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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

SÃO PAULO, SONS E DESAFIOS

Tem hora que eu fico pensando: o que é maior o Brasil ou o nordeste?
Brincadeirinha, brincadeirinha. Somos todos do tamanho do Brasil e dentro dele, Brasil, cabemos todos com nossas incompreensões e defeitos em geral.
No meu Brasil, no nosso Brasil, cabe amor carinho, respeito, solidariedade, tudo de bom. O diacho é que esse "tudo de bom” está se desmilinguido, quase em extinção. Mas como é bom ouvir notícias do Brasil, notícias de mós. De nós todos, do Brasil todo, dos seus cinco cantos.
Dia desse ouvi na rádio CBN um texto muito bonito assinado pelo potiguá de Currais Novos, José Cortez, meu amigo, criador da Cortez editora. O texto tratava da cidade de São Paulo, a cidade que acolheu José e que acolhei Francisco, que sou eu, por aí mais lembrado por Assis Ângelo, pois, pois...
O texto lido por Milton Jung, âncora do jornalístico matinal da CBN, é legal, bonito mesmo, tocante. Trata da história de uma pessoa simples que veio dos cafundós do Judas aventurar-se na maior e mais importante metrópole, na verdade megalópole, do Brasil e da américa do Sul; e a quinta maior do mundo. Refiro-me, claro, à cidade de São Paulo.

ONALDO QUEIROGA
Acabo de receber do meu querido amigo Onaldo Queiroga, Juiz – titulas da Comarca em que nasci – João Pessoa, PB – um texto tão brilhante quanto o texto de José Cortez, morador absoluto e eterno deste peito tão judiado, que é o meu. Queiroga fala dos sons rurais, das cidades pequenas, belas; e fala também, no contraponto, dos sonhos das cidades grandes, como São Paulo a capital que me acolheu no dia 22 de agosto de 1976 e que, para minha alegria, fez-me seu cidadão com direito a diploma provocado pelos vereadores...
O texto de  Onaldo Queiroga me remete a uma entrevista que dei já a bastante tempo à radio Eldorado. Nessa entrevista eu falava dos sons ríspidos, doídos, tonitroantes, da urbanoidade. Tá bom, essa palavra certamente não existe... Mas o som louco da cidade grande nos faz louco. É preciso muito juízo par anão enlouquecer por completo no convívio das grandes cidades. Eu ainda não enlouqueci e nem pretendo, a não ser ... deixa pra lá! O Texto de Queiroga é esse:


Sons da vida- Onaldo Queiroga


São muitos os sons que chegam aos nossos ouvidos durante o percurso da vida. Alguns oriundos da natureza, outros provenientes do homem. Uns são estridentes, inquietam a alma, causam ansiedade e estresse. Já outros são suaves, acalmam o espírito, tranquiliza-nos.
Os sons que emergem das grandes metrópoles não nos fascinam. A poluição sonora advinda do trânsito é algo que incomoda, provoca ânsia e desassossego. Já no campo, o som é tênue e afetuoso, aquieta a alma, fazendo com que o tempo caminhe mais docemente.
Cada ser humano se afeiçoa a um determinado tipo de som. Somos daqueles movidos a música. Logo que acordamos passamos logo a ouvir canções, preferencialmente, músicas instrumentais, de toque bem suave. Elas nos acompanham também quando estamos trabalhando, seja preparando despachos, sentenças ou mesmo escrevendo textos literários ou jurídicos. Trazem serenidade, equilíbrio e inspiração, parece que nos permite sair do nosso corpo e flutuar por templos de relaxamentos.
Sei que alguns acham que esse tipo de som, como também aqueles tidos como românticos e boêmios, podem causar tristeza e nos levar a um estágio de taciturnidade. Mas, conosco funciona diferente, pois, por exemplo, sob o som instrumental de Nando Cordel, os dias são mais fáceis e tranquilos. O Poeta de Ipojuca-PE, consegue com seu som adentrar em nosso espírito e no remanso das notas musicais espantar temores e angustias que o tormentoso mundo do terceiro milênio nos impõe, de vez em quando. Ouço também canções internacionais, antigas e atuais.

Sou amante do forró, xote, xaxado, coco e baião, enfim, desses ritmos do balaio Nordeste, pois contam a nossa história e, incrivelmente, mesmo com um tom melancólico, nos permite dançar com alegria nos terreiros da vida. A boa música é alimento espiritual e nos faz bem!