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segunda-feira, 30 de julho de 2018

JULIO DE CASCUDO, PADIM CIÇO E LAMPIÃO

O que há em comum entre o estudioso da cultura popular Luís da Câmara Cascudo, o religioso Cícero Romão Batista  e o cangaceiro sanguinário Virgulino Ferreira da Silva, se o primeira era do Rio Grande do Norte o segundo do Ceará e o terceiro de Pernambuco?
Não, não vale dizer: o Nordeste os unia.
Luís da Câmara Cascudo nasceu em 1898, mesmo ano em que nasceu o cangaceiro Lampião.Opa!
O Padre Cícero, além de tentar cooptar o temido bandoleiro pernambucano para combater a Coluna Prestes (1925-1927) e lhe dar um título fajuto de capitão, morreu de morte morrida no dia 20 de julho de 1934, 4 anos e 11 dias antes do fim trágico do dono do coração da baiana Maria Bonita (1910-1938).
Dá pra sacar algunas cositas entre los personagens acá citados?
O grande Câmara Cascudo, que nos legou cerca de 150 títulos sobre nossos hábitos e costumes, morreu de morte morrida no dia 30 de julho de 1986.
Há muita coisa escrita sobre Câmara Cascudo, mais ainda sobre Padre Cícero e muito mais sobre Lampião e o Cangaço.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há livros, discos em diferentes formatos, folhetos de cordel, revistas e jornais antigos, filmes etc. Ai em cima, uma amostra.
A primeira vez em que o nome de Padre Circero aparece em disco é no começo da primeira década do século passado, mas essa história é pra depois.
A respeito do três, escrevo o poeminha:

Cascudo e Padim Ciço
Mais o mito Lampião
decidiram caminhar
sem rusga ou confusão
E assim eles partiram
No lepo lepo do chão

A ideia era cumprir
Não só essa missão
mas viver intensamente
os mistérios do Setão
Aprendendo ou ensinando
Cada qual uma lição

Cascudo não demorou
A aprender sua lição
Depressa ele espalhou
que a paz é precisão
Em qualquer parte do mundo
No Piaui ou no Japão

O Padim Ciço gostou disso
E até disse no sermão:
Quem mata é bandido
E de Deus não tem perdão
Seja quem for o morto
Precisará de oração

Muito quieto no seu canto
rezava o bandido Lampião
Ouvindo Cascudo falar
Sobre paz e precisão
E Padim Ciço a condenar
O irmão que mata irmão


Para saber mais sobre o mestre Luis da Câmara Cascudo, leia entrevista que fiz com ele para o exctinto suplemento dominical Folhetim, do jornal Folha de S. Faulo, republicada depois no NewsLetter Jornalista e Cia



MÁRIO QUINTANA

No dia 30 de julho de 1906 nasce em Alegrete, RS, um dos mais sensíveis poetas da nossa língua. Ele não casou, não teve filhos e morreu praticamente abandonado num quarto de hotel que Porto Alegre. Esse hotel, que era do ex jogador de futebol Falcão, foi tombado pleo Governo do Estado, e transformado numa espécie que museu em homenagem a Quintana, aliás, é de Quintana o poeminha que diz:

Esse que ai estão
atravancando meu caminho
Eles passarão
E eu passarinho