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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

ARMAS E PÃO & CIRCO

O capeta anda solto no Palácio da Dilma, no Senado do Renan, na Câmara do Cunha, no STF e em todo o canto.
Oito dentre dez brasileiros temem morrer assassinados.
A morte há muito foi banalizada o Brasil.
Agora mesmo ouço no rádio a notícia de mais uma chacina ocorrida em bairros de Osasco, uma das 39 cidades da chamada Grande São Paulo. A chacina resultou em 20 mortos e seis pessoas gravemente feridas, internadas em hospitais da região.  
Entre os mortos, trabalhadores, pais de família.
E por que essas pessoas morreram?  
Essas pessoas morreram, não só pelo fato de estarem vivas, mas porque precisavam ser mortas por algozes que certamente permanecerão impunes, pois assim se sentem desde sempre.
A impunidade na vida brasileira é fato comum, que praticamente nem chama mais a atenção de ninguém.
Isso tem a ver com cultura, com cultura popular?
A cultura popular é a digital de um povo, eu já disse.
Cultura popular é tudo o que é feito pelo povo anônimo de um país.
O capeta inverteu as virtudes, os valores que enriquecem o cidadão.
Num conto de Machado, o capeta diz que a ira, por exemplo, é uma das mais importantes “virtudes” que o ser humano poderia ter e que sem ela, sem a fúria de Aquiles, não existira a ilíada de Homero.  Um horror, não?
Para o capeta, a venalidade – outra ‘qualidade’ para o rei dos infernos - “é o exercício de um direito superior a todos os direitos”, por isso o homem pode, antes de vender a alma, vender a própria palavra, a opinião, a fé e o voto.
O que o Renan teria vendido para cair no colo da presidente da República?
E o que estaria movendo Cunha para detonar a República através da sua representante maior, Dilma?
Ontem, no Palácio do Planalto, um representante de movimento popular disse, em discurso, que se faz necessário ir às ruas domingo 16 armados para enfrentar quem estiver contra seus interesses.
Meu Deus! Felizmente, vivemos no sistema democrático em que a ordem está garantida na Constituição, e na Constituição está claro que cabe às Forças Armadas cuidarem da paz do País.
Mas o que violência tem a ver com cultura popular?
Num país onde a educação e a cultura são atiradas na lata de lixo, o que se pode esperar?
São muitas as crises que vivemos.
Somos um país com o maior número de impostos e um dos mais caros do mundo.
Cabemos na máxima “do pão & circo”.
Cerca de 12 milhões de brasileiros, mesmo vendo com os olhos da cara, são incapazes de distinguir um “ó” de uma roda. Além desses analfabetos totais há mais algo em torno de 25 milhões de analfabetos que leem sem saber o que estão lendo. São os tais “analfabetos funcionais”. O capeta está solto e o circo sem lona, com os palhaços nus, sem graça.
Para o País andar é preciso que os cidadãos trilhem pelo caminho da educação e cultura.
Sem educação e cultura, a nação continuará pobre.
Há uns sete ou oito anos, fui convidado para encerrar um seminário no Congresso Nacional. Aproveitei a ocasião para repetir o que sempre repeti nos meus programas de rádio e televisão, ou seja: que a educação e a cultura podem ser enriquecidas com a música no currículo escolar. Dois anos depois, projeto nesse sentido foi aprovado no Senado e promulgada pelo presidente Luiz Inácio da Silva (acima). Detalhe: essa lei, porém, não está sendo respeitada porque, segundo dizem “não há pessoas capacitadas para ensinar a matéria”.

Ouça:


E o avião, era de quem?

Há um ano e meio, exatamente, um avião subia aos céus do Rio de Janeiro para despencar com toda violência possível na terra de Santos. A bordo estava o presidenciável Eduardo Campos e um punhado de assessores. Ninguém escapou. Os estragos foram grandes, inclusive para o PSB. Hipocritamente Lula, Dilma, Aécio e outras sumidades da vida nacional choraram lágrimas de crocodilo. Coisas do Hermógenes. Campos estava sendo “trabalhado” para ser a salvação da lavoura. As mídias o colocavam como um sujeito reto etc e tal. Pessoalmente, eu o achava esquisito.  Meses antes da tragédia, eu almocei com ele e Ciro Gomes num restaurante em São Paulo. Falei de cultura popular, da importância disso para o País. Falei até de uma conterrânea sua, a cantora e compositora Anastácia. Disse-lhe da importância dela para a música popular. Ele disse que não sabia quem era. Foi minha vez: Por que a secretaria de Cultura do seu estado, Pernambuco, não publicava um livro a seu respeito, por exemplo? E, como todo político, prometeu que alguém entraria em contato com ela e comigo. Até hoje!