No mundo todo, segundo a Organização Mundial de Saúde, a OMS, há mais de um bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência, seja física ou visual.... No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, há 45,6 milhões de pessoas portando algum tipo de deficiência, seja física, visual, mental... Desse total, 18,8 % são de deficientes visuais. São Paulo e Bahia são os Estados que reúnem a maior parte dessas pessoas. Amanhã, 21, é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência... Esse dia foi criado em 1985 e tem por finalidade chamar a atenção de todo o mundo, inclusive das chamadas "autoridades competentes"... A cada cinco segundos uma pessoa fica cega no mundo. No Brasil eu não sei não. No Brasil é tudo complicado, especialmente no tocante à questão de saúde. O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência... tem programação específica amanhã. Em São Paulo, Capital, há uma agenda própria na Estação Tatuapé do metrô. Quarenta e seis, seis milhões de pessoas é, como se vê, um número extraordinário. Se as pessoas portadoras de deficiência soubessem a força que têm o Brasil já poderia ser outro. Mas o Brasil é, ainda, um país em desenvolvimento e cheio de analfabetos de todos os tipos: de analfabetos políticos, inclusive. Amanhã será outro dia.
Waldir Azevedo foi o mais importante tocador de cavaquinho do Brasil e do mundo. Não é demais dizer que ele reinventou esse instrumento criado, provavelmente em Portugal. Ninguém jamais tocou cavaquinho como Waldir. Antes dele o cavaquinho era simplesmente um cavaquinho. Pequeno em todos os sentidos. Foi no bairro da piedade, no Rio, que nasceu Waldir. Waldir era prá ser aviador, mas o seu coração, sempre apressado, cortou as asas do seu sonho. Ele tinha apenas dez anos de idade quando se apresentou, pela primeira vez, em praça pública. Foi em 1933 e o seu instrumento era então, uma flautinha doce. Primeira música tocada? Trem Blindado, de João de Barro, o Braguinha (1907-2006). Essa música foi inspirada na revolução constitucionalista (1932). A flauta ele a trocou por um bandolim, que foi trocado pelo cavaquinho. Suas duas primeiras músicas gravadas: Brasileirinho e Carioquinha, em 1949, logo transformadas em clássicos.
Waldir Azevedo deixou gravadas quase duas centenas de músicas, desde choros a frevos, pouco menos da metade de sua autoria. Isso, em menos de trinta anos de carreira. Em 1972, ele teve decepado, por uma máquina de cortar grama, o dedo anular esquerdo, e o milagre, como ele costumava dizer, fê-lo voltar a tocar o instrumento que magicamente recriou. O fato inspirou-o a compor o choro Minhas Mãos, Meu Cavaquinho. Waldir Azevedo morreu na madrugada de 20 de setembro de 1980. Eu o conheci uns cinco anos antes de morrer e guardo, até hoje, uma belíssima entrevista que fiz com ele. Foi no bairro paulistano do Bixiga. Nessa entrevista ele lembra a sua trajetória e diz como gostaria de morrer: amando uma mulher.