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domingo, 4 de novembro de 2018

MAR MORTO E CONTRABANDO NOS PORTOS

Mar Morto é um dos mais bonitos  romances do escritor baiano  Jorge Amado (1912-2001). Tocante.  Foi publicado em 1936 pela editora carioca José Olympio. A história transcorre no cais do porto da Bahia. Fala da vida dos marítimos, das prostitutas, dos cachaceiros, do povo. E até de contrabandistas.
A leitura de Mar Morto remeteu-me imediatamente ao atual noticiário envolvendo poderosos da nossa corroída Republica, como Temer e outros e outros.
Ouço dizer que a PF prendeu há poucos dias altos figurões do porto de Santos.
Em Mar Morto, escrito quando o autor tinha apenas 24 anos de idade, aparecem personagens árabes comos Murad e até um certo Haddad.
O romance de divide em 12 partes, tendo como pano de fundo a rainha da águas de Iemanjá, também chamada de Janaína. São muitos personagens que se movimentam nas páginas do livro. Os principais, uns 30, são Guma e Lívia.
Há partes em Mar Morto que levam o leitor a emocionar-se, como quando a mãe de Guma tenta tirá-lo da guarda do tio, o velho marítimo Francisco de muitas histórias colhidas no correr do tempo em que esteve em atividade no mar. Na ocasião Guma tinha 11 anos de idade e não sabia que a mulher que Francisco a apresentou era sua mãe, uma mulher da vida, uma mulher dama, prostituta. O final, então é de encher os olhos do mais insensível leitor.
De fato, Mar Morto é um livraço!
Na história engendrada por Amado, tem briga de morte e duelo com o mar. E traições. E uma mulher incrível, durona: Rosa Palmeirão, que andava com uma navalha na saia e um punhal entre os peitos. Pôs muito homem pra correr, de uma vez só seis. E curtiu duas dezenas de cana. E bebia cachaça como o vagabundo mais perdido. Ao fim e ao cabo, Palmeirão encontra em si a mulher que sempre foi.
Jorge Amado era incrível nos seus escritos e na vida pessoal. Foi amigo de Picasso, Yves Montand, Edith Piaf, Paul Satre, Simone de Beauvoir...Comunista, foi preso junto com Graciliano Ramos no ano do lançamento de Mar Morto. O livro trás cenas chocantes, também. Como a morte de Esmeralda, amante de Rufino e doida por Guma. E vou parar por aqui, antes, um detalhe: Dorival Caymmi inspirou-se na leitura de Mar Morto para compor È Doce Morrer no Mar e Maracangalha.
É Doce Morrer no Mar, toada,  foi gravado originalmente pelo autor em 03.10.1941 (Columbia), e não em 1935 como pensam algumas pessoas. Maracangalha foi gravada pela primeira vez  pelo autor em 13.11.1954. Essa música foi composta na capital paulista, como me disse o próprio Caymmi, em entrevista que fiz para o programa São Paulo Capital Nordeste.Confiram:


CHORINHO

Hoje, de manhã, a TV Cultura levou ao ar o primeiro dos 13 episódios da série Brasil Toca Choro. A cada Domingo será apresentado um capítulo, reprisado nas noites de terças. Ali pelo 4o. ou 5o. episódio estaremos falando sobre o choro do Rei do Baião, Luiz Gongaza. Aguardemos.