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Uma historinha: certa vez Audálio perdeu o emprego e o convidei pra ser meu chefe no Metrô de São Paulo, convite aceito, fiquei feliz. A foto é da época. |
Pelo sim pelo não, o Brasil corre perigo.
Não custa lembrar: é preciso estar a postos, pois há muita
gente má à espreita.
A história do Brasil é uma história triste, de escravidão,
de violência.
Não podemos esquecer de tudo quanto sofremos.
A história está nos livros, nas ruas.
Apanhamos de todos os governantes, praticamente.
A ditadura varguista foi o que foi. Antes dele Deodoro,
Floriano e outros marechais e generais.
Cuidemo-nos: não pode ser um ex capitão malássombrado, com a
mente fixa em 64 e anos subsequentes de chumbo, que vai levar o Brasil de novo às
trevas. Mas depende da gente, né?
A democracia está ferida, sofrendo.
Apesar da turbulência verbal provocada pelos filhotes e
viuvinhas da ditadura, as instituições continuam nas suas funções.
O Brasil é berço de grandes intelectuais, de grandes
artistas, de um povo incrível...
Ontem 29 morreu o jornalista paulistano Gilberto Dimenstein,
aos 63 anos de idade. Dois dias antes foi a vez do potiguar Murilo Melo Filho
partir, aos 91.
Há exatos dois anos, morria em São Paulo o jornalista
alagoano Audálio Ferreira Dantas. Pra ele e todos os grandes cultores da
liberdade, escrevi o poeminha matuto. Abaixo:
O Brasí é um barquim
Deslizano pelo má
Levano, trazeno gente
Daqui pralí, dali pracá
Nesse eterno vai-vem
Muita gente cai no má
Muita gente vai pro céu
Sem saber que trem tem lá
Desse jeito o Brasí vai
Se balançano no má
Pareceno u’a donzela
Convidano pra dançá
Esse barco já levô
Muita gente além do má
Já levô Audáio Dantá
Valdi Tele e Jão Bá
Barquero desse barco
Castro Alve foi pro má
Levano o bão Bandeira
Pra um dedo prosiá
Gente de todo tipo
Nesse barco foi pro má
Quereno sabe untudo
Querendo sábi ficá
Há muito ele nasceu
Num belo berço do má
Andô, correu pirigo
Mas sempre sôbe lutá
Lá vai ele
Leve e livre no má
Garboso, sinhô de si
Com o céu a li guardá
Viva o Brasí barquinho
Na sua missão no má
Levano, trazeno gente
Daqui pralí, dali pracá