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segunda-feira, 31 de maio de 2021

UM CAUSO PRA SE CONTAR

Fausto e Dominguinhos
Faz um ano que a compositora e cantora pernambucana Anastácia habita a casa dos 80.

Ela nasceu em 1940. Contando os dedos…

Domingo 30 escrevi um texto sobre ela. Recebi vários telefonemas elogiando o texto e a brincadeira que fiz dizendo que a aniversariante já carrega consigo pelo menos 150 anos. HOJE É DIA DA BRASILEIRA ANASTÁCIA

Pois é, somando a idade de vida e a de carreira…

Essa mulher tem muito o que contar e nós muito a agradecer, pela alegria que nos dá com suas músicas.

Um dia ela me contou um causo. Disse que fora fazer um show num Estado que agora não me lembro, e um rapaz se aproximou pedindo uma entrevista. Pediu que esperasse, que depois do show faria.

Dito e feito.

O rapaz ligou o gravador e ficou falando com ela durante mais de uma hora.

E finda a conversa, perguntas respondidas, Anastácia perguntou de que jornal era a entrevista. E ele: “Não sou jornalista, sou seu fã”.

Fazer o que, né? Fã é fã.

Há uns 20 anos, talvez mais, o cartunista Fausto marcou encontro com o sambista Paulinho da Viola. O encontro ocorreu depois da passagem de som no palco do Transamérica, na Capital paulista.

O sanfoneiro Dominguinhos estava presente, ensaiando com  sambista.

Fausto entregou um livro e uma caricatura que fizera em homenagem a Paulinho. E Paulinho perguntou: “Você conhece Dominguinhos?”.

Paulinho apresentou Dominguinhos a Fausto e, conversa vai conversa vem, Fausto declarou-se fã do sanfoneiro e contou-lhe uma história. Disse que fora apaixonado por uma determinada menina e que essa paixão tinha como trilha musical o forró Eu Só Quero um Xodó, dele e de Anastácia, interpretado pelo baiano Gilberto Gil. Dominguinhos riu com seu jeitão de moço feliz e perguntou: “E a moça? Casou com ela?”.

Fausto riu amarelado, pego de surpresa e disse não. E Dominguinhos: “Que pena!”.

Baixa o pano.

OBRA PRIMA DE GABO COMPLETA 54 ANOS

Gabriel Garcia Márquez, Gabo pelos amigos chamado, tinha 37 anos de idade quando teve a ideia de escrever Cem Anos de Solidão.
Polido, segundo ele, nasceu pronto.
Mas há controvérsias.
Antes de concluir o livro que mudaria os rumos da literatura latino americana, Márquez publicou sete capítulos em diversos jornais e revistas do México, França, Colômbia e Argentina.
Fez isso para sondar o bolso dos leitores.
Cem anos de Solidão tem por base a Guerra dos Mil Dias e o Massacre dos Bananeiros, de 1928. E aí a história cresce, de modo fantástico.
Dezenas de personagens povoam as páginas do livro, a começar por José Arcádio Buendia e a sua mulher, Úrsula.
Ao lado de um grupo de sem terras, o casal inicia empreitada a procura de um lugar pra viver. E aí é criado, na base do mutirão, uma pequena povoação com o nome Macondo.
À medida que a família de José e Úrsula vai crescendo, crescendo também vai o povoado. E ai pronto: é quando o real se mistura, umbilicalmente, com a fantasia.
Pra variar Macondo é tomado pela Peste da Insônia.
Essa peste faz povo esquecer de tudo, dos objetos pessoais e até do nome. 
Quase tudo é ficcional, com base na história de guerras e levantes ocorridos na história de "nuestra" América.
Impagável é a presença do alquimista Melquiades, que morre e ressuscita. Igual a Prudêncio Aguilar, que tirou onda do patriarca e por ele foi morto. 
E o que dizer de Francisco, o Homem? 
Francisco é uma espécie de poeta repentista, que leva notícias de um povoado a outro. Ele é instável, mambembe. Todos gostam dele, como gostam dos ciganos que periodicamente aparecem no povoado vendendo tranqueiras e encantando com suas danças e magias. 
Até sanfona tem nessa história, além de um puteiro frequentado por viajantes e jovens da própria localidade. 
Há muito sexo entre os personagens. 
O grande destaque de Cem Anos de Solidão é Úrsula, espinha dorsal do clã por ela constituído. Ela dá ordens e toma a dianteira nos rumos traçados para o bem da família. 
Úrsula morre cega, com uns 120 anos. 
A obra de Garcia Márquez é recheada de citações a hábitos e lendas populares. Esses ingredientes também estão presentes nesse livro.
Gabriel Garcia Márquez nasceu na Colômbia e escreveu Cem Anos de Solidão no México, que foi lançado por uma editora argentina, precisamente no dia 30 de maio de 1967. Cinco anos depois, o autor era agraciado com o prêmio Nobel de Literatura.
Vou dizer o que todo mundo já disse, Cem Anos de Solidão é uma obra prima. E ponto final.