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terça-feira, 17 de novembro de 2020

LUTANDO A BOA LUTA POR SAMPA

LEIA: https://assisangelo.blogspot.com/2020/11/periferia-vida-e-arte.html

De mangas arregaçadas
E prontos pra trabalhar
O Boulos e Erundina
Com o povo vão lutar
O tempo que for preciso
Até Sampa melhorar

A paraibana Luiza Erundina engrossou a fileira petista no começo de tudo, em 1980.
Em 1982, Erundina disputou e ganhou a primeira eleição. No caso, à Câmara Municipal.
Foi uma vereadora que não decepcionou os eleitores.
Em 1988 candidatou-se de novo e ganhou a Prefeitura.
Erundina foi a primeira prefeita de São Paulo. A segunda, Martha Suplicy.
Erundina foi abandonada pelo PT. Filiou-se ao PSB e, agora, sai como vice do PSOL na chapa do paulistano Guilherme Boulos, um jovem professor comprometido com as causas populares, que nem ela.
É o jovem e o antigo juntos.
Erundina entrou na vida pública em 1958. É de 1934. Trabalhou em Campina Grande e João Pessoa, PB.
Seu primeiro emprego foi como diretora de Educação e Cultura, em Campina.
Tangida pelas intempéries, Erundina desembarcou em São Paulo no ano de 1971. Concorreu a um concurso público e passou a atuar na periferia de Sampa. O resto é sabido.
Ah! Sim: Erundina está no 6º mandato de deputada federal, por São Paulo.
Seu aniversário de nascimento é 30 de novembro. 
À repórter Natacha Cortêz, da Revista Marie Claire, Luiza Erundina concedeu uma longa entrevista. Lá pelas tantas, respondendo a uma pergunta sobre velhice, disse:

“Minha idade não mudou em nada minha atuação. Tenho pressa em usar intensamente esse tempo que me resta. E tenho consciência que não terei muito mais tempo. Por isso a pressa. Isso do preconceito de idade é injusto, cruel, tira a dignidade e a autoestima da pessoa. Daí ela se entrega, adoece. Imagina considerar uma pessoa aos 60 anos inválida. Eu era jovem aos 60. E o próprio tratamento que é dado à pessoa idosa na família é esse de que ela incomoda, de que é chata, de que deve ser isolada. Mas ela não é isso, isso é o que fizeram dela...”

Leia a íntegra dessa entrevista: Candidata à vice-prefeita de SP, Erundina tem pressa: "A velhice não impede o sonho" 

VIVA JUVENAL GALENO!


Júlio Medaglia e Assis Ângelo

Nestes tempos loucos de pandemia no mundo todo, Júlio Medaglia ainda é o nome mais expressivo da música erudita no Brasil. E na nossa música popular também é de importância fundamental. Que não nos esqueçamos da sua participação no Movimento Tropicalista.
Medaglia é um guerreiro.
Outro dia ele me disse que andou tentando convencer o governador cearense a fundar uma orquestra sinfônica naquele Estado. Aguardemos. 
O Ceará é berço de grandes nomes das artes. 
Em Iguatú, nasceu o maestro Eleazar de Carvalho (1912-96). https://www.yumpu.com/pt/document/view/23691491/especial-cultura-popular-jornalistas-cia
No Ceará também nasceram José de Alencar, Alberto Nepomuceno e Juvenal Galeno. 
Juvenal Galeno (1836-1931) foi um dos mais inspirados poetas nascidos na Capital, Fortaleza. O Brasil não sabe disso, mas deveria saber. 
Tinha 13 anos Juvenal quando inventou de fazer o primeiro jornal literário de seu Estado: Sempre Viva. 
Com 17 anos, criou o primeiro jornal estudantil a que deu o título de Mocidade Cearense. 
Os pais, José e Maria, tinham posses de gente rica. Eram produtores agrícolas, cafeicultores. 
Encurtando a história: Juvenal é de grandeza estelar. Em 1856, lançou o primeiro livro: Prelúdios Poéticos. Em 1865, lançou a obra prima Lendas e Canções. 
Em 1908, aos 72 anos de idade, Juvenal ficou cego dos olhos. Mas isso não o impediu de viver, com graça e harmonia. 
No caminho de Juvenal, apareceu um conterrâneo: Alberto Nepomuceno. 
A história de Alberto Nepomuceno é incrível. A respeito dele já andei falando em textos nesta coluna. 
Nepomuceno pôs melodia num dos mais belos poemas de Juvenal: A Jangada. 
Em 1999, num CD produzido por Téo Azevedo, gravei três poemas de Juvenal: A Jangada, A Mulatinha e A Cabocla. 
Grande, grande, grande demais, Juvenal Galeno! 
Em 1959, acho, o jornalista Freitas Nobre (1921-1990), publicou um livrinho de 64 páginas (Ed. Melhoramentos) intitulado simplesmente Juvenal Galeno. Começa assim: “Foi da Serra de Aratanha, de lá, onde os rios, onde as matas, onde os ares significam beleza e suavidade, que surge Juvenal Galeno...” 
Nobre, também natural de Fortaleza, atuou intensamente na vida brasileira. Foi vereador e vice-prefeito da Capital paulista no Governo de Prestes Maia (1896-1965), entre os anos de 1961 e 1965 e presidiu o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo em quatro ocasiões diferentes. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) ele presidiu em duas oportunidades. 
Freitas Nobre deixou um legado e tanto. 
No dia 19 de novembro de 1990, Nobre encantou-se. 
Juvenal morreu tendo ao lado as filhas Júlia e Henriqueta. 
Júlio Medaglia, repito: é um guerreiro. E tomara que consiga concretizar o desejo de fundar uma sinfônica no Ceará. Se conseguir isso, diz ele, “viverei meus últimos dias curtindo o Sol da Terra de Nepomuceno e Juvenal”. 
FALA DE CEGO: https://youtu.be/MlDIfRoU8x8 
POEMA DOS OLHOS: https://www.youtube.com/watch?v=bM9STb620l4