Páginas

sábado, 10 de fevereiro de 2024

ADEUS SEBASTIÃO MARINHO!

Se existir Céu depois da nossa morte e se para lá formos pelo "bom comportamento" na Terra, é nesse lugar que o poeta repentista paraibano Sebastião Marinho está, a contragosto do Demo, se existir.
Para os católicos, o Céu é um lugar onde moram anjos, arcanjos e doidos em geral, como Deus. E é para lá, o Céu, que vão, depois da morte, os puros de alma e os corretos terrenos: nós.
Sebastião, Bastião para os íntimos, subiu para o andar de cima hoje 10 por volta das duas da madruga. O passamento ocorreu num leito de hospital do bairro paulistano de Vila Alpina. A causa mortis: falência múltipla dos órgãos.
Doeu, meu coração bate com tristeza. 
Natural de Solanea, Sebastião chegou em São Paulo no começo dos 70. Foi ficando, foi ficando, fundou União dos Cantadores Repentistas e Apologistas do Nordeste, UCRAN.
Foi um dos caras mais importantes da poesia popular feita ao som de viola. Deixou poucos discos gravados, mas uma legião enorme de seguidores e admiradores.
A última vez que falei com Sebastião, por telefone, faz umas duas semanas. A voz já estava cansada, falava pouco.
Cheguei a escrever, acho que em fins do ano passado, um poema sobre ele. Ele gostou e disse que não merecia tal texto poético. Rimos. Gravei esse poema e brincando ele perguntou se também podia gravar um poema que fiz pra Rolando Boldrin intitulado Sr. Boldrin
Tudo de bom desejamos, sempre, a Sebastião Marinho. Que Deus o tenha bem e que goste da beleza poética musical do Marinho, lá, ali, ao Seu lado: no Céu. E que nos esperem.
Ia-me esquecendo: a última vez que tive a alegria de abraçar Sebastião foi no dia 27 de setembro de 2022. Foi aqui em casa, quando eu completava 70 anos de idade. Presentes maestro Júlio Medaglia, o ex-ministro senador Aldo Rebelo, Flor Maria, Ana Maria, Anastácia, Moreira de Acopiara e tal.
É isso aí.


LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (73)

Cora Pearl
O estupro, além de provocar transtornos emocionais, quase sempre também leva a vítima à prostituição. Isso se acha em narrativas reais e fictícias.

Na década de 60 do século 19, na França, uma personagem inglesa do mundo real chamada Emma Elizabeth Crouch (1835-1886), para um público especial Cora Pearl, fez estrondoso sucesso se prostituindo. Antes de “cair na vida”, Elizabeth foi internada num convento de freiras na França e ao sair de lá foi estuprada por um desconhecido com mais do dobro de sua idade. À época, ela tinha 15 anos. 

Perdida, assustada, Elizabeth alugou um espaço em Paris e passou, então, a entregar-se aos homens para sobreviver.

Elizabeth Crouch morreu fora do território parisiense, em Monte Carlo, no ano do lançamento do livro no qual conta a sua história: Mémoires d’une Courtisane.

História parecida, só que na ficção, teve Madame Bovary.

Essa personagem de Gustave Flaubert (1821-1880), era interiorana e apaixonada por leituras românticas. Casou-se com um médico, foi infeliz, e suicidou-se depois de cair nos braços de um amante. 

Algo parecido, muito parecido aconteceu com Anna Karenina.

Anna Karenina, uma criação do russo Tolstói (1828-1910), matou-se atirando-se na frente de um trem.

Não é incomum  nos dias de hoje uma mulher usar o próprio corpo para galgar posições importantes na sociedade. 

Cristo ainda não havia nascido quando nasceu em Alexandria, então capital do Egito, aquela que seria a mais fulgurante e poderosa mulher do seu tempo: Cleópatra. 

Cleópatra integrava a dinastia ptolomaica. Seu pai Ptolomeu XII era grego.

Os homens da família de Cleópatra eram chamados de  Ptolomeu I, II, III, IV...

Sempre visando o poder, Cleópatra chegou a casar-se com dois de seus irmãos, Ptolomeu XIII e Ptolomeu XIV.

Incesto, não?

Incesto era uma prática comum e não punível na Antiguidade.

Jorge Amado

Na literatura antiga há muitos registros sobre o assunto. 

Sófocles, considerado pai do teatro grego, escreveu e levou à cena Édipo Rei. Nessa peça que Aristóteles classificou de "verdadeira tragédia", o personagem Édipo casa-se com a própria mãe, Jocasta, sem saber e com ela gera filhos. Quatro: Antígona, Ismênia, Etéocles e Polinice. 

Ao descobrir, surpresa, o incesto consumado, a mãe de Édipo se mata e ele desesperado fura os próprios olhos e sai zanzando perdido na escuridão. 

No mundo encantado dos orixás a chamada rainha das águas Iemanjá casa-se com um irmão e com ele tem um filho que finda por engravidá-la.

É tudo muito louco, não é?

Iemanjá,  no seu berço africano, era negra. No Brasil, é branca.

A obra de Jorge Amado (1912-2001) é toda recheada de personagens ligadas ao mundo dos orixás. Tereza Batista, por exemplo, é filha de Iansã.

Essa Tereza é protegida de todos os orixás, a partir do justiceiro Xangô.