Assis Ângelo entrevista Joan Baez ao lado de Vandré |
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha toda a obra do artista paraibano Geraldo Vandré. Toda, entenda-se, lançada em discos desde 1962. Em 78 Rpm, Vandré gravou e lançou dois discos, raríssimos hoje. Dois anos depois, ele lançou o seu primeiro LP: Geraldo Vandré, com músicas autorais e de outros artistas, entre os quais Baden Powell e Vinícius de Moraes. Entre os músicos que o acompanham nesse disco estavam o já referido Baden e Walter Wanderley (foto abaixo).
O LP Geraldo Vandré foi lançado em abril de 1964, um mês depois de os militares tomarem o poder.
O derradeiro LP de Vandré, gravado em Paris, recebeu o título de Terras de Benvirá. Anos antes, ele compusera sua última trilha para um filme A Hora e Vez de Augusto Matraga, baseado em conto homônimo do mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967).
Após voltar do exílio, Geraldo Vandré abandonou a carreira artística. Virou um emblema. Nunca mais cantou profissionalmente em público, mas foi não foi, assistia a um show ou a um concerto, eu o acompanhei várias vezes e lembro muito bem da sua amizade com o maestro cearense Eleazar de Carvalho (1912-1996), que foi por muitos anos titular da orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Geraldo Vandré sempre foi um artista de grande sensibilidade e refinamento cultural. A mim ele sempre mostrou interesse em enveredar pelo campo da música erudita. E essa sua vontade ele também compartilhou com o maestro Eleazar a quem chegara a sugerir parceria. Mas Eleazar desconversou. Eu também gostava muito de Eleazar, mas essa é outra história.
Num ano qualquer da década de 80, Vandré participou de Breve Concerto no Teatro da Biblioteca Mário de Andrade. Foi bonito. Parte curiosa foi quando ele regeu a Platéia, que cantou o hino Nacional Brasileiro. Depois disso ele também subiu ao Palco do Auditório Simón Bolivar com cadetes da Aeronáutica que interpretaram uma de suas músicas até aqui inéditas: Fabiana. Por fim ele deu o ar de sua graça num palco onde se achava Joan Baez. Clique:
"Na mão esquerda trago laço e chicote, na outra marcos do chão"...
Essa temática ilustraria algumas de suas canções como Aroeira:
MIA COUTO e LENNA BAHULE
Nestes tempos bicudos de discriminação e preconceito, de falta de diálogo, de guerras, de loucuras é bom estar ao lado de quem acredita na importância da vida e dos seres em geral. O escritor moçambicano Mia Couto é dessas pessoas. Ele e a cantora Lenna Bahule, que também é de Moçambique.Os dois estarão no evento Noite de Estréia, programado pela Companhia das Letras para acontecer no Teatro Porto Seguro (Alameda Barão de Piracicaba, 740), às 19 hs. Mia, além de conversar com seus admiradores vai autografar o livro O Bebedor de Horizontes, último da trilogia As Areias do Imperador. Lenna fará um Pocket Show. Mia é um dos mais importantes escritores da atualidade. Vamos lá?