A
primavera é a estação que me serviu de berço para nascer. Foi num setembro. Mas,
hoje, a primavera se confunde com as demais estações.
Nesse
momento, parece verão: 36 graus.
Não
é da primavera que eu quero falar.
Ontem
à noite ouvi na TV que uma bola de fogo fora vista nos céus do sul do Brasil. Brilhava
e assustava muito, diz quem viu. E aí não teve jeito, lembrei da minha vó
Alcina.
Vó
Alcina, mulher santa que acreditava em todos os santos –e também no diabo-,
vaticinava que este mundinho-velho-cheio-de-poeira-de-meu-deus-do-céu, iria uma
dia se acabar em fogo. Parece que começou.
O
dólar sobe, a bolsa desce, o desemprego sobe, a crença popular pelo País desce,
a inflação sobe e a esperança desaparece?
Em
toda parte, o mundo dá sinais de que vai explodir. Em Meca, pessoas se
pisoteiam e milhares morrem e se ferem.
Da
Síria e de países em volta, milhões e milhões de pessoas procuram refazer suas
vidas ultrapassando fronteiras.
Vários
países da zona do euro, como a Hungria e Rússia, estão com suas forças de
segurança orientadas para impedir que imigrantes acessem seus territórios. É
êxodo jamais visto ou imaginado da história recente ou antiga.
Nem
no tempo de Moisés.
A
bola de fogo vista nos céus do sul do Brasil, e que minha vó Alcina acharia ser
coisa do Demo, não passou de um meteoro.
Meteoro
é assim: faz pluft antes mesmo de tocar o solo, espalhando faíscas que somem no
espaço.
E
pensar que no texto de hoje eu ia tratar da música parabéns a você, que o juiz
norte-americano resolveu, ontem, pô-la no universo do domínio público. Com
isso, a Warner deixa de faturar dois milhões de dólares/ano.