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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

BIENAL, CORDEL E LOYOLA BRANDÃO

Em textos anteriores, eu lamentei a desgraça que é um país cujos dirigentes estão no cargo por estarem. Isto é: um país sem cidadão é, com certeza, um país sem ideias ou de ideias tristes, curtas; muito curtas. Dizem-me que o ponto e vírgula é um sinal fora de moda, mas eu gosto desse sinal. É o sinal que, mais do que a vírgula, nos faz respirar, nos leva a dar uma pausa maior ao texto, antes de continuar a leitura, não é mesmo.
Como a pausa é maior a reflexão também, o que enfatiza a ideia.
Nós, brasileiros, estamos lendo cada vez menos. É fato.
Balanço da Câmara Brasileira do Livro, CBL, conclui que 684 mil pessoas de todos os tamanhos, inteligências, sexos, raças e ignorâncias passaram por lá. A meta de visitantes era de 720 mil, mas isso não vem ao caso, até porque, a multidão que compareceu à 24ª Bienal do livro não estava a fim do produto oferecido, ou seja, o livro.
Ignácio de Loyola Brandão, um dos mais completos autores brasileiros, um orgulho nosso, foi o grande homenageado dessa Bienal. Detalhe: a maior parte do tempo em que ele lá esteve, pessoalmente, autografou um número ínfimo do seu novo livro: Os Olhos Cegos Dos Cavalos Loucos.
Pois é, Loyola está no time dos craques da literatura brasileira. É novo no estilo, de idade fez 80 em julho passado.

O livro que encabeça a lista dos mais vendidos, atualmente, é de uma atriz adolescente, chamado O Diário de Larissa Manoela, que interpreta uma personagem na novela Carrossel, do SBT.
O que é que tem a ver o Diário de Larissa com o novo livro de Loyola Brandão?
Pois é, garanto que tem, tem carrossel no meio, e dizer mais, não digo.
E pensar que somos da terra de Machado de Assis, José de Alencar, Aluízio de Azevedo, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Augusto dos Anjos...
Como eu já disse em texto anterior fui, sem precisar ser, também homenageado na Bienal. A Loa veio da Câmara Cearense do Livro, CCL. Gostei. Pois bem, o espaço em que se deu a premiação, Cordel e Repente, estava apinhado de artistas populares, artistas maravilhosos, esses que dão a cara do nosso país Brasil. Confira nas fotos a presença de Bule Bule, Jô Oliveira, Crispiniano Neto, Audálio Dantas, José Cortêz, Klevisson Viana, Marco Haurélio, que também merece prêmios do tamanho de um trem... Teve até um tróféu, troféu Joseph Luyten.
Luyten nasceu na Holanda. Fui amigo dele.
Luyten chegou ao Brasil no ano em que eu nasci, 1952. Ele tinha 11 anos de idade e sofria antecipadamente pela possibilidade de uma dia tornar-se cego. Usava óculos pesadíssimos na infância e na adolescência e danou-se a ler, a ler desbragadamente. Tinha medo da cegueira. O tempo foi passando e ele lendo cada vez mais, estudando, e se completando como gente e cidadão. A cegueira não veio e ele tornou-se um dos mais competentes intérpretes da alma popular, via cordelistas e cantadores repentistas. Levou seus estudos sobre a poética popular para a Universidade de Osaka, Japão.
Sobre Literatura de Cordel Joseph Luyten, que deixou a convivência entre nós em julho de 2006, publicou vários livros.
O troféu Joseph Luyten é uma pérola. Viva Luyten!



LIVRARIA CORTÊZ


A tendência de uma nação que não lê é, como resultado, um país sem crédito, sem credibilidade, é um país burro, com todo o respeito aos burros. As pesquisas indicam que nós, brasileiros, cada vez mais, lemos menos. Numa dessas pesquisas, há a informação de que pelo menos 30 milhões de brasileiros jamais compraram um livro. O que dizer diante disso?
A 24ª Bienal Internacional do Livro terminou com um público aquém do esperado. No resumo, o produto não alcançou o público alvo. A notícia triste é: a Livraria Cortêz está com suas atividades suspensas. A notícia alegre, bonita é que a Cortêz está com um espaço maravilhoso na Internete, clique
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