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domingo, 23 de junho de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (108)

Pois é, não são poucas as histórias em que personagens femininas se dão mal.
Isso ocorre também num dos mais polêmicos livros de Aluísio Azevedo: O Homem, publicado em 1887. Nele, uma jovem de nome Magda se apaixona por Fernando. Os dois prometem se casar. É quando entra em cena o pai de Magda, também pai de Fernando. Detalhe: esses jovens não são filhos de uma mesma mãe. Fernando morre e Magda fica lelé. Fim trágico. Tem veneno na parada e mais não digo.
A ideia de pôr veneno em copos e pratos alheios sempre foi corrente nos contos e romances escritos mundo afora.
No livro Lágrima de Mulher, do mesmo Aluísio, tem disso. O caso envolve uma certa Rosalina e seu amado Miguel, moço pobre e apaixonado. Órfão e sem vintém, Miguel herda uma rabeca e o talento do pai. E por aí vai. O livro é de 1880.
Veneno há também na história que envolve Romeu e Julieta, não é mesmo?
E no enredo de Tristão e Isolda?
E com Peri de Ceci no famoso romance de Alencar?
Até nas histórias infantis o veneno se faz presente como na história A Branca de Neve e os Sete Anões. A personagem come uma maçã envenenada, morre e é ressuscitada com um beijo de língua bem dado por um príncipe que vivia sem fazer nada.
Nuns 10 ou 15 livros da escritora inglesa Agatha Christie (1890-1976) o veneno faz o efeito esperado, matando quem a autora quis. Num desses livros, Brinde de Cianureto, a autora põe na roda um casal e amigos para comemorar um aniversário. A aniversariante morre na hora ao ingerir um copo de bebida. Suicídio ou assassinato? A leitura é palpitante.
Na vida real, pessoas encontram no veneno o meio de desaparecer do mundo. São muitos e muitos casos. Incontáveis. Desde sempre.

O pai do socialismo científico, Karl Marx (1818-1883), em vida comeu o pão que o diabo amassou. Se não fosse o amigo Friedrich Engels (1820-1895), Marx não teria sido Marx. Engels o alimentava financeiramente, até mesmo após casar-se com Jenny von Westphalen.
Marx era um cidadão conservador, duro com os filhos. Foi pai sete vezes. Dessa ninhada sobreviveram até a fase adulta Jenny, Laura e Eleanor.
A caçula Eleanor teve fim trágico, suicidando-se ao tomar uma dose de ácido prússico.
Laura, das três irmãs a do meio, suicidou-se junto com o marido Paul, ambos também tomando uma dose de veneno, cianeto. Isso foi na França e, mais precisamente, no dia 25 de novembro de 1911.
Jenny foi dessas a única que não optou matar-se. Morreu vítima de câncer.
Marx, não custa dizer, seguiu exemplo de muitos machos do seu tempo e dos tempos atuais. Casado, traiu a mulher com a governanta. Dessa relação nasceu um varão: Freddy, que morreu em janeiro de 1929 com 78 anos de idade.
Causa-mortis de Marx: bronquite.
O veneno se apresenta nas formas mais variadas. 
Tem vários casos de pessoas que envenenam relações de outras pessoas, inventando mentiras.
Mais coisa brava, brava mesmo, ocorreu no período da caça a judeus e minorias diversas por Hitler.
Em Auschwitz, pelo menos 6.000 pessoas foram sufocadas e mortas pelo gás Zyklon B. Muitos livros contam essa história. O livro A Menina Que Roubava Livros, de Markus Zusak, por exemplo. Embora volumoso, com umas 500 páginas, o livro é de fácil leitura. Emociona. Tem palavrões aqui e acolá.
A Chave do Tamanho não tem palavrão nem veneno, embora faça referência ao nazismo é de Monteiro Lobato, publicado em 1942.
O nazismo é uma praga que jamais será esquecida. E que nunca se repita.
Bom, veneno por veneno…
No final do século 19 rolou um papo que dava conta de que Machado de Assis fora pai de um filho gerado pela mulher de José de Alencar. Hummm… Veneno puro cuspido pela língua ferina de Humberto de Campos (1886-1934). Mário, morreu em 1925. Era advogado e poeta.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora