Um
fio invisível separa a cultura popular da cultura erudita, mas, a fonte que abastece
a cultura erudita é visível e tem um nome: cultura popular. Exemplo disso é a
obra de Shakespeare, de Alighieri e Cervantes. A obra de mistérios e calafrios
de Poe também tem tudo a ver com o popular, por ser baseada no cotidiano banal
da sua época. Porém, é do banal que se extrai a essência das qualidades literárias,
musicais etc.
Na
verdade, nem precisamos ir à Inglaterra de Shakespeare, à Itália de Alighieri e
à Espanha de Cervantes, tampouco à Boston (EUA) do autor de O Corvo. Aqui mesmo,
no Brasil, temos Augusto dos Anjos, Gilberto Freyre, Machado de Assis e outros
grandes literatos de ontem. De hoje, Dalton Trevisan.
Carlos
Gomes, o maior compositor operístico das Américas, foi quem levou pela primeira
vez o nome Brasil para a Itália e outras partes do mundo. Isso a partir da
segunda metade do Século XIX, que é quando ele apresenta O Guarani no Scalla de
Milão.
São
muitos os exemplos de arte popular e arte erudita, com a segunda bebendo diretamente
na fonte da primeira. E para ilustrar tudo isso, não custa lembrar que a escola
de samba Unidos de Vila Isabel, este ano com o enredo O Maestro Brasileiro Está
na Terra de Noel, tem Partitura Azul e Branca da Nossa Vila Isabel, (para
ouvir, clique abaixo) confirma que a nossa rica diversidade étnica se une com
perfeição numa só unidade cultural, como bem diz o jornalista e escritor José
Antônio Severo, autor do livro “os Senhores da Guerra”.
A
escola que leva o nome do bairro onde o bamba do samba Noel Rosa nasceu, homenageia
o maestro Isaac Karabitschevsky que tantas alegrias já nos deu nas salas de
concerto afora. Nessa madrugada, na própria avenida, mostrou toda sua grandeza
ao reger em campo aberto uma orquestra. Foi coisa de encher os olhos. E
ouvidos.
Quero
dizer com isto que o Brasil, com todas as suas mazelas e incongruências, ainda
tem jeito. Viva o samba!