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sábado, 30 de maio de 2020

ANASTÁCIA, 80 ANOS!



A cantora e compositora pernambucana Anastácia completa hoje 80 anos de idade. Começou a carreira em Recife, no começo dos anos de 1950. 
Anastácia viveu com o sanfoneiro Dominguinhos e com ele compôs duzentas e trinta músicas. No total, de sua autoria, já compôs, pelo menos, 700 músicas. No próximo mês, vai à praça, mais um CD trazendo-a como intérprete das suas músicas. 
Pra ela, fiz estes versos:

Nasceu em Pernambuco
De capiba e lampião
De frevo e maracatu
De xote, forro e baião
Anastácia é a tal
Desse nosso Brasilzão!

Aos oitenta lá vem ela
Cantando com alegria
Dançando, fazendo graça
Gingando nessa folia
Anastácia, boa marca
É prova de garantia!

Compositora de porte
Cantora de voz potente
Ela sozinha é festa
Na zoada, no repente
Ela brinca em todo canto
Fazendo forró pra gente!


A CULTURA ESTÁ DE LUTO, MORRE ARIEVALDO

A foto aí foi feita a mais de dez anos, em Brasília. Nela aparecem Arievaldo, o escritor paraibanos, Sinval Sá (1922-2014), e eu.  
Eu bem senti que algo esquisito pairava no ar.
A madrugada foi de um frio de lascar. Cá em Sampa chegou a cinco graus, segundo a moça do tempo.
O ponteiro marcava, se tanto, nove da manhã. A essa hora o querido Klévisson fez-se presente ao telefone tristonho, com voz embargada, contou que o mano Arievaldo se achava num hospital havia três dias. “O Ari é um teimoso, não ouve conselhos de consultar um médico”, começou Klévisson, acrescentando: “Ele diz que esse negócio de procurar médico é besteira, pois médico só arruma doença pra gente”.
No final da tarde, o querido Wilson Seraine, telefona pra dar “péssima notícia”. Pois é, revelou: “O nosso Ari morreu”.
Arievaldo Viana morreu aos 53 anos, deixou quatro filhos e viúva. Ele foi um dos talentos mais visíveis que já vi. Grande pesquisador da cultura popular, especialmente do cordel, Ari entra pra história como um grande cordelista e contador de histórias.
Que Deus o tenha.

AUDÁLIO, UM GRANDE BRASILEIRO

Uma historinha: certa vez Audálio perdeu o emprego e o convidei pra ser meu chefe no Metrô de São Paulo, convite aceito, fiquei feliz. A foto é da época. 

Pelo sim pelo não, o Brasil corre perigo.
Não custa lembrar: é preciso estar a postos, pois há muita gente má à espreita.
A história do Brasil é uma história triste, de escravidão, de violência.
Não podemos esquecer de tudo quanto sofremos.
A história está nos livros, nas ruas.
Apanhamos de todos os governantes, praticamente.
A ditadura varguista foi o que foi. Antes dele Deodoro, Floriano e outros marechais e generais.
Cuidemo-nos: não pode ser um ex capitão malássombrado, com a mente fixa em 64 e anos subsequentes de chumbo, que vai levar o Brasil de novo às trevas. Mas depende da gente, né?
A democracia está ferida, sofrendo.
Apesar da turbulência verbal provocada pelos filhotes e viuvinhas da ditadura, as instituições continuam nas suas funções.
O Brasil é berço de grandes intelectuais, de grandes artistas, de um povo incrível...
Ontem 29 morreu o jornalista paulistano Gilberto Dimenstein, aos 63 anos de idade. Dois dias antes foi a vez do potiguar Murilo Melo Filho partir, aos 91.
Há exatos dois anos, morria em São Paulo o jornalista alagoano Audálio Ferreira Dantas. Pra ele e todos os grandes cultores da liberdade, escrevi o poeminha matuto. Abaixo:

O Brasí é um barquim
Deslizano pelo má
Levano, trazeno gente
Daqui pralí, dali pracá

Nesse eterno vai-vem
Muita gente cai no má
Muita gente vai pro céu
Sem saber que trem tem lá

Desse jeito o Brasí vai
Se balançano no má
Pareceno u’a donzela
Convidano pra dançá

Esse barco já levô
Muita gente além do má
Já levô Audáio Dantá
Valdi Tele e Jão Bá

Barquero desse barco
Castro Alve foi pro má
Levano o bão Bandeira
Pra um dedo prosiá

Gente de todo tipo
Nesse barco foi pro má
Quereno sabe untudo
Querendo sábi ficá

Há muito ele nasceu
Num belo berço do má
Andô, correu pirigo
Mas sempre sôbe lutá

Lá vai ele
Leve e livre no má
Garboso, sinhô de si
Com o céu a li guardá

Viva o Brasí barquinho
Na sua missão no má
Levano, trazeno gente
Daqui pralí, dali pracá