levar a alegria espontânea às ruas.
Neste carnaval de 2015, cerca de um milhar de blocos
carnavalescos estão programados para irem às ruas do Rio de Janeiro. O mais
antigo de lá é o Bola Preta, que reúne, anualmente, mais de um milhão de foliões.
Este ano em São Paulo, foram catalogados 302 blocos, muitos
deles recebendo apoio financeiro da Prefeitura de Fernando Haddad.
Não custa dizer que antes de o povo descobrir e brincar o
carnaval, o carnaval era coisa da aristocracia europeia, que usava máscaras e
dançava valsas em amplos e requintados salões.
Quem sabe um dia o carnaval volte a ser a alegria do povo.