Se
o mundo conversasse entre si, o mundo seria melhor.
Se
todos nós conversássemos, claro seríamos todos melhores.
Conversar
faz um bem danado!
Mas
como estamos sempre distante de nós mesmos, nos perdemos. Não nos amamos, e de
novo nos perdemos.
Não
é porque não existam guerras, as guerras sempre existirão porque sempre serão
um bom negócio para quem vive das guerras.
E
são muitos os que vivem das guerras no mundo todo. Putin e Obama, por exemplo.
Poxa,
não conversar não é bom.
Conversa
e guerra têm a ver com poesia?
Pois
bem, foi-não- foi amigos batem à minha porta para conversar, e eu fico muito
feliz com isso.
Domingo,
meu amigo Peter chegou trazendo um galeto numa mão e na outra um uísque; e
comemos o galeto, bebemos o Uísque e conversamos. E tivemos uma conversa que
durou mais de hora. E aí senti-me feliz, porque conversar é entender.
E
papo vai, papo vem, Peter me pergunta se eu conheço o poema Ismália. Fiquei em
dúvida. Ele deu dicas: Mallarmé foi um poeta simbolista. O autor desse poema era
simbolista. Augusto dos Anjos também foi simbolista, eu disse. Aí foi legal,
Peter lembrou que conhecera Ismália desde a adolescência. Ismália é uma obra prima de Alphonsus de Guimaraens, em que nos fica na memória a cena mais linda de um suicídio, se é que se pode chamar de linda uma cena de suicídio.
Conversar
com Peter Alouche, só soma, nos engrandece.
Eu
sempre aprendi com pessoas que passei a amar, como Luís da Câmara Cascudo,
Paulo Vanzolini, Inezita Barroso, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga, José Ramos
Tinhorão, Papete e tantos e mais alguns que me trouxeram à luz a vida mais forte do que
ele é.
Mas
ele insistiu se eu conhecia o poema Ismália.
Ismália,
ele me disse, é um poema muito bonito do Alphonsus.
A
ficha caiu: o autor de Ismália nasceu no dia 24 de julho de 1870, mesmo tempo
em que Carlos Gomes estreava na Itália a ópera indianista O Guarani, a sua
primeira das seis óperas que o transformaram no maior compositor das Américas.
Coisas
incríveis nos dão vida, não é?
Alphonsus de Guimaraens nasceu em Ouro Preto e morreu em Mariana. Meu Deus! A
poesia faz bem e a tragédia é o que é...
Em
1954, Getúlio Vargas foi para o inferno com um tiro no peito. Motivo? Um mar de
lama que o ladeava. Denúncia do Lacerda.
Um mar de lama, é, na verdade, um horror que engole tudo que vai achando pela frente, inclusive almas inocentes.
Quando a democracia nos fará felizes?
E
conversar faz um bem danado, não é mesmo Eduardo Valbueno?
Ah, sim! Alphonsus de Guimaraens, ao contrário de Vargas, chegou ao Céu no dia 15 de julho de 1921.
Ah, sim! Alphonsus de Guimaraens, ao contrário de Vargas, chegou ao Céu no dia 15 de julho de 1921.