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terça-feira, 10 de outubro de 2017

NELSON RODRIGUES E OS CANALHAS DO CONGRESSO

O telefone me traz a voz de uma amiga.Voz distante.Não entendi bem, França ou Itália. É dali que a voz me vem. Noto uma certa falta de entusiasmo. Pergunto: Tudo bem? Resposta: sim, tudo bem... Pergunto de novo: Tudo bem mesmo? Sim, mas estou com dor de tristeza.
Tristeza dói e mata. Tristeza como solidão é filha abusada da depressão.
Tudo bem mesmo?
Aquilo ficou-me latejando na memória.
O pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980), tinha sete anos de idade quando a ele foi pedido um texto, uma redação. Coisa de escola. Um dos seus coleguinhas da classe escreveu qualquer coisa sobre elefante, coisas da índia, fantasias infantis baseadas no imaginário indiano. Coisas assim: redação bonita o menino fez. O contraponto dessa redação foi a redação do menino Nelson. Ele falou de um crime, de um cara que matou a mulher por ciúmes, um texto e tanto ! Muitos anos depois, Nelson disse que Nelson Rodrigues nasceu a partir daquela redação.
A vida pessoal de Nelson Rodrigues, jornalista, cronista, ator bissexto, romancista ocasional e principal dramaturgo do Brasil em todos os tempos foi uma tragédia absoluta. A tragédia pessoal foi, talvez, inspiração e ponto de partida para a fabulosa obra que nos legou.
Nelson Rodrigues foi um cara absolutamente fantástico.
Nelson foi taxado pela esquerda de reacionário, de canalha. 
Nelson jamais negou as origens e jamais renegou a obra, riquíssima, que produziu.
Nelson foi o mais importante intérprete, como criador da alma do povo simples do Brasil.
Nelson Rodrigues foi um gênio. Podíamos até compará-lo a Shakespeare, por que não?
Quando, então, a minha amiga me liga da Europa e lhe pergunto sobre se tudo está bem e ela responde que está "com dor de tristeza", é um desabafo absoluto que nos leva fácil fácil aos personagens das tragédias Nelsonrodrigueanas e Shakespearianas.
Não é difícil entender isso.
Numa das suas últimas entrevistas à tevê, o apresentador pediu que Nelson deixasse uma mensagem aos jovens. Clique:


HOMENS PEQUENOS

Fiquei cego dos olhos, mas não da mente, da memória. Para minha tristeza, ouço no JN os personagens de um ópera bufa que tem como destaque o tieteense Temer. Os advogados desse Temer e seus asseclas são uma piada sem graça e um horror absoluto. Esses advogados faturam dos seus clientes ladrões o produto do roubo extraído do Erário Público. Os irmãos Batista, aqueles, deveriam curtir a cadeia por toda a vida. O nosso código penal permite isso e outros e outros ratos engravatados, poderiam e devem ir para o mesmo lugar dos Batista. E são muitos e nem vale a pena citá-los aqui. O noticiário político é non sense puro, é Kafka às avessas (o réu aqui não sabe é porque havera de ser inocentado, simplesmente está no script), é um horror, um horror fantástico!