Informações do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística – IBGE dão conta de que a população do Estado de São
Paulo acaba de chegar aos 43 milhões de habitantes.
Ainda, segundo o IBGE, a população
da capital paulista está próxima de 15 milhões.
É muita gente.
Não sei bem por quê, ao ouvir
esta notícia alinhei à música.
Por quê? Porque simples: logo
imaginei a população paulistana sendo movimentada por uma impressionante e bela
trilha sonora.
Durante mais de duas décadas
encetei pesquisas voltada ao tema. Em miúdos: reuni mais de três mil títulos
musicais que encontram na capital dos paulistas eco, inspiração e eco, nas
composições desenvolvidas por cerca de sete mil autores de todas as partes do
Brasil, como Chiquinha Gonzaga, Lamartine Babo, Ary Barroso, Nelson Gonçalves, Luís
Gonzaga, Paulino Nogueira, Osvaldinho da Cuíca, Tom Jobim, Billy Blanco e até
Geraldo Vandré.
Há uns três ou quatro anos eu
contei a história da capital paulista através da música, numa bela instalação
que ocupou pelo menos 350 m2 na unidade SESC do bairro de Santana. Um
punhado de anos antes, numa série de palestras, abordei este mesmo tema na rede
CEU - Centro
Educacional Unificado. Aliás, na ocasião, eu e o baiano Gereba
compusemos uma música que trata de educação e que foi gravada por Dominguinhos.
Clique:
Isso tudo para dizer o seguinte:
tem sido muito comum, e já há tempo, que amigos e colegas jornalistas me
perguntam qual música elejo como a melhor já feita para a cidade de São Paulo. Não
é fácil escolher entre milhares de músicas aquela que melhor retrata São Paulo
e seu povo. Mas, vou aqui arriscar enumerar alguns títulos que a mim me dizem
muito:
·
Rapaziada do Brás, de Alberto
Marino, composta há 90 anos a se completar no correr deste 2015. Originalmente
composta em modo instrumental, essa música – uma valsa-choro – ganharia letra
em 1960, a pedido do argentino naturalizado Carlos Galhardo ao filho de Marino,
Alberto Marino Jr..
·
Trem blindado, de João de Barro,
composta no calor das emoções que provocaram a Revolução Paulista de 1932.
·
Êh, êh, São Paulo, de Alvarenga e Ranchinho, composta no
começo dos 40 do século passado e que tornou-se um clássico enfatizado pelo
talento dos caipiras Tonico & Tinoco.
·
Ronda, de Paulo Vanzolini,
misto de compositor e cientista especializado em herpetologia, que ganhou o
disco pela primeira vez em 1953 através de Inezita Barroso. Essa obra, hoje com
mais de uma centena de versões, foi composta em 1946.
·
Perfil de São Paulo, de Francisco de
Assis Bezerra de Menezes, que ganhou o 1º lugar no concurso musical promovido
pela Prefeitura paulistana para escolha da música-símbolo do 4º centenário da
cidade, fundada pelo jesuíta espanhol José de Anchieta. Detalhe: na ocasião
(1954), foram inscritas pelo menos duas centenas de músicas praticamente em
todos os gêneros musicais, como o dobrado Quarto
Centenário, do italiano naturalizado Mário Zan e o português, também
naturalizado, J. M. Alves Curiosidade: a música de Zan e Alves chegou a vender
algo em torno de cinco milhões de discos e teve até uma versão em japonês,
gravada em disco de 78 voltas.
·
São Paulo, de Teixeirinha.
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Porque amo São Paulo, de Nelson
Gonçalves.
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Lampião de gás, de Zica Bergami,
lançada originalmente em 1958, foi imortalizada na voz da mesma intérprete de Ronda. Curiosidade: essa música também
ganhou uma versão no idioma japonês, por Kikuo Furuno.
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São São Paulo meu amor, de Tom Zé. Essa música ganhou o IV Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1968, mas o autor não recebeu o prêmio até
hoje.
·
Avenida Paulista, de Eduardo Gudin.
Esse samba beira à perfeição na voz de quem o lançou em disco: Vânia Bastos.
·
Estação da Luz, de Herivelto Martins
e David Nasse.
· · São Paulo de todos nós, de Peter Alouche e Téo Azevedo. Essa música
é uma verdadeira ode à capital paulista, escrita por um imigrante egípcio que
em Sampa encontrou os meios que precisava para se desenvolver como cidadão e profissional
da área de engenharia elétrica. É uma espécie de hino à capital paulista, que,
aliás, não tem hino oficial até hoje. Quer ouvi-la?·
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JORNALISTAS & CIA
Hoje, quarta, o newsletter Jornalistas
& Cia, no gênero, o mais antigo do País, chegou a edição número 1.000.
Todos estamos de parabéns. Coisa de um ano e pouco, encerrei uma etapa
profissional neste informativo direcionado especialmente aos jornalistas, ao
levar à praça o último dos dezessete especiais que trataram de cultura popular.
Esses especiais eram mensais. Estou com saudade. E tudo começou há vinte anos com
o projeto FaxMoagem, por sugestão do decano do jornalismo brasileiro José
Hamilton Ribeiro. Para lembrar aí está a reprodução do primeiro número.