O dia 29 de setembro de 1968 é
muito importante para a história da música popular brasileira. Foi nesse dia
que um coro de 20 a 30 mil pessoas acompanhou, emocionado, Geraldo Vandré
cantando ao violão a música de sua autoria Pra Não Dizer Que Não Falei de
Flores (Caminhando). Foi no Maracanãzinho, RJ. Na ocasião estava em disputa, no
III Festival Internacional da Canção, a belíssima Sabiá, de Tom e Chico,
defendida por Cynara e Cybele. Sabiá ficou em primeiro lugar e Caminhando, em
segundo. Os jurados foram todos xingados, pela decisão tomada. Três deles ainda
estão vivos: a atriz Bibi Ferreira, o pesquisador de música popular, Ricardo Cravo Albin e o cartunista Ziraldo, também autor do troféu do
festival. Além do público, quem ficou também tiririca da vida foram os
militares que governavam o País. O compacto com a música Caminhando, interpretada por
Vandré, foi retirada do mercado logo que chegou às lojas. Logo depois, em Dezembro, o Rei do Baião Luiz Gonzaga gravou essa música e a lançou ao mercado. Detalhe: a censura fez vista grossa a ela. É história. Caminhando já foi gravada por dezenas e dezenas de
artistas mundo a fora. Na Itália foi gravada por Sérgio Endrigo e orquestra.
Nos Estados Unidos, Ernie Sheldon chegou a gravá-la (Listen to in the Wind)
mas, sabe-se lá por que, não foi lançada ao comércio. A matriz americana se
acha no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB. No IMB também se acham a
partitura dessa música (com erro, ao invés de "das" é "de"e ela vertida em castelhano Caminando pelo próprio
autor, que a gravou no Chile em 1969. A TV alemã, em 1971, gravou um especial com o polêmico artista paraibano, que completou no último dia 12, 82 anos de idade. Uma cópia desse documentário também se acha no acervo do IMB. Uma curiosidade: um dia Vandré me
disse que gostaria de ter enfrentado na final do festival, o baiano Caetano Veloso, desclassificado com É Proibido Proibir.