Afonso nasceu naquele dia, sete anos antes.
No dia 13 de maio de 1808, o príncipe regente D. João XI assinaria um decreto criando a Impressão Régia, ou Imprensa.
No correr do tempo, o menino Afonso entrou pra história literária do nosso País, com o nome de Lima Barreto.
Lima, pai e mãe eram negros. E pobres.
Lima perdeu a mãe ainda no tempo de criança.
O pai de Lima morreu doido, num hospício.
O dia da libertação dos escravos, pra Lima, não teve maior importância.
Pra Lima, a Lei Áurea não libertou negro nenhum. E isso ele fez questão de dizer nos textos que escrevia para jornais e revistas. Os livros de Lima Barreto, 19 no total, são quase todos uma espécie de autobiografia.
Lima não casou, não teve filhos. E não casou por achar que mulher nenhuma o compreenderia.
E a depressão o pegou de calças curtas e sem dinheiro no bolso.
A imprensa régia teve fim em 1821.
Pobres sofrem.
Pobres negros sofrem mais.
Um país que insiste alimentar o racismo é um país pobre, no sentido pior do termo.