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domingo, 27 de agosto de 2023

O FAMOSO... QUEM?

 A velha frase de autoria desconhecida "quanto pior melhor" continua valendo. A constatação disso é fácil: basta um clique numa plataforma qualquer. E pronto!

É comum, mais do que comum, ouvir de outrem a pergunta sobre a morte de alguém que provoca celeuma: quem foi o famoso que morreu?

Isso me lembra dos falados 15 minutos de glória aludidos pelo mago da comunicação Andy Warhol.

Não era pra tanto, mas confesso que mais uma vez fui pego de calças curtas pela repercussão tsunâmica da morte de um cara famoso na periferia carioca pelas letras que punha numa coisa ritmada chamada de "funk". Esse cara, MC Marcinho, ocupou não sei quanto tempo as emissoras de rádio do Rio. Suas letras, ricas em baixarias, fizeram a cabeça de cantoras como não sei lá Popozuda. Há até quem o chamasse de "Príncipe do Funk" ou "Poeta do Funk". 

Gilberto Gil, cantor, compositor e ocupante de uma das cadeiras dos "imortais" da ABL, abriu a boca pra dizer com todas as letras Marcinho "marcou várias gerações".

O governador do Rio de Janeiro disse que o funkeiro foi o "cara" que mais contribuíu para o sucesso do rítmo nas plagas cariocas. Chegou a apontar que o funk nasceu no Rio.

O funk tem suas origens num ano qualquer da década de 1960, no Sul dos EUA.

Um dos principais artífices do funk foi James Brown.

Pois é, depois de ouvir o vice-presidente da República tecer loas sobre o funk chego à conclusão de que tudo é normal nessa vida de anormalidades.

Esse Marcinho, de batismo Márcio André Nepomuceno Garcia, morreu ontem sábado 26 aos 45 anos de idade. Era de Duque de Caxias, RJ.

O Jornal Nacional encerrou sua edição de sábado com a redação em silêncio. 

O Jornal da TV Cultura encerrou sua edição de sábado com o MC cantando um de seus sucessos. E por aí seguiu a repercussão da morte do artista. 

A morte faz parte da vida e vice-versa. Claro, como tal os mortos carecem da nossa atenção e respeito independentemente do sexo, cor, religião, posição política ou social. A questão aqui é: funk é arte?